Leitura Partilhada
quarta-feira, novembro 30, 2005
 
Para escrever é preciso ser livre. (Os Tarahumaras, pag. 121)


leitora
 
  "A QUESTÃO QUE SE COLOCA..."


"O que é grave
é sabermos
que atrás da ordem deste mundo
existe uma outra
Que outra?

Não o sabemos.

O número e a ordem de suposições possíveis
neste campo
é precisamente
o infinito!

E o que é o infinito?

Não o sabemos com certeza.

...
"

Antonin Artaud

http://www.palcoinsanio.hpg.ig.com.br/julgamento.htm

Troti
 
 
DEO ENDOVELLICO, PRAESENTISSIMI AC PRAESTANTISSIMI NUMINIS
(Deus Endovélico, génio aqui presente e muito prestativo)

Sabeis caros leitores quem eram Serápis, Trebaruna, Nabia, Endovélico, Bormanico, Bandonga, Atégina, Turiacus, Tongoenabiagos ...?
Ao calcorrear o campo devido a minha actividade, aprendi a descortinar em companhia de gente muito sábia (um abraço aos filhos predilectos de Orlando Ribeiro) algum dos seus sinais nas rochas.
Parece que já todos advínhamos; são os nosso deuses da época pré-cristã que representavam o amor, a guerra, o nascimento, a medicina, o ódio, as águas minerais, o prazer carnal, as colheitas...
De todos estes, o mais impressionante era o Deus Endóvélico, talvez na Lusitania o deus dos Deuses (representava a medicina, a segurança, a paz, o milagre) e era ao mesmo tempo um deus solar e subterrâneo e um deus masculino e feminino.
Eu sou completamente destituído de fé, seco como uma palha no pico do calor, de qualquer ingerência divina, mas quando fui ao Santuário do Endovélico (Outeiro de São Miguel da Mota-Alandroal) quase que me converti à religião de Orlando Ribeiro.
Era Abril de 1997, um dia belíssimo, e andava a trabalhar para a Universidade de Aveiro e aproveitei para fazer uma visita turística ao local.
Depois de vasculhar umas rochas (pedras?), sentei-me cansado, a observar e a ler a vasta planície verde, imensa, linear e infinita; vieram-me as lágrimas aos olhos, enquanto estivesse vivo a sabedoria seria um dos meus pilares e como é fácil descobrir a sua porta e finalmente abri-la... e pouco interessava aquilo que sabia.
Em meditação fui sacudido por um ligeiro abanão, seria o vento, seria uma estrutura tectónica a reactivar-se, seria... fiquei aterrado e desci a colina rapidamente.
Quando voltar ao Santuário, enviarei uma piscadela de olho a Orlando Ribeiro e a J. Leite de Vasconcelos e farei companhia a Heliogabalo, aos sacerdotes Tarahumaras, e obviamente estarei de braço dado com Antonin Artaud e terei Peytol; e juntos faremos um ritual ao culto solar.

Nota 1: Visitem com urgência a Fraga de Panóias (Vila Real).
Nota 2: Visitem o Museu Nacional de Arqueologia e peçam para ver o espólio do Endovélico e ficareis abismados.
Nota 3: Peço a Bormanico (o deus das águas termais ) um bom ano de 2006.
Alguém me pode dar indicações sobre este Deus (locais, imagens, escritos...) ?
Nota 4:Tenho uma fotografia para colocar aqui, gostava de mudar de letra, colocar o post em Novembro, não tenho acesso aos comentários, mas depois de eu estar doente...adoeçeu o meu computador.

Castela
 
 
No mês em que percorremos a loucura, mais um texto que nos faz pensar:

"Nós não podemos falar nada sobre nós e a nossa época, sem começarmos por definir a loucura.
Como é que se explica que nós sejamos seres dotados de razão, enquanto a nossa sociedade é tão ligada à loucura?
Como as pessoas que tem toda a sua razão podem agir como se estivessem loucas e acreditar nas idéias loucas que a sociedade lhe impõe?
Nós podemos encontrar uma resposta com aqueles que perderam a razão.
O que é que os deixou loucos?
As pessoas ficam assim quando não chegam a criar uma relação funcional e prática com a sociedade e com a realidade.
O que eles fazem?
Eles criam uma sociedade que é uma realidade para eles.
Eles ficam loucos para não perder a sua razão.
A sua loucura é a explicação que eles dão para a loucura que eles encontram no mundo."

