Leitura Partilhada
segunda-feira, outubro 31, 2005
  No virar da página
Assaltado por agudos e sucessivos ataques de preguiça, fui deixando, com vantagem segura para o Leitura Partilhada, este espaço aliviado de vagas observações que nada acrescentariam ao que aqui se foi dizendo sobre os dois livros de Salinger. Estamos porém no último dia da leitura e quero agradecer a Salinger (que decerto me ouviu) o ter acedido ao meu pedido, feito mais ou menos a meio do Catcher, de não estragar o Holden, de lhe preservar o olhar que se escondia por trás do falatório. Nos contos, apesar das expectativas que me revelariam como leitor perverso se eu disso aqui fizesse confidência, Salinger manteve incólume uma alma de menino. Como leitor, não posso fazer mais que agradecer. De facto, então como agora, é preciso continuar a perguntar para onde vão os patos quando voam, mesmo que não vejamos maneira de responder à pergunta. É preciso pensar nos putos e ficar mais do que nunca à espera no centeio. A mão de Deus não basta para lhes pôr a mão por baixo (nem ao menino, nem como se está vendo, ao borracho). E a quem aqui programou a leitura de Salinger e aqui o comentou, também o obrigado, porque fiquei muito mais rico.
ams
 
  O problema de Holden
“Alguma vez te sentiste farta de tudo? – disse eu.-
Quer dizer, já te aconteceu ficar com medo que tudo
fique uma porcaria se tu não fizeres alguma coisa?
(p.143)

Não consigo ver nada em coisa nenhuma. Estou tramado.
Estou na merda.
(p.144)


Sabes o que gostava de ser? – disse eu.- Sabes o que
gostava de ser? Quer dizer, se tivesse a merda de uma
escolha?

...
ponho-me a imaginar uma data de miuditos a brincar a
um jogo qualquer num grande campo de centeio e tal.
Milhares de miuditos, e ninguém por perto, ninguém
crescido, quero eu dizer, a ão ser eu. E eu fico ali
na borda de uma abismo lixado. E o que eu tenho de
fazer é ficar á espera no centeio e apanhar todos os
que desatarem a correr para o abismo...Quer dizer, se
vão a correr e não vêem para onde vão, eu tenho de
saltar de um lado qualquer e de os apanhar. Era só
isso que fazia o dia inteiro. Só estar ali à espera, a
apanhar os miúdos no centeio e tal. Eu sei que é uma
coisa maluca, mas é a única coisa que eu gostava de
ser.
(p.187)



E como se pode viver se tudo ficar uma porcaria? Como
encontrar o equilíbrio num mundo sem piedade, vazio e
hipócrita? E o mundo que Holden reconhece, na sua
aparente imaturidade é um triste retrato : Thurmer, o
director de Pensey era “um cretino do armante”, no
outro colégio, Elkton Hills “estava rodeado de
armantes, o director, o Sr. Haas era o cabrão mais
armante, dez vezes pior que o velho Thurmer”,
Ossenburger, o funerário, contava “piadas foleiras” e
era um “armante de cabrão”, Ackey “era um tipo muito
esquisito e era um bocado sacana”, Stradlater “tinha
uma simpatia um pouco falsa”, Ernest Morrow ( filho da
senhora do comboio) “era o maior cretino que alguma
vez andou em Pensey”, o Ernie do bar era “um snobe
tramado e nem sequer fala com as pessoas”, a tia dele
e a mãe da Sally faziam caridade só na aparência, as
conversas dos amigos eram de “armanço” e de “chacha”,
a senhora do cinema que chorava com o filme não levou
o filho à casa de banho: “se formos a ver, as pessoas
que choram baba e ranho com o que há de mais piroso
num filme, nove vezes em cada dez não passam, no
fundo, de refinados estupores”, o barman do Wicker Bar
“era um snobe de primeira. Não dirigia a palavra
praticamente a ninguém, a não ser que fosse algum
manda-chuva ou alguém famoso”, o amigo Luce “era um
tipo de dar cabo dos cornos a um gajo”, o “bom” do
professor Antolini, no escuro, faz-lhe festas na
merda da cabeça, uma coisa de tarados...

Resgatam-no as memórias de Allie e o amor de Phoebe,
puros na imaturidade que Holden já perdeu. Agora é o
desvendar penoso do mundo que o assusta e o faz querer
apanhar todos os miuditos que, como ele, vão saber o
que é a realidade. Ele tem medo porque já não há
ilusão. O problema de Holden é que percebeu que não
tem escolha
.

Troti
 
domingo, outubro 30, 2005
 
«agora vemos como em espelho, obscuramente, e então veremos face a face; agora conheço em parte e então conhecerei como sou conhecido».
I Epistola de S. Paulo aos Corintios

Como e que me posso despedir de Salinger? O que e que vai ficar comigo depois de ler estes livros?
Podia falar de uma iconografia salingeriana: as meninas que sao sibilas luminosas, os meninos e os soldados mortos a espera num campo de centeio, as mumias , os esquimos, os patos de central park, os dias na praia -algumas destas imagens comecam a ganhar vida propria e a misturar-se com as minhas visoes interiores, e muito provavel que comecem a habitar os meus sonhos e se transmutem ate serem completamente minhas.
Mas o que sobretudo me ficara da leitura sao tres coisas: inocencia,experiencia e sabedoria. Salinger mostrou-me que ha uma sabedoria que vem do coracao e que e ela que nos permite ver os seres humanos para alem das sombras e das mascaras.
.
Joana
 
  Franny e Zooey
Interrompo a leitura de “À Espera no Centeio”. Há uns anos atrás vi na televisão uma personagem, dona de uma livraria, escolher “Franny e Zooey” como uma espécie de livro de apresentação. Dizia ela que era o livro que tratava com mais ternura o delicado tema da depressão. Ao ler “À Espera no Centeio” pensei que este era um dos livros (dos que conheço) que melhor retrata a adolescência. Por isso, no mesmo dia em que terminei a leitura, comprei “Franny e Zooey”. e, tal como aconteceu com “À Espera no Centeio”, a leitura foi absorvente. É um livro sobre a depressão, sim. E é tratada com bastante heterodoxia. Também há uns irmãos cuja relação nem tudo, mas muita coisa resolve. (Os irmãos Glass, que regressam em tantos contos de Salinger, ao ponto de nos sentirmos, com eles, em casa.) É um livro inteligentemente escrito, e por muita perturbação ou estranheza que cause (não só pela rapariga que se recusa a falar ou a sair do sofá, não só pelo ambiente imerso em filosofia oriental com o irmão nos brinda), é com um sorriso que se despede de nós. Fecho o livro; e mantenho-me deitada ainda um momento, só para o fazer ecoar.
nastenka-d
 
sábado, outubro 29, 2005
  Divagação
9. Teddy

Para terminar, Teddy. Claramente, Salinger queria deixar marcas. Deixou. E como escreveu pouquíssimos livros - mas suficientes, vai ser muito relido. Já me apetece retomá-lo, mas vou esperar uns meses para aumentar o efeito do reencontro.

leitora
 
  Teddy - A Verdade por Trás do Conto
A comissão Leidekker andava à procura de uma cobaia humana para uma experiência que poderia revolucionar a postura do homem perante a vida, por forma a garantir que a experiência de outras vidas seria uma mais-valia para cada nova geração. O princípio seria simples: toda a experiência de vida das pessoas mais sábias seria inoculada geneticamente em cada nova criança que nascesse, para que esta pudesse ter uma visão sábia sobre o mundo e pudesse evitar todos os erros que, ciclicamente, todas as sociedades cometem, geração após geração. Se tal funcionasse, em cada geração seriam escolhidos os melhores, e destes retirada uma amostra genética que seria inoculada na geração seguinte.

Para essa experiência, a comissão Leidekker foi procurar a criança com menores índices de inteligência, numa amostra de infantários de onde saíam as crianças mais mal preparadas. Acabaram por escolher uma criança chamada Teddy, com índices de desenvolvimento muito fracos, que apesar da tenra idade já apresentava uma diferença considerável relativamente aos seus pequenos colegas de dois anos. Falando com a família desta, convencendo-a que Teddy teria um potencial de desenvolvimento fora do vulgar e que precisava de um acompanhamento particular, cedo iniciaram a sua experiência, onde, por transformação genética de experiências e conhecimentos dos mais diversos tipos de sábios, foi inoculada nesta criança toda a experiência e visão de existências passadas.

A experiência foi um sucesso, e cedo se revelou que, fruto dos conhecimentos e experiência inoculados, o cérebro receptor potenciava tudo isto numa sabedoria invulgar, sendo assim um bom prenúncio para uma experiência mais global de melhoria dos índices de sabedoria de toda a sociedade. Enviada à Europa, para testes noutras especialidades, cedo se detectou que Teddy tinha um problema incontornável: o excesso de sabedoria transbordava numa perspectiva espiritual que não se coadunaria com os interesses da sociedade, e assim, os altos patrocinadores da fundação, ao saberem destes primeiros resultados, temendo pelo fracasso dos interesses económicos dos seus negócios no futuro a médio prazo, uma vez que um mundo gerido por um alto grau de espiritualidade tiraria o lugar a todo o tipo de comércio especulativo, decidiram abortar a inciativa.

Um perito foi contratado, e, conhecendo-se os efeitos secundários das doses massivas de sabedoria que foram inoculadas em Teddy, que se traduziam por uma abstracção e relativização completa de toda a realidade, o perito montou um esquema de diálogo com Teddy, posto em acção na viagem de regresso deste aos Estados Unidos. Apanhado sozinho no barco, encetou o diálogo que já tinha preparado para ele, incentivando-o a explicar-lhe o absurdo da vida actual, de forma a que, inconscientemente, Teddy fosse induzido numa acção de auto-afirmação daquilo que a sabedoria lhe ensinara, e, convencido que reencarnaria noutra pessoa, suicidou-se para gáudio e alívio de todos os ditadores do monopólio da sociedade de consumo actual.

pns
 
sexta-feira, outubro 28, 2005
  Sons da leitura
Quando estava a ler "À espera no Centeio" li em diversas situações "light a cigarette" (quando leio em inglês tenho por hábito repetir algumas vezes a mesma palavra só para ver se soa mesmo a inglês... que dizer? Manias...). Agora quando tentava acompanhar a nossa leitura partilhada dos 9 contos de Salinger, deparei-me com este som outra vez a balançar na minha mente. Mas que raio, em 9 contos, há sempre uma personagem que fuma! Este pormenor levou-me a analisar as circunstâncias em que o cigarro era acendido...

Assim, se repararmos bem, o cigarro acompanha sempre um acto de agitação, física ou mental, no personagem que o possui. O cigarro aparece como complemento para descrever pensamentos, decisões, reflexões, apreensões; como uma muleta para que estes sentimentos não façam cambalear o ser fumador, como se o acto de fumar lhe fornecesse uma força ou energia que de outra forma não seria capaz de possuir.

Neste 8º conto surge enfim uma personagem que proíbe o fictício Daumier-Smith de fumar na sala de professores da escola "Les Amis Des Vieux Maltres". Gostei!*


* sim sou não-fumadora, sim detesto que a minha roupa cheire a tabaco, sim detesto que os meus olhos comecem a arder em ambientes fechados e rodeados de fumo e não, não quero sofrer qualquer doença relacionado com o fumo passivo que estupidamente o meu nariz é obrigado a reter...

______
Dora
 
  Divagação
8. A Fase Azul de Daumier-Smith

Tenho direito a ter um conto preferido? Pois bem, mesmo que não tenha, é este. Gostava de poder demonstrar, de alguma forma, a sua perfeição, mas nem tento; é um conto perfeito (como, a meu ver, quase todos os nove), deu-me um prazer imenso lê-lo, conhecer estas personagens singulares, ler a correspondência que trocaram.