Edward Bond

http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/poesia.asp?poesiaid=63

Gabriel
 
terça-feira, novembro 29, 2005
 

Autorretrato de 1947

« Moi je réponds que nous sommes tous en état épouvantable d'hypotension,
nous n'avons pas un atome à perdre sans risquer d'en revenir immédiatement au squelette, alors que la vie est une incroyable prolifération, l'atome éclos en pond un autre, lequel en fait immédiatement éclater un autre.
Le corps humain est un champ de guerre où il serait bon que nous revenions.
C'est maintenant le néant, maintenant la mort, maintenant la putréfaction, maintenant la résurrection
attendre je ne sais pas quelle apocalypse d'au-delà,
l'éclatement de quel au-delà pour se décider à reprendre les choses est une crapuleuse plaisanterie.
C'est maintenant qu'il faut reprendre vie. »


"Œuvres"
Antonin ARTAUD

Troti
 
segunda-feira, novembro 28, 2005
  Janela



leitora
 
  Carta Aberta
Abandonai as cavernas do ser. Vinde o espírito se revigora fora do espírito. Já é hora de deixar vossas moradas.

Cedei ao Omni-Pensamento. O Maravilhoso está na raiz do espírito. Nós estamos dentro do espírito, no interior da cabeça. Idéias, lógica, ordem, Verdade (com V maiúscula), Razão: tudo isso oferecemos ao nada da morte. Cuidado com vossas lógicas, senhores, cuidado com vossas lógicas; não imaginais, até onde pode nos levar nosso ódio à lógica.

A vida, em sua fisionomia chamada real, só se pode determinar mediante um afastamento da vida, mediante uma suspensão imposta ao espírito; porém a realidade não está aí. Não venham pois, enfastiar em espírito a nós que apontamos para certa realidade supra-real, a nós que há muito tempo não nos consideramos do presente e somos para nós como nossas sombras reais.

Aquele que nos julga ainda não nasceu para o espírito, para este espírito a que nos referimos e que está, para nós, fora do que vós chamais espírito. Não chamem demasiado nossa atenção para as cadeias que nos unem à imbecilidade petrificante do espírito. Nós apanhamos uma nova besta.

Os céus respondem a nossa atitude de absurdo insensato. O hábito que tendes todos vós de dar às costas às perguntas não impedirá que os céus se abram no dia estabelecido, e que uma nova linguagem se instale no meio de vossas imbecis transações. Queremos dizer: das transações imbecis de vossos pensamentos.

Existem signos no Pensamento. Nossa atitude de absurdo e de morte é da maior receptividade. Através das fendas de uma realidade em frente não viável, fala um mundo voluntariamente sibilino.


Antonin Artaud
http://www.dhnet.org.br/desejos/textos/artaud/artaud5.htm


Troti
 
domingo, novembro 27, 2005
  Serra


leitora
 
sábado, novembro 26, 2005
  conceitos: imagem inabitada, imagem povoada

Não acredito na imaginação absoluta, quero dizer aquela que faz qualquer coisa de nada, não há imagem mental que não pareça membro cortado de uma imagem agida e vivida em qualquer lado. (Os Tarahumaras, pag. 106)
leitora
 
  Casa



leitora
 
sexta-feira, novembro 25, 2005
  Crianças





leitora
 
 
Na montanha tarahumara tudo fala apenas do Essencial, quer dizer, dos princípios pelos quais se formou a Natureza; e tudo vive apenas por tais princípios: os Homens, as tempestades, o vento, o silêncio, o sol. (Os Tarahumaras, pag. 68)

leitora
 
quinta-feira, novembro 24, 2005
  Imagem serra tarahumara




leitora
 
  Riobaldo? Nonada
Deserto.
deSertão.

Sertão, ai Sertão, Grande Sertão: Veredas.

Vizi, eu Riobaldo? Nonada.

"Sufoquei numa estrangulação de dó.
Ela rezava rezas da Bahia. Mandou todo mundo sair. Eu fiquei. E a mulher abanou
brandamente a cabeça, consoante deu um
suspiro simples. Ela me mal-entendia. Não me mostrou de propósito o corpo e
disse...
Diadorim - nú de tudo. E ela disse:
- 'A Deus dada. Pobrezinha...'
Diadorim era mulher como o sol não ascende a água do rio Urucuia, como eu
solucei meu desespero."
Grande Sertão: Veredas
Gimarães Rosa



Vizi
***
 
  notas biográficas


Chega, chega e torna a chegar deste traumatismo castigo.
Cada aplicação de electrochoques me deixou mergulhado num terror de várias horas. E sempre que eu via aproximar-se outra sessão não podia furtar-me ao desespero, por não ignorar que iria uma vez mais perder a consciência e ver-me um dia inteiro sufocado no meio de mim próprio sem conseguir reconhecer-me, sabendo muito bem que estava num sítio qualquer mas só o diabo podia dizer qual, e como morto.
(Os Tarahumaras, pag. 31)


leitora
 
quarta-feira, novembro 23, 2005
  começar assim
OS TARAHUMARAS

“Como eu já disse” (pag. 11)


Parece-me bem, parece-me muito bem.



leitora
 
 
O sexo está presente intensamente nesta obra, mas apenas traduz uma realidade histórica. A importância desta actividade nunca me deixa de surpreender; e desde as primeiras formas de arquitectura no nosso território, francamente sexuais e sepulcrais (dólmens e menires) até à actualidade (veja-se a Internet) ele está por todo o lado e sempre deturpado. Pobre sexo, tão incompreendido!
A transcendência do acto sexual, foi imensamente utilizado por todas as religiões, louvando-o (principalmente as pré-monotéistas) ou tendo-o por inimigo (as monoteístas).
A evolução e o auge orgástico remete-nos para, a imaterialidade do ser, a unidade, o prazer, o auto-conheciemento e o afecto por outrem; será uma (i)materialização do éden?
Mas também pode acarretar loucura, crime, dor, traição, maldade, vazio e morte que nos coloca na antecâmara do inferno; não foi isto o que aconteceu a Heliogobalo?

Castela
 
terça-feira, novembro 22, 2005
  anarquias

Os princípios só valem para o espírito que pensa, e quando pensa; fora do espírito que pensa, um princípio reduz-se a nada. (Heliogabalo, pag. 62)
leitora
 
 

O Amor, que é uma força, não existe sem a Vontade. Não se ama sem a vontade, a qual passa pela consciência. (Heliogabalo, pag. 56)

Ah, alguma vez tínhamos de estar de acordo. Apesar de eu achar, novamente, que esta é apenas uma das alternativas de olhar a realidade.


leitora
 
 
Julia Mamoea, a cristã

Até à instalação das grandes religiões monoteístas, proliferava toda uma miríade de cultos religiosos, qual deles o mais bizarro; estes envolviam a necessidade de ultrapassar a morte, explicar o mundo e melhorar as condições de vida individuais e colectivas da humanidade.
O culto solar anárquico de Heliogabalo (que não passa de um jovem), intenso e coerente, é já uma tentativa monoteísta de ordenar o império romano, através do caos e do sexo e subordina-lo ao culto de Emesa.
Esta tentativa não resultou, porque Júlia Mamoea, a cristã, não o permitiu. No entanto Heliogabalo e Mamoea eram aliados, em campos opostos, na luta contra o politeísmo vigente.
Era o advento de uma nova era, em que a mensagem moral e ética do Crucificado, começava a germinar.
Castela
 
segunda-feira, novembro 21, 2005
 
Porque o alienado também é um homem que a sociedade não quis ouvir e quis impedir de formular verdades insuportáveis. (Pag. 10 - fiquei tão contente por poder participar com a mesma edição!)