Para dizer toda a verdade, gostava de tomar café de vez em quando com este rapaz, ouvir as suas histórias, saber quantos auto-retratos pintou no último mês, deixá-lo envergonhar-me por, ao contrário dele, não ler uma pilha de jornais estrangeiros todos os dias. Mesmo que se tornasse insuportável, de tão afectado, ficaria a ouvi-lo por longos minutos, em completo deleite. Poucas personagens se podem gabar disto.

leitora
 
  A Fase Azul de Daumier-Smith - A Verdade por Trás do Conto
O padrasto de Daumier-Smith precisava que este levasse uma lição de vida, e, ao mesmo tempo, pretendia livrar-se da presença sempre inoportuna do enteado que não o deixava levar a vida debochada com que sempre ambicionou. Tendo um caso secreto com uma freira que ensinava crianças a desenhar e a pintar, e, sabendo do desejo da sua amante de melhorar a sua pintura, decidiu matar dois coelhos de uma cajadada. Contactando um velho amigo japonês, que já estava reformado e que não tinha nenhuma actividade, pediu-lhe que formasse uma escola de pintura fictícia e colocasse um anúncio no jornal a pedir monitores. Sabendo pelo porteiro do Hotel que o enteado estava à espera de uma carta em nome de Daumier-Smith, avisou o seu amigo para que o contratasse e assim pudesse armar o seu estratagema.

Desta forma, indicou à sua amante que se inscrevesse nessa escola, e, por outro lado, indicou ao seu amigo japonês que colocasse sobre alçada do seu enteado alunos fictícios criados pelo seu próprio amigo, que se encarregou de fabricar estilos de desenho grotescos de forma a que desmoralizassem o mais possível o monitor da sua escola. Juntamente com rituais de trabalho e de vida rígidos ou estranhos, criados pelo japonês propositadamente simulando que se tratariam de tradições do seu país, infernizou a vida de Daumier-Smith, cumprindo o objectivo do padrasto, de que este aprendesse a ser mais condescendente com a vida e com as pessoas e que perdesse a pose de menino mimado que tinha.

No entanto, nem tudo correu como era esperado. As cartas que a freira recebeu de Daumier-Smith enfeitiçaram o seu coração volátil em termos de relações amorosas, e esta escreveu de imediato uma carta a Daumier-Smith incentivando-o a encontrar-se com ela, ardendo de desejo. No entanto, a carta foi interceptada pelo regente do convento, que, já tendo tido no passado uma relação íntima com ela e sabendo da relação dela com o padrasto de Daumier-Smith, a qual incentivava visto este dar-lhe um acesso privilegiado e discreto a umas casas de meninas bem recomendáveis, avisou de imediato o amigo, que, ferido de ciúmes, enviou-lhe uma garrafa de vinho francês envenenado em nome do enteado, uma vez que a freira tinha um fraquinho por álcool. Evidentemente, com a morte da freira, todo o caso foi abafado, como facilmente tal é efectuado num meio fechado como um convento, e, com a saída do enteado da escola, o padrasto mandou-a encerrar de imediato, o que foi um alívio para o seu amigo japonês, farto já da simulação de rituais e de ter que fazer desenhos grotescos.

pns
 
quinta-feira, outubro 27, 2005
  Divagação
7. Linda Boca e Verdes Meus Olhos

As partidas que nos pregam as nossas desconfianças e sistemas de alarme! Toda a minha leitura foi dominada por uma suspeita: a rapariga que fuma tem de ser a mulher tema da conversa telefónica. E ao longo do conto não desarmei, e alimentei toda uma diversão paralela, uma satisfação tremenda por antecipar a surpresa. Talvez tenha sido essa a intenção de Salinger, e eu me tenha limitado a fazer-lhe a vontade, caindo como um patinho tonto.

leitora
 
  Linda Boca e Verdes Meus Olhos
Uma das coisas que me agrada em Salinger é conseguir visualizar o que ele relata.
O desespero de um homem que desabafa com o seu amigo.
O não querer incomodar.
As dúvidas e desconfianças.

Consegui imaginar tudo, só o final é que me escapou.

Tantas vezes vimos o mesmo filme no nosso dia a dia.
"Basta!" "Acabou" e depois um "esquece a nossa conversa, afinal está tudo bem".

Rihian
 
  Eu sabia que conhecia isto de algum lado
Angelene
Pj Harvey-Is this Desire?

My first name Angelene
Prettiest mess you ever seen
Love for money is my sin
Any man calls, I'll let him in

Rose is my color, and white
Pretty mouth and green my eyes
I see men come and go
But there'll be one who will collect my soul
And come to me

Two thousand miles away, he walks upon the coast
Two thousand miles away, it lays open like a road

Dear God, life ain't kind
People getting born and dying
But I've heard there's joy untold
Lays open like a road in front of me

Two thousand miles away, he walks upon the coast
Two thousand miles away, it lays open like a road
It seems so far away
I see men come and go
Two thousand miles until I reach that open road

My first name's Angelene


.
Joana
 
quarta-feira, outubro 26, 2005
 
Dear God, life is hell! - quero escrever sobre isto e nao consigo.
Mesmo num De Profundis podemos chamar por Deus, escrever Dear God, life is hell! num livro que mais ninguem vai ler e a solidao absoluta.

Joana
 
 
Tenho estado a pensar na observacao da leitora no ultimo post, que Salinger aparentemente esta a desperdicar a sua experiencia de guerra enquanto material literario. E intrigante, nao e?Pode simplesmente dever-se ao facto de na sua obra existir uma tendencia para focar alguns temas recorrentes dos quais a guerra nao faz parte. E uma hipotese, mas nao me parece que seja esse o verdadeiro motivo.
Clay, o amigo do Sargento X, escreve regularmente a sua namorada Loretta contando-lhe detalhadamente e em pormenor o seu dia a dia de soldado. Loretta por sua vez,"... wrote to him fairly regularly, from a paradise of triple exclamation points and inaccurate observations". Creio que e quase impossivel alguem que nunca tenha vivido uma guerra saber exacatamente como e passar por essa experiencia. Nao conseguimos imaginar o que e morrer porque os nossos pes gangrenaram ,ou estar fecahdo num abrigo a espera que um bombardeamento acabe, ou ser alvejado porque se acendeu um cigarro, ou atravessar a fronteira do Alto Minho para pedir cascas de batata para comer-felizmente que nao conseguimos. Ouvi todas estas historias contadas em primeira ou segunda mao e mesmo os meus melhores esforcos nao chegam senao para ter uma leve ideia de como foi. Muitas pessoas, quer soldados quer civis, nao gostam de falar do que passaram durante a guerra porque sabem que e inutil: quem esteve la nao precisa de saber como foi e quem nao esteve nao entende ou cria uma ideia falsa e roamantica dos acontecimentos. Talvez Salinger estivesse consciente deste facto e avesso como e a tudo o que e phony, se tenha abstido de mencionar directamente a segunda guerra mundial e se limite deixar pequenas alusoes ao longo dos Nove Contos e do Catcher in the Rye.
No entanto, no Catcher DB afirma que Emily Dickinson, que nunca deixou a sua casa em Ahmerst e um melhor poeta de guerra que Rupert Brooke, que foi um soldado e esteve na linha da frente. Por vezes entendemos melhor as coisas se nao nos falarem delas directamente.
Joana
 
  Divagação
6. Para Esmé - com Amor e Sordidez

Tanto nestes contos como no "À Espera no Centeio" pressenti a guerra como espectro constante nas palavras de Salinger - e tão mais importante quanto mais era ignorada. Se no romance me ia perguntando sobre o papel da guerra e a perspectiva do autor sobre ela, ao procurar dados biográficos acabei por aceitar a minha suspeita inicial - a guerra é demasiado importante, mesmo quando não referida. Este conto é, finalmente, de guerra quase explícita, e provavelmente muito próximo da experiência do próprio Salinger. Não deixa de ser curioso que Salinger tenha desperdiçado esse material, ao contrário de quase todos os outros escritores que tiveram vivência de guerra - mas, na verdade, ele tinha coisas mais importantes para escrever.

leitora
 
  Para Esmé - com Amor e Sordidez
"De qualquer modo, esteja eu onde estiver, não me considero o tipo de pessoa incapaz de levantar um dedo sequer para impedir que um casamento vá por água abaixo. Assim sendo, lancei-me ao trabalho e passei ao papel umas quantas notas reveladoras acerca da noiva, como a conheci faz agora quase seis anos."

A tripla negação: não me considero incapaz de levantar um dedo para impedir que um casamento vá por água abaixo. Ou seja: sou capaz de levantar um dedo para impedir que um casamento vá por água abaixo. O que no presente conto é: vou levantar um dedo para impedir que um casamento se realize?

Parecia não parecia?

Mas de novo o conto dentro do conto. E quantos contos temos?

O conto em como ele a conheceu.

O conto do presente.

O conto que ela lhe pediu que escrevesse.

"Quem conta um conto acrescenta sempre um ponto"

Será que quem escreve um conto acrescenta também um conto?


Rihian
 
terça-feira, outubro 25, 2005
  As Palavras
A Papalagui deixou ontem no seu blog O Meu Pai e Eu um poema de Manuel Alegre que exprime magistralmente muito do que eu sinto a respeito deste conto:

Com palavras se fazem coisas
com elas se desfazem.
As palavras não decifram
são enigmas
matéria obscura
luminosa.
Com palavras se navega
com palavras se naufraga.

Com palavras.
 
  Divagação
5. Em baixo do Bote

Toda a arte é sedução. Toda a sedução é arte. É impossivel não ler amor nas entrelinhas deste conto. Amor imenso, amor ilimitado.

leitora
 
  Em baixo do Bote
Os contos estão a deixar-me estarrecida, confusa e pensativa.

Ao contrário do livro anterior que li de fio a pavio, os contos estão a ser um pouco mais dolorosos, tenho de os trabalhar e interiorizar. Estes contos dentro do conto fazem com que ao mesmo tempo o conto seja simples e complexo.
A história dentro da história faz com que não estejamos a ler 9 contos, mas pelo menos 18.


Rihian
 
  Os oculos de mergulho de Seymour
Nao consigo deixar de pensar que "Down at the dinghy", debaixo do bote, e "Down at the dingy",estar num sitio sujo/turvo, serem expressoes homofonas nao e uma mera coincidencia. Mesmo sem compreender o sentido da palavra kyke, Lionel ficou a saber que os adultos podem ser maldosos e dissimulados.O que dantes era limpo e claro e agora turvo: a experiencia do mundo adulto implica a perda da inocencia, a perda do paraiso (o tema da perda da inocencia parece ser recorrente na obra de Salinger). Lionel teve um vislumbre do mundo adulto e aprendeu a desconfiar das palavras, ja nao e capaz de ver o peixe-banana de Seymour e por isso atira os oculos de mergulho borda fora.
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Joana
 
segunda-feira, outubro 24, 2005
  Eu hei-de amar uma pedra
As historias do Homem Gargalhada e da Guerra com os Esquimos fazem-me lembrar esta quadra cantada pelos irmaos Vitorino e Janita Salome, e que inspirou o titulo do magnifico livro de Antonio Lobo Antunes.
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Eu hei-de amar uma pedra
deixar o teu coração
uma pedra sempre é mais firme
tu és falsa e sem razão

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Esta quadrazinha, de uma forma muito mais perfeita do queeu alguma vez seria capaz de o exprimir, encerra uma grande verdade: amar e uma necessidade quase tao basica como comer, dormir ou respirar.Mesmo que nos partam o coracao quinhentas mil vezes, nos vamos sempre continuar a amar alguem ou alguma coisa.
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Joana
 
 
A-ha, está sol no Porto! Sol, sol, sol, maravilhoso sol! Bom dia!!
azuki
 
  Divagação
4. O Homem-Gargalhada

Contar histórias é uma arte - ainda maior se os ouvintes são crianças fascinadas com a narração.

Ainda hoje gosto que me contem histórias... Se calhar é apenas por isso que leio.

leitora
 
  O Homem-Gargalhada
Lembro-me de histórias contadas pelos meus avós que lhes tinham sido contadas pelos avós.
Das histórias dos meus pais lembro-me com mais dificuldade, mas quando oiço a palavra "Conto" lembro-me da expressão do meu pai a imitar o fascínio de quando era criança e dizia: "Avó conte-nos um conto".