"Um pássaro na gaiola durante a primavera sabe muito bem que existe algo em que ele pode ser bom, sente muito bem que há algo a fazer, mas não pode fazê-lo. O que será? Ele não se lembra muito bem. Tem então vagas lembranças e diz para si mesmo: "Os outros fazem seus ninhos, têm seus filhotes e criam a ninhada", e então bate com a cabeça nas grades da gaiola. E a gaiola continua ali, e o pássaro fica louco de dor.
"Vejam que vagabundo", diz um outro pássaro que passa, "esse aí é um tipo de aposentado". No entanto, o prisioneiro vive, e não morre, nada exteriormente revela o que se passa em seu íntimo, ele está bem, está mais ou menos feliz sob os raios de sol. Mas vem a época da migração. Acesso de melancolia - "mas" dizem as crianças que o criam na gaiola, "afinal ele tem tudo o que precisa". E ele olha lá fora o céu cheio, carregado de tempestade, e sente em si a revolta contra a fatalidade. "Estou preso, estou preso e não me falta nada, imbecis. Tenho tudo o que preciso. Ah! por bondade, liberdade! ser um pássaro como outros."
Aquele homem vagabundo assemelha-se a este pássaro vagabundo...
E os homens ficam freqüentemente impossibilitados de fazer algo, prisioneiros de não sei que prisão horrível, muito horrível.
Há, também, eu sei, a libertação, a libertação tardia. Uma reputação arruinada com ou sem razão, a penúria, a fatalidade das circunstâncias, o infortúnio, fazem prisioneiros.
Nem sempre sabemos dizer o que é que nos encerra, o que é que nos cerca, o que é que parece nos enterrar, mas no entanto sentimos não sei que barras, que grades, que muros.
Será tudo isto imaginação, fantasia
? Não creio; e então nos perguntamos: meu Deus, será por muito tempo, será para sempre, será para a eternidade?
Você sabe o que faz desaparecer a prisão. É toda afeição séria, profunda. Ser amigos, ser imãos, amar, isto abre a porta da prisão por poder soberano, como um encanto muito poderoso. Mas aquele que não tem isto permanece na morte.
Mas onde renasce a simpatia, renasce a vida.
Além disso, às vezes a prisão se chama preconceito, mal-entendido, ignorância, falta disto ou daquilo, desconfiança, falsa vergonha."
Van Gogh em carta para Théo (Julho de 1880)

Tem-se aqui o Van Gogh preso pelas convenções, com vontade de ser útil, em busca de comunhão com seu irmão. Um Vincent querendo se libertar, alçar seus vôos de corvo.

"Quanto a nós, é preciso cuidar para não ficarmos doentes, pois, se adoecêssemos, estaríamos mais isolados, por exemplo, que o pobre zelador que acaba de morrer; estas pessoas têm um ambiente e vêem o vaivém doméstico e vivem na ignorância. Mas nós estamos aí, sós com os nossos pensamentos, e às vezes gostaríamos de ser ignorantes. Dado o físico que temos, precisamos viver com os companheiros.
(...)
Sabe que eu acho que uma associação de impressionistas seria um negócio no gênero da associação dos doze pré-rafaelitas ingleses, e acho que ela poderia nascer. E que então sou levado a crer que os artistas garantiriam reciprocamente sua própria existência, independentemente dos marchands, resignando-se cada um a doar um número considerável de quadros à sociedade, e os lucros assim como as perdas sendo comuns.
Não acredito que esta sociedade durasse indefinidamente, mas creio que enquanto ela estivesse viva, viveríamos com mais ânimo e produziríamos.
Prefiro as coisas tais como são, tomá-las como são sem mudar nada, a reformá-las pela metade.
A grande revolução: a arte aos artistas, meu Deus, talvez seja uma utopia e então tanto pior.
Acho que a vida é curta e passa tão rápido; ora, sendo pintor é preciso portanto pintar".
(6 de junho de 1888)

Vincent buscou sempre essa comunhão que o faria libertar-se da jaula, fosse com o irmão, com Gauguin, com a tão sonhada associação de pintores.