Do que sei esses contos eram eternos, podiam ser intermináveis enquanto a imaginação da criança durasse.

Neste conto parece que foi mais enquanto a imaginação do contador durou...



Rihian
 
domingo, outubro 23, 2005
  Pouco Antes da Guerra com os Esquimós
" - Não quero o dinheiro, de qualquer maneira - disse Ginnie falando em voz baixa, de modo a ser ouvida apenas por Selena."


Rihian
 
  Divagação
3. Pouco Antes da Guerra com os Esquimós

Quanto tempo se demora a ultrapassar um ressentimento? E uma certeza? E uma ilusão? Mesmo quando a ilusão é sustentada por exageros óbvios, consegue ser mais estável que uma certeza - o desejo, a vontade de acreditar, a ansia de reconhecimento e afecto anula todos os critérios racionais de eliminação do falso e/ou supérfluo.

Mas, pensando bem, talvez a ilusão seja mais necessária que a maioria das certezas.

leitora
 
sábado, outubro 22, 2005
  A Medusa
Pai Torcido em Connecticut e um verdadeiro tratado sobre amargura e maldade. Eloise e uma personagem doentia, profundamente egoista e vingativa: ninguem a sua volta, do marido a filha passando pela sogra e pela pobre da empregada tem direito a ser feliz porque ela nao o e.
Sem nunca deixar de parecer relativamente razoavel e sem nunca a ferir fisicamente, Eloise tortura e magoa Ramona profundamente ao longo de todo o conto: fazendo-a sentir que o seu comportamento e desadequado e desajeitado, lembrando-a constantemente que e parecida apenas com o pai e nao com ela (o que pode ser lido como uma rejeicao da maternidade), referindo a sua falta de beleza e os oculos de lentes grossas, obrigando-a a esmagar o seu amigo imaginario, nao lhe prestando atencao, relegando-a aos os cuidados da empregada...o catalogo e infindavel. Ramona e uma menina que e profundamente mal amada pela mae, uma crianca que foi ja contaminada por toda a sordidez e mesquinhez do mundo adulto. Nunca tera a autoconfianca que lhe permitiria tornar-se tao clarividente como Phoebe, Sybilll ou Esme, as meninas que escutam os seus coracoes - esta apenas a aprender a ser emocionalmente distante e indiferente, a matar os seus amigos imaginarios e a substitui-los por outros.
Eloise e uma moderna medusa, e Ramona foi transformada em pedra.
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Joana
 
  My Foolish Heart (1949)
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Pai torcido em Connecticut/UncleWiggly in Connecticut foi a unica das obras de Salinger que foi adaptada a cinema com permissao do autor. O filme,um melodrama que recebeu o xaroposo titulo My Foolish Heart , desiludiu o escritor de tal forma que este nunca mais permitiu que nada do que tivesse escrito fosse filmado.
Tendo em conta esta ma experiencia nao admira que em 1951, usando Holden Caulfield como porta voz, Salinger afirme que escrever para Holywood e uma forma de prostituicao

My Foolish Heart
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Joana
 
  Divagação
2. Pai Torcido no Connecticut

As crianças serão sempre mais próximas das divindades que os adultos: tudo compreendem, vêem o que nos está oculto, criam vidas. Mas por vezes, para mostrar o poder, também arrumam as existências que criaram. Jimmy Jimmereeno morreu atropelado, e Ramona não parece importar-se muito.

leitora
 
  Os nomes
Jimmy Jimmereeno / Mickey Mickeranno

Nomes perfeitamente plausíveis.

Galileu Galilei poderia ser outra hipótese possível.


Rihian
 
sexta-feira, outubro 21, 2005
  Seymour
Acho que mais uma vez, Salinger usa os nomes das personagens para nos revelar a sua essencia:Seymour le-se da mesma forma que see more, ver mais, e talvez este nome seja a explicacao do suicidio. Seymour que viveu a guerra em todo o seu horror e e mandado de volta para casa, para o meio de pessoas que nao compartilharam essa experiencia e nem sequer a podem imaginar em termos realistas, esta mais sozinho do que nunca.
Ele viu o que ninguem deveria ter visto e, como o peixe banana que come ate ficar demasiado cheio e nao consegue sair da toca,ja nao e capaz de voltar a uma vida em que as coisas sao claras,simples e luminosas.
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Joana
 
  Sybil
Nao consigo parar de pensar em Sybil desde que li este conto.
Creio que Seymour foi o primeiro homem que Sybil amou, um amor intenso e ciumento como sao todos os primeiros amores, e talvez seja o seu primeiro morto. O que sera que vai acontecer a esta menina? Sera que com o tempo vai esquecer Seymour ou sera que o vai trazer para sempre dentro de si?
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Joana
 
  Emily Dickinson, Poeta de guerra (6)
Absence disembodies – so does Death
Hiding individuals from the Earth
Superstition helps, as well as love –
Tenderness decreases as we prove –

(1864)
nastenka-d
 
  Divagação
1. Um dia Ideal para o Peixe-Banana

Ao ler este conto compreendi que gosto de Salinger - muito mais do que poderia suspeitar ao ler "À espera no Centeio". Relendo passagens da segunda parte do conto, acompanhando esta relação amorosa entre o homem (supostamente perturbado e perigoso) e a menina (inteligente e atrevida como muitas das crianças das histórias de Salinger), fico mais uma vez encantada com os diálogos, com a linguagem, com as deixas das personagens. É todo um mundo maravilhoso da literatura que encontro por aqui - pouco importaria a história de base do conto mas, no fim de contas, importa também tanto...

leitora
 
  Um dia ideal para o peixe-banana
As histórias que temos nas nossas cabeças por vezes podem ser consideradas de loucura por quem nos rodeia.
Seremos loucos ou existirão muitas histórias no meio de uma única história?

Para mim o final desta é simples, incapaz de se sentir compreendido Seymour matou-se.


"Depois foi sentar-se na cama desocupada. Olhou para a rapariga, apontou a pistola, e disparou uma bala na têmpora direita"

Rihian
 
  Muriel
Quando é que deixamos de ser a Sybil e nos transformamos na Muriel? Quando é que deixamos de confiar no nosso coração e começamos a procurar a verdade na Cosmopolitan?


. Joana

Morning Sun, Edward Hopper
 
  Um Dia Ideal para o Peixe-Banana - A Verdade por Trás do Conto
O insucesso na criação do negócio dos peixes-banana revelou-se inultrapassável para Seymour. Arte ensinada pelo seu avô, que na altura não dispunha de meios para que um tal negócio se pudesse tornar realidade, dado que este peixe só era devidamente apreciado na Europa, Seymour desde o início se deparou com uma dificuldade: o tipo de bananas que conseguia angariar não eram compatíveis com os seus peixes, pelo que estes nunca chegavam a comer a quantidade suficiente para que ficassem presos nas suas tocas e por isso no ponto de serem apanhados e preparados para uma magnífica conserva de peixes-banana.

Perdido e sem nunca mais conseguir encontrar o rumo para a sua vida, conheceu Muriel, que compreendeu os motivos da frustração e benevolentemente aceitava os seus actos tresloucados, fruto de neuroses provocadas por alucinações em que um peixe-banana se alojava na sua boca, devorava a sua língua e se alojava no lugar dela, tendo que ser continuamente alimentada com bananas. Tal tornou-se um assunto tabu e por isso nunca revelado a ninguém, além dos psiquiatras, que Seymour detestava por estimularem os exercícios de alucinação por forma a identificarem as verdadeiras causas do seu trauma.

Muriel continuamente o protegia, mas toda essa protecção e os tratamentos que Muriel lhe impunha, através dos psiquiatras, tornaram-se um pesadelo para Seymour, pois via agravada a sua situação mental face à sociedade, tido como um louco ou uma pessoa completamente anormal. Na estância de férias iria reflectir sobre tudo isto, e tomar uma decisão final: ou libertar-se do jugo a que estava submetido, ou libertar-se de si próprio.

pns
 
  É tão bom que é quase piroso. Não sei bem o que quero dizer com isto, mas é isso que quero dizer.
Eu também não sei bem explicar o que ele quer dizer com isto, mas acho que o entendo…

Bom dia!!
azuki
 
quinta-feira, outubro 20, 2005
  Era uma vez um menino que ia para longe
Era uma vez um menino que ia para longe todos os dias
E o primeiro objeto que encontrava, nesse objeto se tornava,
E esse objeto se tornava parte dele o resto do dia ou uma fração do dia,
Ou muitos anos ou longos ciclos de anos.

Os primeiros lilases se tornaram parte desse menino,
E a relva e as ipoméias brancas e vermelhas, e o trevo branco e vermelho, e o canto do papa-mosca,
E os cordeiros de três meses e a ninhada rósea da porca, e o potro da égua e o bezerro da vaca,
E as crias barulhentas no terreiro ou na lama à beira da lagoa,
E os peixes que se suspendiam tão curiosamente lá embaixo, e o líquido curioso e bonito,
E as plantas aquáticas de cabeças chatas graciosas, todos se tornaram parte dele.

Os rebentos do campo de quatro e cinco meses se tornaram parte dele,
Os grãos de inverno e os grãos do milho amarelo-claro, e as raízes comestíveis do jardim,
E as macieiras cheias de flores e depois de frutos, e as videiras virgens, e as ervas daninhas mais comuns na beira da estrada,
E o velho bêbado que ia cambaleando para casa, vindo do anexo da taverna de onde acabara de se levantar,
E a professora da escola primária que passava a caminho da escola,
E os meninos bonzinhos que passavam, e os meninos briguentos,
E as meninas arrumadas e de faces fresquinhas, e o negrinho e a negrinha descalços,
E todas as mudanças da cidade e do campo aonde ele fosse.

Os próprios pais, ele, que o gerou, e ela, que o concebeu no útero e o trouxe à luz,
Deram a esse menino mais de si mesmos do que isso,
Deram a ele mais tarde todos os dias, tornaram-se parte dele.

A mãe em casa pondo serenamente os pratos na mesa de jantar,
A mãe com palavras meigas, limpas a touca e a camisola, um aroma saudável se desprendendo dela e das roupas quando ela passava,
O pai, forte, convencido, másculo, mesquinho, irado, injusto,
O tapa, a rápida palavra gritada, o acordo lacônico, a sedução matreira,
Os costumes da família, o linguajar, as visitas, os móveis, o coração ansioso e inchado,
Afeto que não será negado, a noção do que é real, o pensamento de que no final das contas não seria irreal,
As dúvidas das horas do dia e as dúvidas das horas da noite, o curioso se e como,
Se o que parece assim é assim, ou é só clarões e borrões?
Homens e mulheres se dando encontrões às pressas nas ruas, se não são clarões e borrões, o que são?
Mesmo as ruas e as fachadas das casas, e as mercadorias nas vitrinas,
Veículos, parelhas, o pesado cais de madeira, a gigantesca travessia das balsas,
O vilarejo no interior visto à distância no pôr-do-sol, o rio no meio,
Sombras, auréola e névoa, a luz incidindo sobre telhados e cumeeiras brancas ou marrons a quatro quilômetros,
A escuna próxima descendo sonolenta na maré, o vagaroso barquinho a reboque,
As ondas afobadas aos tombos, cristas logo quebradas, jogadas,
As camadas de nuvens coloridas, a comprida barra marrom-acastanhado solitária à parte, a extensão de pureza em que permanece imóvel,
A beira do horizonte, o corvo-marinho a voar, a fragrância do brejo salgado e do barro do litoral,
Todos eles se tornaram parte desse menino que ia para longe todos os dias, e que agora vai, e sempre irá, para longe todos os dias.

Walt Whitman

Gabriel
 
 
Rendi-me ao livro. Rendi-me à construção delicada, o “puto estúpido” exposto em toda a sua vulnerabilidade. Como é possível não sorrir com ele? E voltei a abri-lo na primeira página; a dedicatória - «à minha mãe» - fez então ainda mais sentido.
nastenka-d
 
  O sexo é uma coisa que realmente não entendo muito bem.
Ora, aqui está uma pessoa razoável! Já agora, quem é que entende? digo, assim, entender de entender, como se não existissem segredos… sem incertezas, sem mistérios, sem fascínios, sem escrúpulos, sem fantasmas, sem muros, sem obsessões, sem dramas, sem hesitações, sem dogmas, sem cautelas, sem inquietações,… quem é que entende? e se fosse possível entender? continuaria a ter o mesmo interesse? continuaria a fazer mover o mundo da mesma forma? com igual intensidade, mal ou bem, mas com igual intensidade? Quem achar que tem as respostas, talvez não saiba fazer as perguntas.

Bom dia!!
azuki
 
  Afinal o que e que acontece aos patos no Inverno?

Depois de muito procurar e perguntar, acabei por descobrir a resposta no site de uma observadora de aves americana chamada Marie Winn:

Anyhow, when all the lakes froze this year Bill got real worried about the ducks. So he looked all over the park for them. Finally he found them. All of them. Hundreds of ducks, including Missy and Missy's sister, Missy. They were all in a secret place, just about the only place in all of Central Park that hadn't frozen over, because there's an actual natural spring that runs into it, while all the other streams in the park turn on and off with a faucet, for chrissake.
So Bill's been going there just about every day with heaps of food for Missy I and Missy II and all the other ducks even though the roads in the park have been horribly icy and besides, he has this painful foot condition called spurs that makes it hard to walk.
So Holden, I'm going to tell you how to find the secret place where the Central Park ducks go when all the lakes are frozen over. Do you know where Balcony Bridge is? It's this structure that’s actually a part of the West Drive, somewhere around 77th Street. If you stand on its east side you get a fantastic view of the rowboat lake and the Central Park South and Fifth Avenue skylines. From its west side you're facing the Museum of Natural History.
Well, all the ducks are down there under old Balcony Bridge. Nobody hardly notices them but if you stand there facing Fifth Avenue and throw down a lot of bread you'll see them all right. They'll all come out and push and shove and gobble up every crumb. You should come and do it, Holden. It'll make you so damn happy it'll just about kill you. It really will.

.
Quanto aos peixes, a resposta e bem mais simples-so a camada superficial dos lagos e que gela, as aguas mais profundas continuam liquidas.
.
Joana

O resto do artigo sobre os patos de Central Park pode ser lido em: (http://www.mariewinn.com/articles.htm)
.
 
quarta-feira, outubro 19, 2005
  As mulheres deixam-me banzado.Fora de gozo. Não quer dizer que eu seja algum tarado sexual nem nada do género – embora seja bastante sensual.
Bom dia!!
azuki
 
  Dylan & Caulfield
"Por volta de 1960, um novo personagem surge no cenário do rock, movido pelo ideal de revolução e por forte sentimento político: Bob Dylan, o “apanhador nos campos de centeio”. Como compara Muggiati (1973), Dylan é a personificação de Holden Caulfield, o garoto desajustado do livro de J. D. Salinger – personagem considerado o ponto de ruptura no modelo juvenil americano da década de 50."
[Link]

Ora aí está uma comparação que não imaginava. Correcta ou não, tem a sua piada e pontos de convergência: o rebelde cantor de carne e osso e o inconformado jovem saído das páginas de um livro. Até já imagino um diálogo entre Holden e Dylan:

- By any chance, do you happen to know where they go, the ducks, when it gets all frozen over?

- The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
_____
Dora
 
 
Quando questionaram o mago Jorge Luís Borges, acerca da sua natureza, este respondeu “sou os livros que li, os lugares que visitei e todas as pessoas que amei...”. Esta frase tocou-me profundamente, e apenas acrescentaria o SOFRIMENTO que nos atinge na nossa vivência até aos derradeiros momentos.
No Holden está bem explícito os quatros parâmetros indicados; o que torna o rapaz menos desagradável.
Nota: A minha opinião no essencial não muda, mas confesso que fui um bocadinho radical; as minhas desculpas aos fãs do Holden.

Castela
 
terça-feira, outubro 18, 2005
  Os muros
That's the whole trouble. You can't ever find a place that's nice and peaceful, because there isn't any. You may think there is, but once you get there, when you're not looking, somebody'll sneak up and write "Fuck you" right under your nose.

A expressão “Fuck You” nas paredes da escola de Phoebe revolta Holden. A profanidade chega aos muros de uma instituição que nos deve preservar dos males da sociedade. Onde está o problema? Na Educação?

____
Dora
 
  Wilhelm Stekel
Wilhelm Stekel (1868-1940):Psicanalista e psicologo austriaco.Obscuro seguidor de Freud que nao fundou uma escola nem deixou discipulos .

Citacoes encontradas na Wikiquotes:

.The mark of the immature man is that he wants to die nobly for a cause, while the mark of a mature man is that he wants to live humbly for one
.An intense, unyielding stubbornness hides behind an apparent obedience...
.Anxiety is fear of one's self.
.Candor is always a double-edged sword; it may heal or it may separate.
.Fervid atheism is usually a screen for repressed religion.
.In reality, we are still children. We want to find a playmate for our thoughts and feelings.
.Love is only a seeking for love in return, 'Do, ut des' (I give, that thou shalt give). If the patient notices that love is not given in return or that it has not reached that degree which he expected, defiance enters in place of the love, which in turn manifests itself as active resistance.
.Many an attack of depression is nothing but the expression of regret at having to be virtuous.
.People who do not understand themselves have a craving for understanding.
.Truth is not always the best basis for happiness. There are people who perish when their eyes are opened.

Joana
 
  Emily Dickinson, Poeta de guerra (5)
Pain – has an Element of Blank –
It cannot recollect
When it begun – or if there were
A time when it was not –

It as no Future – but itself –
Its Infinite contain
Its Past – enlightened to perceive
New Periods – of Pain.

(1862)

nastenka-d
 
segunda-feira, outubro 17, 2005
  A chatice é essa. Quando nos sentimos bestialmente deprimidos, nem sequer conseguimos pensar.
(Projecto paisagístico no Estilo Inglês, mostrando as alamedas principais mais largas e as secundárias, mais estreitas. Fonte: Bellair & Bellair (1939))

A adolescência é a fase…. Dos absolutos. Da formação do carácter, em que desabrocha a sensibilidade e se manifestam os sentimentos mais opostos. De procura desesperada, muitas vezes não se sabe bem de quê, de pertencer, de encaixar, de conseguir perceber, de encontrar a justa medida. Da descoberta, não sem sofrimento. De uma imensa fragilidade, em que existe predisposição para nos deixarmos levar por quem nos souber convencer. Pensa-se demais, com um sentido de orientação ainda pouco apurado. Vamos tacteando, vamos tropeçando. Com alguma sorte, como acontece quase sempre, faremos apenas uns arranhões. Existe, contudo, o perigo de soçobrarmos. Nunca, em nenhuma outra altura da vida, uma bifurcação será tão importante.

azuki
 
  Depois da queda...
Foi giro voltar a ler isto... É a terceira vez que pego no "Catcher in the Rye", mas acho que das vezes anteriores eu tinha muito mais em comum com o alienado Holden do que agora. Aquilo para mim foi uma surpresa do género "uau... este tipo sente exactamente o mesmo do que eu"... e parece-me que quem já teve 16 anos e um coração humano se deve identificar com aquele personagem.

Entretanto acho que cresci e parece-me que já consigo olhar para esta estória de outra forma. Acho que a minha inocência entretanto também já se perdeu, e também já não ambiciono ser um "catcher in the rye" para outras almas inocentes.

O Prof. Antolini è hoje o personagem mais fascinante para mim. Alguém que já deve ter passado por aquilo (adolescência), que ainda se lembra...

“I have a feeling that you’re riding for some kind of terrible, terrible fall.”

Ele precipita o Holden ainda mais para baixo na sua depressão, revelando-lhe as incoerências da sua visão romântica e adolescente do mundo e confrontando-o com a realidade. E o fim do livro, embora bastante ambíguo, parece indicar uma salvação para o Holden, um futuro mais risonho no mundo dos adultos. O paralelo entre o Antolini e o salvador "Catcher in the Rye" que o Holden ambicionava ser é muito directo.

O livro é mesmo genial, fiquei a gostar ainda mais dele. E sei que vou ter de voltar a ele daqui a mais alguns anos.

Ahhh, e vou voltar a ler no original! Desta vez li em Português numa edição da Livros do Brasil entítulada "Uma agulha no palheiro"... É mesmo muito má, perdem-se imensos detalhes.

Bruno Martins (begmartins)
 
 
You take somebody that cries their goddam eyes out over phony stuff in the movies, and nine times out of ten they're mean bastards at heart. I'm not kidding.

Eu sou um caso paranóico de quem chora a ver filmes... e não acho que muito destes filmes por quem já derramei algumas lágrimas tenham sido "phonies"! O que acontece é que determinadas cenas fazem-me transportar para a nossa realidade ou para sentimentos com os quais não consigo deixar de me identificar. Com os livros já me aconteceu a mesma coisa! I'm not kidding.

Quanto à minha personalidade, não creio que seja do tipo "bastard" mas também não quer dizer que em determinadas ocasiões eu não demonstre ser um pouco sacana!

____
Dora
 
  Emily Dickinson, Poeta de guerra (4)
They shut me up in Prose – As when a little Girl
They put me in the Closet –
Because they liked me “still” –

Still! Could themselves have peeped –
And see my Brain – go round –
They might as wise have lodge a Bird
For Treason – in the Pound –

Himself has but to will
And easy as a Star
Abolish his Captivity –
And laugh – No more have I –

(1862)

nastenka-d
 
  The Catcher
«E o que eu tenho que fazer é ficar à espera no centeio e apanhar todos os que desatarem a correr para o abismo.»

Mas – é preciso ir em direcção ao abismo. Não ir é recusar crescer. (Ficar a apanhar os miúdos é outra forma de o fazer: evitar que cada um deles cresça; em cada um salvar um pouco do mundo perdido da minha infância. Terra do Nunca, Peter Pan.)
nastenka-d
 
  Imagens II
Grand Central Station

Metropolitan Museum of Art


Entrada do Metropolitan Museum of Art


Jardim Zoologico, Central Park


Carrossel, South Central Park,1951


Joana
 
  O "agarrador"
Interessante ver como Holden resiste ao mundo em que vive. Isto é: não há mais volta.

"- Você conhece aquela cantiga: 'Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio'? Eu queria....
- A cantiga é 'Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio'! - ela disse. - É dum poema do Robert Burns.
- Eu sei que é dum poema do Robert Burns.
Mas ela tinha razão. É mesmo 'Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio'. Mas eu não sabia direito.
- Pensei que era 'Se alguém agarra alguém' - falei. - Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a única coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice."

Isto aqui, creio, responde a pergunta, duas páginas atrás, de Phoebe: "Então me diz uma coisa de que você goste."
O fato dele não querer que as outras crianças entrem no mundo adulto - caiam no abismo - reflete toda sua fragilidade: ele entrou, viu o mundo e não gostou. Daí sua atitude de apanhador e seus pensamentos ("isto me deprime") acerca do que está, para ele, errado.
A solução, a meu ver, está na carta que Hélio Pellegrino escreveu para Fernando Sabino - e que abre o romance "O Encontro Marcado": "(...) nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo na sua total e gratuita inutilidade. (...) Este é o preço do encontro".
A poesia de Burns, segundo Phoebe, é: encontrar e não agarrar.
Faz todo o sentido.
Todos pagamos o preço; uns conscientes, outros rebeldes..."a hora do encontro é também despedida".

Gabriel
 
domingo, outubro 16, 2005
  Emily Dickinson, Poeta de guerra (3)
This is my letter to the World
That never wrote to Me –
The simple News that Nature told –
With tender Magesty

Her Message is committed
To Hands I cannot see –
For love of Her – Sweet – countrymen –
Judge tenderly – of Me

(1862)

nastenka-d
 
  …estávamos a milhas um do outro, mais nada.
Bom dia!!
azuki
 
sábado, outubro 15, 2005
  Emily Dickinson, Poeta de guerra (2)
Success is counted sweetest
By those who ne’er succeed.
To comprehend a nectar
Requires sorest need.