"Tinha razão, Van Gogh, podemos viver para o infinito, satisfazer-nos apenas com o infinito, na terra e nas esferas há infinito bastante para saciar mil grandes gênios, e se Van Gogh não pôde satisfazer o seu desejo, que era irradiá-lo durante toda a vida, foi porque a sociedade lho proibiu.
Redonda e conscientemente proibiu.
(...)
Porque não foi à força de procurar o infinito que Van Gogh morreu, se viu obrigado a sufocar de miséria e asfixia, foi à força de ver que ele lhe era recusado pela turba de quantos acreditavam, mesmo na altura em que foi vivo, que podiam contra ele e o infinito". (Pag.51)

Ou como cantou Don McLean:
Starry starry night,
paint your palette blue and grey
Look out on a summers day
with eyes that know the darkness in my soul
Shadows on the hills
sketch the trees and the daffodills
Catch the breeze and the winter chills
in colors on the snowy linen land

Now I understand
What you tried to say to me
And how you suffered for your sanity
And how you tried to set them free
They would not listen
They did not know how
Perhaps they'll listen now

Starry Starry Night,
Flaming flowers that brightly blaze
Swirling clouds in violet haze
reflect in Vincents eyes of china blue.
Colors changing hue.
Morning fields of amber grain,
Weathered faces lined in pain
are soothed beneath the artists loving hand

For they could not love you,
but still your love was true
and when no hope was left in sight
on that Starry,Starry night
you took your life as lovers often do.
But I could've told you Vincent,
this world was never meant for one as beautiful as you

Starry ,Starry Night,
Portraits hung in empty halls.
Frameless heads on nameless walls,
with eyes that watch the world and cant forget.
Like the strangers that you've met.
The ragged men in ragged clothes.
The silver thorn of bloody rose
lie crushed and broken on the virgin snow

Now I think I know
what you tried to say to me
And how you suffered for your sanity
And how you tried to set them free
They would not listen.
They're not listening still
perhaps they never will.

Gabriel

 
domingo, novembro 20, 2005
 


O Teatro da Crueldade
Antonin Artaud

Troti
 
 

Ter o sentido da unidade profunda das coisas é ter o sentido da anarquia – e o esforço a fazer para reduzir as coisas levando-as à unidade. (Heliogabalo, pag. 47)

O oposto é igualmente viável e verdadeiro. É meramente uma questão de perspectiva.



leitora
 
 
Este livro não é apenas excêntrico e demencial; é também inovador, denso, rico, reflexivo e histórico.
Estou realmente surpreendido. Nota máxima?
Assim se compreendem as razões do desmoronamento do império romano. Tudo se revela nestes imperadores pérfidos, verdadeiros monstros enlouquecidos em constante autofagismo. Na dinastia dos Severos, dos 6 imperadores, cinco foram assassinados brutalmente. Heliogabálo foi apenas um deles, sendo o mais monstruoso, o provável Pai de Heliogobálo- o temido Carcalla.
Nietzsche, provavelmente não tinha razão, ao atribuir a causa da ruína do império ao aparecimento da seita católica. E eu que sempre fui crédulo no filósofo Alemão.
Estou completamente efervescente ao escrever este “post”.
Caros leitores (onde incluo os do nosso querido clube), quem quiser entender a irracionalidade monstruosa do poder e as razões obscuras da alma humana que a sustentam, têm aqui um espantoso livro.
Castela
 
sábado, novembro 19, 2005
 

Todos os que triunfam ou dão que falar têm, eles também, algo de único; e os que, como Heliogabalo, conseguem ofuscar a História, decerto detêm qualidades que poderiam ter modificado o mundo, se as circunstâncias os tivessem favorecido. (Heliogabalo, pag. 46)

Esta ideia pode ser terrivelmente assustadora...


leitora
 
sexta-feira, novembro 18, 2005
 
Não julgo o resultado como a História pode julgá-lo; esta anarquia, esta libertinagem divertem-me, sob o ponto de vista da História e sob o ponto de vista de Heliogabalo (Heliogabalo, pag. 19)

Esta investigação é um divertimento. Um estranho divertimento...

leitora
 
  Resposta
Pequeno intervalo no impressionante Heliogabalo.
Tal como Van Gogh, Antero de Quental foi um génio enlouquecido pela Piscose Maníaca-Depressiva, que o impediu de atingir maiores cumes literários. Lembram-se de Dom Quixote? Actualmente, se os doentes forem conscienciosos, a doença é facilmente controlável; todos os dias estão por aqui (amigos, colegas, filhos, companheiros…). Artaud sofria de outra patologia, actualmente ainda muito grave.
E agora como resposta a Learce, utilizo o meu (o nosso) “Antero”.