Not one of all the purple Host
Who took the Flag today
Can tell the definition
So clear of Victory

As defeated – dying –
On those forbidden ear
The distant strains of triumph
Burst agonized and clear!

(1859)

nastenka-d
 
  Quando eu for grande
Não há propriamente uma profissão que possa dizer que quero para mim, porque pouco importa a profissão, ou o nome que se dê ao que eu possa vir a fazer. O importante é definir a missão, o que quero alcançar, objectivos, resultados, efeitos.

Eu quero é mudar a vida das outras pessoas, causar impacto e admiração. E ser amado e respeitado por todos. Quero ser genial. Quem sabe se advogado... Talvez escritor.

O que é que afecta mais a vida dos outros?

leitora
 
  Phoebe e a unica que nunca abandona Holden
Allie morreu de Leucemia, DB trocou Nova Iorque por Hollywood e os pais de Holden mandaram-no para colegios internos. Phoebe e o unico membro da familia Caulfield que nunca abandona Holden.

Joana
 
  Amor, um jogo de cooperação

(Antique French print; St. Rejchan "Gardez la dame"; ~ 1890)

Também o amor é um conjunto de possíveis combinações ganha-perde, mas com uma especificidade: neste caso, a racional Teoria dos Jogos mandaria que ganhassem ambos os intervenientes… O amor é um jogo de cooperação, e não de competição.

Mesmo que esta ideia de encarar o amor como um jogo não seja apelativa, a verdade é que ela está sempre presente, ainda que de forma não consciente. No amor, há que estabelecer e entender as regras; no amor, há que moldar comportamentos, adequando-os o melhor possível aos interesses do casal. Sejamos realistas, as relações humanas são feitas de tomar e de dar, de conceder e de obter. Um marido, supostamente racional, que não ajuda a mulher nas tarefas domésticas deverá julgar saber que as consequências negativas da sua forma de estar serão menores que um confortável sono no sofá enquanto ela se esfalfa na cozinha…

Em suma, na dialéctica conflito/colaboração, podemos sempre escolher soluções comportamentais que signifiquem: favorecer ambos, prejudicar ambos, favorecer-me e mim e prejudicar o outro, prejudicar-me a mim e favorecer o outro. O desafio de cada amante, para além da questão óbvia de manter a chama acesa, é perceber que vai ganhar se ajudar o outro a ganhar, no sentido em que os interesses deverão convergir e os momentos de luta ser aplacados. Entre conflito e colaboração, só deveria existir um caminho no jogo do amor. Até porque, no mundo dos afectos, dar é a primeira forma de receber.

azuki
 
sexta-feira, outubro 14, 2005
  Para onde vão os patos no Inverno?
Salinger carregou até agora páginas e páginas de areia na minha camioneta de leitor. Creio que o fez com a intenção de que passassem despercebidas as pequenas jóias que por lá foi deixando e que, no capítulo 14 que agora começa, já justificam a carga e já garantem cliente até final.

Começo a entender-lhe a estratégia, a tal do jogo de reverso de que já aqui falei noutro momento: a linguagem de Caulfield é usada como efeito de distanciamento para chegar a uma determinada relação de empatia (de Salinger) com o seu leitor ideal. Exemplos? A obsessão com a limpeza, em oposição ao desbragado da linguagem, leva-me a imaginar uma espécie de detergente moral da Vox America (o leitor ideal é forçosamente americano); Hollywood é uma central de compras do sonho americano (começo a suspeitar que Salinger deve ser louco por cinema); personagens simétricas como Jane Gallagher e a miúda Phoebe, ou Allie, entre-mostram uma espécie de Salinger purificado, inteiramente inverso ao ramalhete de impropérios de Caulfield, entre os quais se esconde para se fazer aceitar pelo tal leitor ideal.

Depois o mutismo ou o pensamento mágico dos taxistas sobre a natureza externa ao artificial Central Park (curiosíssima metáfora) dá conta duma instância veladora além de qualquer consciência. "Para onde vão os patos no Inverno?" Se os taxistas não respondem, ou respondem com a confiança na sobrevivência dos peixes encerrados em blocos de gelo, responde-lhes do meu armário de memórias de leitura, com pergunta do mesmo tipo, a frase de Aldous Huxley que me ocorre: "Para onde vão as moscas quando morrem?".

A ideia que me fica é a de que toda a tentativa de análise moral da personagem Caulfield é erro de direcção. Ela é justamente o reverso do que mostra com a sua aparente inadaptação. Não está a caminho da perda, mas da salvação. Basta ver tudo o que ele não quer ser. Sei que a Azuki e o Castela não vão estar de acordo comigo, mas partilhar leituras é também partilhar discordâncias, não é? Ou assim!

PS: Uma vez que se falou de Rimbaud e da Teoria dos Jogos, que é uma teoria que procura anular o acaso, que tal o que diz Rimbaud? "Jamais un coup de dées n'abolira l'hasard".

ams
 
  - A Vida é um jogo, meu rapaz. A Vida é um jogo que se joga segundo as regras.

(Paul Klee, “Great Chess-game”, 1937)

Responde o Holden: “Um jogo, uma ova. Raio de jogo.”. Com raio ou sem raio, a vida é mesmo um jogo, Holden. Não no sentido lúdico do termo (que também existe) mas, sobretudo, porque qualquer forma de interacção humana envolve conflito, com uma ou várias soluções comportamentais (nunca lineares, claro!), que deveriam ser a “melhor” forma de cada um proceder. Como tal, existem regras e combinações próprias, sendo que cada indivíduo dispõe das suas cartas, para jogadas e apostas várias, nos mais diversos contextos: afectivo, sexual, ético, cognitivo, material, estético...

A definição de jogo não deve ser restringida aos momentos de recreação mas ser entendida como um conjunto de estratégias, de alianças, de compromissos, que advêm de contratos (ainda que tácitos), com consequências que podem significar a prossecução ou não das metas desejadas. Cada comportamento tem repercussões sobre o outro, nenhum acto persiste de forma isolada. Medem-se esforços e respectivos benefícios… Enfim, não existem relações humanas pautadas unicamente pela harmonia, estando sempre presentes o confronto, a colaboração, diferentes graus de informação, aspirações diversas, expectativas díspares, leituras muito próprias, etc.

John von Newmann, que publicou em 1944, em conjunto com Oskar Morgenstern, o livro Theory of Games and Economic Behaviour, refere que um jogo será uma situação definida por interesses competitivos, em que cada um procura maximizar os seus ganhos. A Teoria dos Jogos fala de expectativas e de comportamentos, de conflito e de cooperação. Ou seja, interpreta as escolhas e constrói modelos de jogos de estratégia, sendo que os agentes irão escolher os comportamentos que lhes sejam mais vantajosos, de acordo com um cálculo de probabilidades e da satisfação máxima da sua utilidade. E isto é válido, desde o xadrez, à política, à economia, à estratégia militar, aos comportamentos sociais,… e, porque não?, ao amor…

azuki
 
  Allie

.
Joana
 
  DB
.
.
Joana
 
  Phoebe

.
Joana
 
  A mana
Tanto se esclareceu sobre a natureza das miúdas, mas faltava explicar o que é uma mana. A excepção que confirma a regra? Não, nada disso: mãe e mana não são miúdas, são, respectivamente, mãe e mana - nunca foram nem irão ser miúdas.

leitora
 
  Coisas simples que me deixam fula (iii)
A avareza no uso de expressões como obrigado/a, com licença, por favor, desculpe, bom dia/boa tarde/boa noite. Quando me cumprimentam, ao mesmo tempo que falam para o lado. Tudo o que signifique falta de cavalheirismo. Não conseguir deixar de ouvir aquelas músicas delico-doces que roçam o mau gosto. Berros. Que não se dêem ao trabalho de deitar fora o canudo do papel higiénico. Cafés fanhosos onde os empregados fazem o pleno das sandes de fiambre e do troco. Quando uma mulher me olha de alto a baixo. Chávenas e copos com batom. Quando alguém, que não seja lisboeta ou “tio”, me trata por você.

Há coisas, sem importância nenhuma, que despertam a minha agressividade, que vai desde o beicinho, à quase-vontade de cometer um espancamento. Depois, há as coisas que só aparentemente são simples. Nos pequenos nadas, vê-se muito.

Bom dia!!
azuki
 
  A miúda Phoebe
Não é por acaso que a “miúda Phoebe” é retratada de forma tão singular pelo seu irmão: ela é o seu elo de ligação ao mundo encantado da infância; como se representasse um Holden ainda não corrompido pelo mundo adulto. (Dou por mim a pensar: será que a adolescência não passa de um período de contaminação?) Allie, de certa forma, também o é, cristalizado na morte. E D.B., o irmão de sucesso, representa o futuro – na acepção de Holden, a venda do talento. É também por isso tão preciosa a relação que Holden mantém com Phoebe; preciosa e frágil, poderá durar?
nastenka-d
 
 
"Abano a cabeça que se farta."

"Sou um idiota"

"Sou o mais refinado mentiroso que vocês viram na vida."

"Sou bastante inculto, mas leio muito."

"Posso ser bastante sarcástico quando me dá para aí."

"Às vezes dá-me para fazer macacadas, só para evitar ficar chateado."

"E eu dou tudo por ter público. Sou um exibicionista."

"Sou um tipo bastante nervoso."


Já tiveram pensamentos iguais aos destas frases?
Já disseram alguma destas frases?
Quantas vezes?
Em público ou em privado?
A que conclusão chegaram?


Troti
 
quinta-feira, outubro 13, 2005
  Sunny
E de uma ironia amarga chamar Sunny a uma rapariga tao triste e baca.
Sunny que e tao nova e ja esta tao gasta, que nao sabe falar direito nem o que e um clavicordio, que nao quer amachucar o vestido, que tem o cabelo mal pintado e voz de gato asmatico, que se prostitui por 10 dolares...
.
Joana
 
  Coisas simples que me deixam fula (ii)
Que abram o pacote de copos pelo rebordo dos mesmos, obrigando-nos a beber café com o sabor a after-shave dos dedos que os cavalheiros enfiam nos outros copos, quando tentam pegar no seu.

azuki
 
  Emily Dickinson

Only God -- detect the Sorrow --
Only God --
The Jehovahs -- are no Babblers --
Unto God --
God the Son -- Confide it --
Still secure --
God the Spirit's Honor --
Just as sure --


Cerca de metade dos seus poemas foi escrita durante a guerra civil americana, e em muitos deles pressente-se a existencia de um terrivel conflito que ultrapassa Emily e se estende a todo o universo
.
Joana
 
  Coisas simples que me deixam fula (i)
Que se sirvam de papel da impressora, abandonando o invólucro vazio em cima da mesa.

azuki
 
  Emily Dickinson, Poeta de guerra (1)
«Ele disse ao Allie que fosse buscar a luva de basebol e depois perguntou-lhe quem era o melhor poeta de guerra, Rupert Brooke ou Emily Dickison. Allie disse Emily Dickinson.»

Soft as the massacre of Suns
By evening’s Sabres slain

(1868)

nastenka-d
 
 
"Peguem num desses tipos muito giros, ou um tipo que se acha fora de série, e hão-de estar sempre a pedir que lhes façam um grande favor. Lá porque eles se adoram tanto a eles próprios, pensam que nós os adoramos também, e que estamos mortinhos por lhes fazer algum favor. No fundo, tem uma certa piada."

Troti
 
  Se houver outra guerra...
Causou-me alguma perturbação saber que a história se passa numa época em que a memória da guerra está a ferver, mas não encontrar nenhuma referência explícita. Esperei até ao capítulo 18, onde finalmente é referida a bomba aómica.

Contudo, pareceu-me que a guerra está sempre lá, em todas as páginas, oculta mas bem definida. Pelo menos a mim não me saia da ideia.

leitora
 
 
"De repente, senti por ele uma pena do caraças. Só que não podia ficar mais ali, de tal modo estávamos a milhas um do outro, e de tal modo ele continuava a não conseguir acertar na cama sempre que atirava alguma coisa para cima dela, e com aquele cheiro tramado a gotas de Vick para o nariz em toda a parte.
...
Depois apertámos a mão. E aquela treta do costume. Mas fez-me sentir triste como o raio."


Troti
 
  A medida da mente
Holden ainda não percebeu que ser estudante é um estatuto de privilégio que comporta deveres. Estudar não é passear. É-se estudante com dedicação, esforço, abnegação. - Há outra coisa que os estudos te darão. Se os prosseguires durante um período considerável, hão-de começar a dar-te uma ideia da medida da tua mente. Aquilo que lhe convém e, talvez, o que não lhe convém. (…) Começarás a conhecer as tuas verdadeiras medidas e a vestir a tua mente em consequência. A adolescência é exuberância. Está lá todo o potencial, a manifestar-se de uma forma desregrada, desenquadrada, pouco burilada. Se formos apanhados nos melhores ângulos, poderemos transformar-nos em alguém de valor.

Bom dia!!
azuki
 
 
«A noite está próxima. O que vejo já não se pode cantar
caminho com os braços levantados, e com a ponta dos dedos acendendo o firmamento da alma.
Espero que o vento passe... escuro, lento. Então, entrarei nele, cintilante, leve... e desapareço».
(Morte de Rimbaud – Al Berto – Coliseu de Lisboa 1996)

Castela
 
quarta-feira, outubro 12, 2005
  Com itálicos
Chegaram-me por fim os livros do J.D.Salinger, encomendados há que tempos à Diffel. Fui buscá-los à livraria após simpático telefonema de aviso e acabei por ler o primeiro capítulo num cafezinho (aqueles muito oportunos) que ficam sempre em frente a uma escola das nossas e que, neste caso, me ficava no caminho de casa. Lá vinham miúdos e miúdas de mochilas e não vale a pena repetir aqui o que alguns ali disseram, junto ao balcão (Caulfield sentir-se-ia o supra-sumo se os ouvisse). O segundo capítulo já o li em casa, entre algumas tarefas secundárias, com o prazer de quem saboreia o livro também com as mãos, especialmente este que não tem aquelas letras em relevo que me chateiam bestialmente. Não me pareceu nada de especial este puto Caulfield. Temo-los por aí às centenas, fabricados por escolas como aquelas de que ele fala. O diálogo com o velho Spencer, então, é de morte. O puto devolve o que recebeu, está-se mesmo a ver, não está-se? Bom! As leituras são como os lápis, têm de ser afiadas de vez em quando. A propósito, alguém poderá explicar-me que diabo de itálicos foram estes? Realmente!
ams
 
 
"- Não sentes nenhuma apreensão por deixares Pensey?

- Oh, sinto alguma apreensão, sinto. Claro...mas não muita. Ainda não, de qualquer modo. Acho que ainda não me tocou a valer. As coisas levam um certo tempo a tocar-me."

Ao contrário do que pode parecer devido ao seu discurso desbragado, Holden tem a percepção da sua sensibilidade.

Troti
 
 
"Às vezes porto-me como alguém mais velho - palavra! -, mas nunca reparam nisso. As pessoas nunca reparam em nada."

Pois não Holden, as pessoas nunca reparam no que nós tentamos desesperadamente mostrar.

Troti
 
  «Miúdas. Caraças, podem deixar-nos malucos, A sério que podem.»
Está mais que provado. Os miúdos, esses, não.

leitora
 
 
Será que todos os miúdos sentem isto?
“É terrível dize-lo, mas consigo odiar uma pessoa só porque usa malas baratas”.
O único mérito deste “puto” burguês é reconhecer que realmente é a pessoa que é. Lido com dezenas de putos todos os dias, e alguns são pequenos “Holden” que se tornam quase sempre adultos problemáticos.
“A adolescência, não deve de forma alguma desculpar a pessoa que se é. A psicologia do adolescente, e ao contrário do que se julga, é das fases humanas mais estáveis sob o ponto de vista mental”. Introdução à Epistemologia Genética de J.Piaget.
Será que somos assim tão diferentes daquilo que fomos enquanto jovens?
Castela
Nota: Gostaria imenso de perder nesta ínfima controvérsia.
 
 
"...falou naquilo da Vida ser um jogo e assim. E como temos de seguir as regras do jogo. ...Só falou nisso da Vida ser um jogo e assim."

Repararam? Vida tem letra maiúscula.

Troti
 
terça-feira, outubro 11, 2005
 
"Pega-se em alguém velho como o caraças,..., e o comprar um cobertor já lhe dá um enorme gozo."

Li esta frase e parei. É que a realidade assusta.

Troti
 
  Rom-Rom e Sofia
O episodio do Museu de Historia Natural trouxe-me a memoria uma das recordacoes mais tristes da minha infancia.
Quando tinha 4 anos fui com os meus pais visitar o Aquario Vasco da Gama onde vi um casal de lontras chamadas Rom-Rom e Sofia, os animais mais felizes e activos que eu alguma vez vi. Segundo o meu pai eu nao vi o resto da exposicao e passei uma tarde inteira empoleirada na borda do tanque a dizer adeus as lontras.
Passados uns anos, 5 ou 6, voltamos a Lisboa e ao Aquario. Depois de muito procurar pelo Rom-Rom e pela Sofia, acabei por perguntar por eles a um guarda. "Estao ali!", disse ele, e apontou para uma vitrina onde me mostrou as minhas queridas lontras embalsamadas. Fiquei mesmo muito triste.
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Joana
 
 
People always clap for the wrong things.

Nem de propósito quando uma pessoa se lembra dos discursos do passado domingo eleitoral!

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Dora
 
  Redomas, redomas, redomas,...
Pensamos em redomas quando há sentires/imagens/momentos tão quase-perfeitos que parece sacrilégio deixá-los tomar o seu rumo. É grande a tentação de pensar em mantê-los assim, tão belos, tão mansos dentro de nós, seus contornos para sempre (in)definidos. O que significa, talvez, não fazer nada, ficar quietinho, a saborear, tendo medo, medo, medo de que a realidade os desmanche. Numa ou noutra altura da vida, nem que seja por um segundo, talvez nos surpreendamos neste querer: há coisas que deviam ficar como estão.

Bom dia!!
azuki
 
  «A Sério.»
Diz-se que é um dos maiores tiques dos mentirosos: afirmar constantemente a veracidade das suas afirmações. A sério, podem acreditar. A mim acciona alarmes.

leitora
 
  «Há coisas que deviam ficar como estão.»(2)
A angústia do crescimento: nada pode ficar como é; o que fica não amadurece, torna-se diacrónico, absurdo, estranho. No processo não há como evitar a perda. A adolescência – o crescimento – é também um luto.
nastenka-d
 
 
Todos estariam na mesma. A única coisa diferente seríamos nós.

nastenka-d
 
  Quais são as boas raízes de Holden Caulfield?
“Enquanto a criança é pequena dá-lhe raízes profundas, quando crescer dá-lhe asas”.
Provérbio Indiano
Este rapaz é monstruoso e um mentecapto firmado; repare-se no tom pejorativo que ele utiliza para com todas as pessoas que vai conhecendo: ranhoso, tipo, aspecto terrível, malcheiroso, asno, imbecil, prostituta (o irmão), gaja, piedade pelos néscios, cretino idiota, velho, feio, sabujo, vaidoso, porco, elitista, bajulador, “são todos iguais”… e repete isto até a exaustão. É um sentencioso maldizente, sem qualquer profundidade no seu pensamento, e ainda bem que não lhe dá para a escrita.
Algo terá que acontecer, senão terei que considerar a história como um pote cheio de coisa nenhuma. As descrições humanas totalmente maniqueístas, são de um vazio confrangedor. Será que as mulheres apenas são interessantes se forem bonitas?
Bem se o autor fez um texto depurado; não temos nada que nos prove.
Quanto a Salinger, se isto é a qualidade da sua escrita, não burilada nem aprofundada, é uma verdadeira porcaria americana, e reconhecendo ele a sua falta de aptidão é natural que se tenha refugiado nas montanhas. Será que o homem alguma vez leu Dostoievsky? Penso até que já li melhor literatura light, e acreditem que estes acabaram na reciclagem.
Começo a adivinhar um banal final à Paulo Coelho, misturado com uma vaga filosofia zen.
Tenho a certeza que a Azuki dar-me-á algum apoio nesta controvérsia.
Adorava enganar-me, e pedir desculpa por este "post".
Castela

Nota: Neste texto tentei escrever tão mal como o Salinger e acho que não consegui; e tentei ter os pensamentos sobranceiros, fúteis e pérfidos do estúpido Holden, será que consegui?


Castela
 
  Holden Caulfield e a Queda do Homem
A peculiar concepcao do mundo de Holden Caulfield parece incorporar elementos religiosos judaico-cristaos, em particular o tema da queda do Homem e da expulsao do paraiso:o mundo da infancia e um estado de pureza e inocencia original do qual somos expulsos quando provamos o fruto da sabedoria. Os graffiti que Holden encontra na escola e no museu tem um papel semelhante ao da serpente do Eden,"I thought how Phoebe and all other kids would see it, and how they'd wondre what the hell it meant, and then finally some dirty kid would tell them-all cockeyed, naturally-what it meant, and how they'd all think about it"-somos expulsos do paraiso pois a nossa natureza original foi corrompida pelo conhecimento e pela experiencia do mundo adulto.

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Joana
 
segunda-feira, outubro 10, 2005
  Ontem à noite
Ontem, houve momentos em que me lembrei de Holden Caulfield. Verdade, verdadinha, as suas palavras não me saíram da cabeça, por duas vezes ao longo da noite (para ser precisa, por duas vezes e meia!). Eu contava-lhes o resto da história, mas era capaz de vomitar se o fizesse.

Bom dia!!
azuki
 
  Inocência e Perversidade
Holden fala sobre tudo – família, autoridade, sexo, religião, o Tempo, o amor, a morte – com a inocência das certezas absolutas. (A adolescência é simultaneamente época de dúvidas e de certezas.) Com a perversidade das certezas, também. É um rapazinho apenas estúpido, ou absurdamente ingénuo? Acho que ambos. Com a ambiguidade dos dezasseis anos.
nastenka-d
 
  «Há coisas que deviam ficar como estão.»(1)
Nunca o tinha notado, a adolescência pode ser tão conservadora.
nastenka-d
 
  Os livros de Holden Caulfield
Leitura escolar:
Beowulf -poema epico anglo-saxonico
Lord Randall -balada tradicional inglesa
Romeo and Juliet, Julius Cesar-William Shakespeare

Livros sugeridos pelo D.B.:
Farewell to Arms-Ernest Hemingway
The Great Gatsby-F. Scott Fitzgerald

Outros:
Of Human Bondage-W. Somerset Maugham
Out of Africa-Isak Dinesen
There Are Smiles-Ring Lardner
The Return of the Native-Thomas Hardy
The Secret Goldfish-D.B. Caulfield

Que D.B. Caulfield tenha sugerido "O Adeus as Armas" e "O Grande Gatsby" nao e de todo surpreendente atendendo a que e um jovem escritor no fim da decada de 40. A pouca atencao que Holden lhes dedica na sua narrativa, demonstra bem que estes livros sao significativos para o seu irmao e nao propriamente para ele.
Muito mais sugestivas sao algumas das escolhas da terceira lista: "Servidao Humana","Africa Minha" e "O Regresso do Nativo", livros em que o narrador ou a personagem principal tem que regressar a sua terra natal e reenquadrar-se numa estrutura social e familiar a qual ja nao e capaz de se ajustar. Creio que Holden valoriza tanto estes livros porque de alguma forma se identifica com eles, com a experiencia de se sentir exilado no que deveria ser o seu lugar na ordem natural das coisas.


Joana
 
 
«Eh pá, o que eu estava em baixo. Sentia-me sozinho como tudo.»

A expressão de solidão e depressão vai ressoando ao longo do livro. A princípio, por causa da linguagem e do tm desplicente, não dei grande importância; é um elemento de tensão em crescendo, alimentado pela memória.

leitora
 
  Para por na luva de basebol do Allie
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Dream Deferred

What happens to a dream deferred?