DESPONDENCY
Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade...
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram...

Deixá-la ir, a vela que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do Sul se levantaram...

Deixá-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa...

Deixá-la ir, a nota desprendida
Dum canto extremo... e a última esperança...
E a vida... e o amor... deixá-la ir, a vida!

Antero de Quental
Castela
 
quinta-feira, novembro 17, 2005
  Heliogabalo, a personagem historica
Elagabalus or Heliogabalus (c. 203–March 11, 222), born Varius Avitus Bassus and also known as Varius Avitus Bassianus Marcus Aurelius Antoninus, was a Roman emperor of the Severan dynasty who reigned from 218 to 222. Elagabalus was and is one of the most controversial Roman emperors. During his reign he showed a disregard for Roman religious traditions and sexual taboos. Elagabalus' name is a Latinized form of the Semitic deity El-Gabal, a manifestation of the Semitic deity Ēl. He replaced Jupiter, head of the Roman pantheon, with a new god, Deus Sol Invictus, which in Latin means "the Sun, God Unconquered". Elagabalus forced leading members of Rome's government to participate in religious rites celebrating Sol invictus which he personally led.

He also took a Vestal Virgin as one of a succession of wives and openly flaunted that his sexual interest in men was more than the pastime of previous emperors.

Elagabalus developed a reputation among his contemporaries for eccentricity, decadence, and zealotry which was likely exaggerated by his successors. This black propaganda was passed on and as such he was one of the most reviled Roman emperors to early Christian historians and later became a hero to the Decadent movement of the late 19th century.

(para ler a continuacao)

Fonte: Wikipedia
.
Joana
 
  oriente - ocidente

somos nós, nós, gentes do Ocidente, os dignos filhos dessa mãe estúpida, porque, aos nossos olhos, somos nós os únicos civilizados, e tudo o mais, que é a medida da nossa universal ignorância, se identifica com a barbárie. (Heliogabalo, pag. 16)

O Oriente, longe de transmitir as suas doenças e o seu mal-estar, permitiu que não se perdesse a Tradição. Os princípios não se inventam, não se descobrem, conservam-se, comunicam-se. (Heliogabalo, pag. 16)


leitora
 
quarta-feira, novembro 16, 2005
 
Heliogabalo



leitora
 
terça-feira, novembro 15, 2005
 
"...a humanidade não quer dar-se ao trabalho de viver, de entrar nessa coabitação natural das forças que formam a realidade para tirar daí um corpo que já nenhuma tempestade conseguirá penetrar.
Sempre gostou mais de se contentar muito simplesmente em existir.

...

Quem não cheira a bomba assada e vertigem comprimida não é digno de estar vivo.
Foi o ditame que o pobre van Gogh em acesso de chama fez questão de manifestar.
(p.44/45)

Troti
 
segunda-feira, novembro 14, 2005
  Quanto Vale o Leitura Partilhada?
http://blogshares.com/blogs.php?blog=http://leiturapartilhada.blogspot.com%2F
.
Joana
 
 
Para relembrar as leituras de Maio e Junho: Dom Quijote.

http://www.atalantafilmes.pt/2005/domquixote/


Elsita

 
 
11 de Setembro 1891

Porque Antero de Quental andou ostensivamente por esses caminhos que estamos a percorrer aqui no blogue ao longo deste mês.


Antero de Quental

São Miguel está, como quase sempre, sob uma espessa camada de nuvens. Azorian torpor é como os ingleses chamam a esta atmosfera opressiva, obsidiante, que não só atormenta o corpo como parece infiltrar-se e assediar a mente.




Metendo pela Rua de S. Brás, encaminha-se a passos lentos para o Campo de São Francisco, uma ampla praça pública de Ponta Delgada. Aí, senta-se num banco, junto do muro do convento da Esperança.. Nesse muro, por cima do banco, um dístico em pedra lavrada mostra a palavra esperança sobreposta a uma âncora. Antero sorri. Esperança e uma âncora que o segurem à vida, eis precisamente o que lhe falta.
Fonte


Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva no colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!