Does it dry up
like a raisin in the sun?

Or fester like a sore--
and then run?

Does it stink like rotten meat?
Or crust and sugar over--
like a syrupy sweet?

Maybe it just sags
like a heavy load.

Or does it explode?

Langston Hughes
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Joana

(As minhas tentativas de traduzir este poema foram desastrosas)
 
domingo, outubro 09, 2005
  grupinhos de merda
"- Devias ir a um colégio de rapazes de vez em quando. Experimenta qualquer dia – disse eu. – Estão cheios de armantes, e não se faz mais nada senão estudar para aprender o suficiente para se ser suficientemente esperto para um dia poder comprar um Cadillac, e tem de se estar sempre a fingir que ficamos lixados se a equipa de futebol perde, e passa-se o tempo todo a falar de miúdas, de bebidas e de sexo, todos juntinhos na porcaria daqueles grupinhos de merda. Os gajos da equipa de basquetebol andam juntos, os católicos andam juntos, a merda dos intelectuais andam juntos, os gajos que jogam bridge andam juntos. Até os gajos que pertencem à merda do Clube do Livro do Mês andam juntos. Se tentarmos ter uma conversa minimamente inteli…

- Ouve lá – disse a amiga Sally. – Há uma data de rapazes que vêem na escola muito mais do que isso.

- De acordo! Concordo que sim, alguns deles! Mas é tudo o que eu vejo nela. Estás a ver? É o que eu quero dizer. É isso mesmo que eu quero dizer – disse eu.- Não consigo ver nada em coisa nenhuma. Estou tramado. Estou na merda."
(pag. 144)



É curioso como esta conversa mantém todo o sentido se substituirmos "colégio" e "escola" por " sociedade" e "rapazes" por "pessoas"…

at
 
 
«Sou bastante inculto, mas leio muito.»

Ah, bestial. Tenho de anotar, e utilizar cirurgicamente - vou resolver vários problemas pontuais com uma única frase. Acho eu.

leitora
 
 
«Sou o mais refinado mentiroso que vocês viram na vida. É lixado.»

E foi a este miúdo que eu dei a corda toda? Bah, deixá-lo andar. Vá, engana-me que eu gosto; leitores são iludidos activos.

leitora
 
sábado, outubro 08, 2005
  PHONY
phony : Alteration of fawney, gilt brass ring used by swindlers, from Irish Gaelic fáinne, ring, from Old Irish.

1)Not genuine or real; counterfeit: a phony credit card.
False; spurious: a phony name.
Not honest or truthful; deceptive: a phony excuse.
Insincere or hypocritical.
Giving a false impression of truth or authenticity; specious.

2)n. pl. pho·nies, also pho·neys
Something not genuine; a fake.
One who is insincere or pretentious.
An impostor; a hypocrite.

(Desculpe Gabriel, mais uma vez em ingles...)

Joana
 
  Versão PDF em português do Brasil
Olá, dias depois de ter acabado o livro eis que me chega a versão em PDF do mesmo.

Está em português do Brasil, mas se alguém estiver interessado avise.

Rihian
 
  Bestialmente deprimente
Era bestialmente deprimente. ** É uma coisa que me deixa louco. ** É tramado. ** Detesto isso. ** Poça, o que eu odeio tretas destas. ** Que é uma coisa que realmente me dá cabo dos cornos. ** Era de vomitar. ** Caraças, o que eu odeio essa merda. ** Que é uma coisa que me deixa sempre lixado. ** É coisa que não aguento.

A verdade é que ele até tinha razão. Se pensarmos bem, há coisas que deprimem bestialmente: alguém que boceja enquanto nos pede um favor; quartos que cheiram a hospital; pessoas que se repetem e se repetem e se repetem; falta de higiene; os sacanas dos atletas que eram uma seita; os cretinos; que a maior parte das pessoas não tenha nenhum sorriso; filmes merdosos; sítios pirosos; improvisos sem alma; ausência de espírito; chapéus horrorosos; tretas que não têm piada nenhuma; ser acagaçado; os tarados; malas baratas; quando as pessoas são capazes de estragar uma conversa só para perceberem se somos católicos; bichas intermináveis; armantes a fumar como chaminés e a discutir alto o filme para que todos os ouçam; condutores aos berros; os estupores, os mesquinhos, os peneirentos; alguém que nos dá conselhos enquanto procura as suas iniciais numa porta de retrete; quando se tentam aproveitar de nós; tudo o que é foleiro.

Pois é, Holden. Não é nada difícil encontrar motivos para nos sentirmos bestialmente deprimidos. Mas, com o tempo, aprenderás a refrear esse teu espírito crítico. Chama-se relativizar, algo em que a adolescência não é propriamente versada. Sim. Hás-de desenvolver a carapaça de indiferença que todos somos obrigados a desenvolver. Aquilo que evita que nos esgotemos por completo, perante os choques do dia-a-dia. Deixa passar mais uns anos, e tu chegas lá.

azuki
 
  A vida é um jogo?
Holden explica claramente: até pode ser, se nos calhar a melhor equipa, sim, porque uma das equipas está recheada de craques, e a outra de derrotados. De que lado estás?

leitora
 
sexta-feira, outubro 07, 2005
  The Ocean Full of Bowling Balls
The Ocean Full of Bowling Balls is largely regarded as the finest of Salinger's unpublished works. While not having had the opportunity to revue all of the author's unpublished materials, it is hard to imagine a more important work among them.
A good amount of this story's interest stems from it's relationship to the Caulfield stories as a body of work, and certainly to The Catcher in the Rye as the primary work of that group. While continuing the themes of these stories, "The Ocean Full of Bowling Balls" is the basis of many of them, as it's events precede them in time.
Written by Vincent Caulfield as a self-cleansing reminiscence, this story goes far to explain the events which lead up to, and the messages contained in Salinger's later novel. In explanation, the character of Vincent Caulfield is certainly the same character that we will come to know as D.B. in Catcher. Likewise, the character of Kenneth Caulfield is the same character that Salinger will later choose to name Allie.
This is the last day in the life of Allie Caulfield.

Fonte: http://www.geocities.com/deadcaulfields/BowlingBalls.html
.
Joana

The Ocean Full of Bowling Balls e considerado por muitos o melhor dos trabalhos ineditos de Salinger. Apesar de nao ter tido a oportunidade de ler todo o material inedito do autor, e-me dificil imaginar que entre ele haja outra obra mais relevante.
Grande parte do interesse da historia e devido a sua relacao com as historias dos Caulfield enquanto um ciclo autonomo, e sem duvida que o The Catcher in the Rye e a obra mais importante deste ciclo. Embora muitos dos temas principais destas historias estejam ja presentes em The Ocean Full of Bowling Balls, esta historias precede as restantes, mesmo de um ponto de vista cronologico.
Escrita por Vincent Caulfield com uma reminiscencia, a historia clarifica muitos dos eventos precedentes e das ideias contidos na novela de Salinger. Vincent Caulfield e certamente a mesma personagem que viremos a conhecer como DB no Catcher, e da mesma forma, Kenneth Caulfield e a personagem a quem Salinger mais tarde dara o nome de Allie.
Este e o ultimo dia da vida de Allie Caulfield.
 
  Sentinela do Abismo
Caros amigos e amigas,

esta é minha primeira mensagem para o blog, mas acompanho com muito interesse a conversa sobre o Salinger. Vocês me chamaram a atenção para vários trechos bonitos e importantes no livro, que de outro modo teriam passado desapercebidos. Muito obrigado.

Da primeira vez que li “O Apanhador no Campo de Centeio” (é este o titulo da edição brasileira) eu era adolescente e tinha mais ou menos a mesma idade do que Holden Caufield. Claro que a identificação foi muito forte. O que me ficou foi sobretudo o sentimento de inquietação diante do mundo.

Hoje tenho 27 anos e talvez o personagem que mais se pareça comigo seja o D.B. Não escrevo para Hollywood, mas também cometi meus contos e depois fui negociar com o sistema, como repórter de jornais, revistas e sites da grande imprensa brasileira. Holden diria que me prostituí e às vezes penso isso mesmo. Talvez eu devesse ter agido de modo diferente e assumido a posição de sentinela do abismo.

Será que posso dar conselhos a Holden? Creio que o melhor ensinamento do livro é a conversa com o ex-professor, na qual ele ressalta que o rapaz não é o primeiro a se sentir “enojado e envergonhado” diante do comportamento humano. E pouco depois, num trecho de ironia cruel de Salinger, o mestre se embriaga e assedia sexualmente o discípulo. Pensei na entrada de Alcebíades no “Banquete” de Platão, as exigências da carne ridicularizando as nobres pretensões do espírito.

Como fazer para sobreviver no labirinto que é o Campo de Centeio? A pista está na pergunta provocadora que Phoebe faz ao irmão: do que você realmente gosta? Holden se atrapalha e não consegue dar uma resposta precisa. Mas como leitor, eu diria: Holden, é a Jane. Ela é o grande amor (fora os irmãos) que atravessa o livro todo, embora o narrador nunca use essa palavra tão forte para se referir ao que sente por ela. Curioso também como o sexo, presente em todo o romance, é sempre incompleto e insatisfatório.

Abraços,
Maurício
 
 
Para alem do The Catcher in the Rye, outros livros publicados em 1951 foram:

Fundacao-Isac Azimov
Spartacus-Howard Fast
Ate a Eternidade-James Jones
As Origens do Totalitarismo-Hannah Arendt

Em Portugal e no Brasil:
Contos Impopulares-Agustina Bessa-Luis
Os Homens e as Sombras -Alves Redol
Tempo de Fantasmas -Alexandre O'Neill
O Homem da Nave- Aquilino Ribeiro
Contos de Aprendiz -Carlos Drummond de Andrade
O Continente e O Retrato: O Tempo e o Vento-Erico Verissimo
O Indesejado (António Rei)-Jorge de Sena
O Fogo e as Cinzas-Manuel da Fonseca
Pedras Lavradas-Miguel Torga
Descobri que era Europeia -Natalia Correia
Poemas Escolhidos -Rui Cinatti
Campo Aberto -Sebastiao da Gama
Os Dois Jornalistas -Teixeira da Pascoais
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Joana
 
  Salinger e Kundera
Enquanto lia "The Catcher in the Rye" de Salinger pela web, nas minhas viagens de metro folheava "Ignorância" de Milan Kundera. Ontem terminei a leitura de ambas as obras e curioso ou não, no final acabei por fazer uma associação entre as duas histórias.

Apesar do tema central de "Ignorância" ser a emigração e o regresso de dois desconhecidos à sua terra natal, Kundera explica que as grandes decisões que fazemos e que nos influenciam para o resto da vida são tomadas na idade da ignorância, ou seja, na adolescência. Seja pelo amor, seja pelos ideais, as nossas insolências, revoltas, sonhos e desejo de independência são declarados numa fase em que pouco ou nada conhecemos do mundo e de viver em sociedade. Assumimos papéis, construímos sonhos, fazemos asneiras, choramos, gozamos, magoamo-nos acabando tudo por mais tarde se resumir a lembranças pelas quais podemos ou não sentir um pouco de nostalgia. Temos assim duas personagens entre os 40 anos que no regresso à sua Praga sentem-se inseguros numa realidade que já não é a deles, mas que os obriga a fazer uma introspecção do que eram há 20 anos atrás e no que se tornaram agora.

Em "À espera no centeio", o duo Holden-Salinger conta-nos a história de um miúdo de 16 anos, que vive descontente com o meio social que o rodeia (nomeadamente os “phonies”) e que não consegue viver de acordo com as regras estipuladas pelo jogo da Vida. Há no entanto um núcleo duro de pessoas que o rodeiam, com o qual nem sempre tem uma relação saudável, mas que o obrigam a rever todos esses comportamentos. No final ele confirma que sente, por todas essas pessoas que passaram pela sua Vida, saudades (I sort of miss everybody).

Esta possível discrepância entre personalidades e culturas diferentes vividas pelas personagens de ambas as obras encontra o seu ponto comum na influência da adolescência na construção do nosso EU. Toda a nossa vida posterior vai ser reflexo do muito que fizemos enquanto mais novos.


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Dora
 
  O que começa mal pode terminar bem, não pode?
Leio umas tantas páginas e penso que este não foi um começo auspicioso… A leitora totalmente em sintonia e eu totalmente em “dessintonia”. Viva a diversidade! A verdade é que não sou apreciadora de histórias de adolescentes. E um narrador na primeira pessoa, em tom coloquial - vernáculo, é o pior que me pode acontecer… Já sei que é tudo muito depurado e que Salinger se deu a um enorme trabalho para atingir um discurso aparentemente descuidado, mas quando leio as “merdas” e os ”raios” e os jargões e as repetições, só me apetece fugir! Acrescente-se a minha assumida desconfiança (vulgo preconceito, não é mesmo?) contra os best-sellers e o caldo fica relativamente entornado. Oxalá seja uma história interessantíssima, plena de significado(s). Sejamos optimistas, azuki. Sejamos optimistas.

Bom dia!!
azuki
 
  O bone vermelho
.Allie e Phoebe sao ruivos,"red heads". Holden compra um bone vermelho de que nunca se separa.

Joana
 
  Ai, e que dizer desta primeira frase?
Genial, genial. E, se não bastasse, totalmente em sintonia com o tom e a linguagem do livro. Nada como uma abertura clara, sem artifícios - ou com os artifícios todos, mas que não se note nada.

leitora
 
  As aventuras de Hazel Weatherfield, a rapariga detective
A unica vez que conseguimos ver a Phoebe como ela se ve a si propria e sem ser atravez dos olhos de Holden, e quando ele nos descreve as aventuras de Hazel Weatherfield, a rapariga detective.
A irma de Holden identifica-se com Hazel (a ponto de adoptar um dos seus nomes como seu) e a historia da rapariga-detective parece ser uma versao sublimada da da propria Phoebe. A senhora Caulfield e emocionalmente instavel e o senhor Caulfield frio e severo, nao sao capazes de transmitir aos filhos o amor e seguranca emocional de que necessitam-nao admira pois, que Phoebe veja Hazel como uma orfa cujo o pai volta e meia aparece inesperadamente (talvez exprimindo o desejo da propria Phoebe que o seu pai nao fosse tao distante).

Joana
 
quinta-feira, outubro 06, 2005
  Os irmaos Caulfield escrevem
Mesmo que o unico escritor profissional da familia seja o DB, todos os irmaos Caulfield escrevem:
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1) Sobre DB Caulfield sabemos apenas que escreve short-stories e segundo o irmao mais novo esta a "prostituir-se" em Holywood. Gosta de Hemingway e F. Scott Fitzgerald
2) Allie Caulfield escrevia poemas a tinta verde na sua luva de baseball de modo a ter alguma coisa que ler durante os tempos mortos dos jogos.
3)Phoebe Caulfield escreve as aventuras de Hazle Weatherfield, a rapariga detective. As historias ficam invariavelmente incompletas.
4) Holden Caulfield descreve a luva de basebol de Allie.

Os tres Caulfields mais novos abordam a escrita de uma forma muito pessoal, muito introspectiva. Cada um de acordo com a sua personalidade e historia pessoal.
Para Allie, calmo e inteligente, escrever e uma forma de meditacao.
Phoebe inventa para si uma vida nova e um alter ego com o qual se identifica a ponto de adoptar um dos seus nomes. Consigo imagina-la a escrever fan fic, um genero muito desprezado mas normalmente escrito com grande emocao e intensidade.
Holden escreve para poder de alguma forma lidar com a dor e com a perda,descrever a luva de Allie permite-lhe exprimir amor e tristeza. A escrita tem aqui uma funcao curativa, a de nos ajudar a sarar as nossas feridas emocionais.
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Joana
 
  Primeira frase
"Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lenga-lenga tipo David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso".

Quem lê tem hábitos estranhos. Prestar atenção na primeira frase dos livros é um dos meus prazeres. "O apanhador no campo de centeio" é um livro que diz a que veio logo de cara: não gostou, pare por aqui.

Quem segue adiante, por certo, não se sente traído. Honesto, sincero, verdadeiro. Tudo em Holden é ostensivamente verdadeiro, inclusive seus devaneios.

Gabriel
 

O QUE ESTAMOS A LER

(este blogue está temporariamente inactivo)

PROXIMAS LEITURAS

(este blogue está temporariamente inactivo)

LEITURAS NO ARQUIVO

"ULISSES", de James Joyce (17 de Julho de 2003 a 7 de Fevereiro de 2004)

"OS PAPEIS DE K.", de Manuel António Pina (1 a 3 de Outubro de 2003)

"AS ONDAS", de Virginia Woolf (13 a 20 de Outubro de 2003)

"AS HORAS", de Michael Cunningham (27 a 30 de Outubro de 2003)

"A CIDADE E AS SERRAS", de Eça de Queirós (30 de Outubro a 2 de Novembro de 2003)

"OBRA POÉTICA", de Ferreira Gullar (10 a 12 de Novembro de 2003)

"A VOLTA NO PARAFUSO", de Henry James (13 a 16 de Novembro de 2003)

"DESGRAÇA", de J. M. Coetzee (24 a 27 de Novembro de 2003)

"PEQUENO TRATADO SOBRE AS ILUSÕES", de Paulinho Assunção (22 a 28 de Dezembro de 2003)

"O SOM E A FÚRIA", de William Faulkner (8 a 29 de Fevereiro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. I - Do lado de Swann)", de Marcel Proust (1 a 31 de Março de 2004)

"O COMPLEXO DE PORTNOY", de Philip Roth (1 a 15 de Abril de 2004)

"O TEATRO DE SABBATH", de Philip Roth (16 a 22 de Abril de 2004)

"A MANCHA HUMANA", de Philip Roth (23 de Abril a 1 de Maio de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. II - À Sombra das Raparigas em Flor)", de Marcel Proust (1 a 31 de Maio de 2004)

"A MULHER DE TRINTA ANOS", de Honoré de Balzac (1 a 15 de Junho de 2004)

"A QUEDA DUM ANJO", de Camilo Castelo Branco (19 a 30 de Junho de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. III - O Lado de Guermantes)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2004)

"O LEITOR", de Bernhard Schlink (1 a 31 de Agosto de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. IV - Sodoma e Gomorra)", de Marcel Proust (1 a 30 de Setembro de 2004)

"UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES" e outros, de Clarice Lispector (1 a 31 de Outubro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. V - A Prisioneira)", de Marcel Proust (1 a 30 de Novembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de José Saramago (1 a 21 de Dezembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", de José Saramago (21 a 31 de Dezembro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VI - A Fugitiva)", de Marcel Proust (1 a 31 de Janeiro de 2005)

"A CRIAÇÃO DO MUNDO", de Miguel Torga (1 de Fevereiro a 31 de Março de 2005)

"A GRANDE ARTE", de Rubem Fonseca (1 a 30 de Abril de 2005)

"D. QUIXOTE DE LA MANCHA", de Miguel de Cervantes (de 1 de Maio a 30 de Junho de 2005)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VII - O Tempo Reencontrado)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2005)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2005)

UMA SELECÇÃO DE CONTOS LP (1 a 3O de Setembro de 2005)

"À ESPERA NO CENTEIO", de JD Salinger (1 a 31 de Outubro de 2005)(link)

"NOVE CONTOS", de JD Salinger (21 a 29 de Outubro de 2005)(link)

Van Gogh, o suicidado da sociedade; Heliogabalo ou o Anarquista Coroado; Tarahumaras; O Teatro e o seu Duplo, de Antonin Artaud (1 a 30 de Novembro de 2005)

"A SELVA", de Ferreira de Castro (1 a 31 de Dezembro de 2005)

"RICARDO III" e "HAMLET", de William Shakespeare (1 a 31 de Janeiro de 2006)

"SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE" e "PALOMAR", de Italo Calvino (1 a 28 de Fevereiro de 2006)

"OTELO" e "MACBETH", de William Shakespeare (1 a 31 de Março de 2006)

"VALE ABRAÃO", de Agustina Bessa-Luis (1 a 30 de Abril de 2006)

"O REI LEAR" e "TEMPESTADE", de William Shakespeare (1 a 31 de Maio de 2006)

"MEMÓRIAS DE ADRIANO", de Marguerite Yourcenar (1 a 30 de Junho de 2006)

"ILÍADA", de Homero (1 a 31 de Julho de 2006)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2006)

POESIA DE ALBERTO CAEIRO (1 a 30 de Setembro de 2006)

"O ALEPH", de Jorge Luis Borges (1 a 31 de Outubro de 2006) (link)

POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS (1 a 30 de Novembro de 2006)

"DOM CASMURRO", de Machado de Assis (1 a 31 de Dezembro de 2006)(link)

POESIA DE RICARDO REIS E DE FERNANDO PESSOA (1 a 31 de Janeiro de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 28 de Fevereiro de 2007)

"O VERMELHO E O NEGRO" e "A CARTUXA DE PARMA", de Stendhal (1 a 31 de Março de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 30 de Abril de 2007)

"A RELÍQUIA", de Eça de Queirós (1 a 31 de Maio de 2007)

"CÂNDIDO", de Voltaire (1 a 30 de Junho de 2007)

"MOBY DICK", de Herman Melville (1 a 31 de Julho de 2007)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2007)

"PARAÍSO PERDIDO", de John Milton (1 a 30 de Setembro de 2007)

"AS FLORES DO MAL", de Charles Baudelaire (1 a 31 de Outubro de 2007)

"O NOME DA ROSA", de Umberto Eco (1 a 30 de Novembro de 2007)

POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (1 a 31 de Dezembro de 2007)

"MERIDIANO DE SANGUE", de Cormac McCarthy (1 a 31 de Janeiro de 2008)

"METAMORFOSES", de Ovídio (1 a 29 de Fevereiro de 2008)

POESIA DE AL BERTO (1 a 31 de Março de 2008)

"O MANUAL DOS INQUISIDORES", de António Lobo Antunes (1 a 30 de Abril de 2008)

SERMÕES DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1 a 31 de Maio de 2008)

"MAU TEMPO NO CANAL", de Vitorino Nemésio (1 a 30 de Junho de 2008)

"CHORA, TERRA BEM-AMADA", de Alan Paton (1 a 31 de Julho de 2008)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2008)

"MENSAGEM", de Fernando Pessoa (1 a 30 de Setembro de 2008)

"LAVOURA ARCAICA" e "UM COPO DE CÓLERA" de Raduan Nassar (1 a 31 de Outubro de 2008)

POESIA de Sophia de Mello Breyner Andresen (1 a 30 de Novembro de 2008)

"FOME", de Knut Hamsun (1 a 31 de Dezembro de 2008)

"DIÁRIO 1941-1943", de Etty Hillesum (1 a 31 de Janeiro de 2009)

"NA PATAGÓNIA", de Bruce Chatwin (1 a 28 de Fevereiro de 2009)

"O DEUS DAS MOSCAS", de William Golding (1 a 31 de Março de 2009)

"O CÉU É DOS VIOLENTOS", de Flannery O´Connor (1 a 15 de Abril de 2009)

"O NÓ DO PROBLEMA", de Graham Greene (16 a 30 de Abril de 2009)

"APARIÇÃO", de Vergílio Ferreira (1 a 31 de Maio de 2009)

"AS VINHAS DA IRA", de John Steinbeck (1 a 30 de Junho de 2009)

"DEBAIXO DO VULCÃO", de Malcolm Lowry (1 a 31 de Julho de 2009)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2009)

POEMAS E CONTOS, de Edgar Allan Poe (1 a 30 de Setembro de 2009)

"POR FAVOR, NÃO MATEM A COTOVIA", de Harper Lee (1 a 31 de Outubro de 2009)

"A ORIGEM DAS ESPÉCIES", de Charles Darwin (1 a 30 de Novembro de 2009)

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