Antero de Quental

...
laerce
 
 
"As suas paisagens são velhos pecados que ainda não reencontraram os seus primitivos apocalipses, mas não deixarão de fazê-lo.
Por que hão-de as pinturas de Van Gogh dar-me assim a sensação de serem vistas como quew do outro lado do t~umulo de um mundo onde os seus sói terão sido, no fim de contas, tudo quanto rodou e iluminou alegremente?
Pois o que vive e morre nas suas paisagens convulsionárias e nas suas flores não será a história inteira daquilo a que um dia se chamou a alma?"
(p.43)

Toti
 
 
Será este o rosto intranquilo, amargurado e psicologicamente contraditório, o causador da morte de Vicent? Artaud tinha razão?
O quadro é belíssimo e capta todo o psiquismo do Dr. Gachet... e a resposta parece-me óbvia.

"Encontrei no Dr. Gachet um verdadeiro amigo, qualquer coisa como um outro irmão, tanto nos parecemos física como mentalmente.
Também ele é um homem muito nervoso e bastante estranho no seu comportamenot; tem mostrado simpatia com os artistas da nova escola e tem-nos ajudado tanto quanto pode.
Pintei o seu retrato outro dia, e vou também pintar um retrato da filha dele que tem 19 anos. Perdeu a mulher há alguns anos, o que muito contribuiu para o tornar num homem despedaçado...
Assim , o retrato do Dr. Gachet mostra uma cara cor de tijolo sobreaquecido e queimado pelo sol, com cabelo arruivado e um boné branco, rodeado por um cenário rústico e um fundo de montes azuis; as roupas são de um azul ultramarino- o que realça a cara e a torna mais pálida, apesar do facto der cor de tijolo.
As mãos, são as mão de um obstreta, são mais pálidas do que a cara. À frente dele, em cima de uma mesa vermelha de jardim, estão livros amarelos e dedaleiras de um tom roxo sombrio".
Carta para a irmã (1ª metade de Junho de 1890)

Castela
 
domingo, novembro 13, 2005
 
"A luz tempestuosa da pintura de van Gogh começa as suas recitações sombrias no próprio instante em que deixamos de vê-la."
(p.40)

Troti
 
 
“Com efeito, o rosto humano transporta uma espécie de morte perpétua no rosto”.
Artaud a propósito do auto-retrato com chapéu de feltro (p.78).

Ontem passei algum tempo a procurar a morte no meu rosto e encontrei-a; depois procurei nos retratos dos meus íntimos e ela lá estava serena, e se em alguns casos ela é evidente, noutros está bem submersa; a espera do erro, do acaso e do tempo...e então sentei-me angustiado e perdido, a olhar para a face dos Meus Amores.

Castela
 
sábado, novembro 12, 2005
 
"...Van Gogh terá sido, realmente, o mais autêntico pintor entre todos os pintores, o único que não quis ultrapassar a pintura como meio estrito da sua obra, e quadro estrito dos seus meios.
E por poutro lado o único, absolutamente o único, que ultrapassou completamente a pintura, o acto inerte de representar a natureza para fazer jorrar, nessa representação exclusva da natureza, uma força rodopiante, um elemento arrancado em pleno coração.
Sob a representação fez brotar uma atmosfera, e fechado dentro dela um nervo, que não existem na natureza, que são de natureza e atmosfera mais verdadeiras do que a atmosfera e o nervo da natureza verdadeira."
(p.39)

Troti
 
  Off Topic
Boa tarde a todos os participantes da Leitura Partilhada.
Queria apenas deixar uma mensagem a agradecer o convite da leitora para me juntar a vós.
Obrigada e boas leituras!
Elsita
 
sexta-feira, novembro 11, 2005
 
Depois de Van Gogh não descreverei, portanto, um quadro de Van Gogh mas direi que Van Gogh é pintor porque voltou a congregar a natureza, como que a retranspirou e fez suar, fê-la espirrar em feixes nas telas, em molhos como monumentais de cores, a secular trituração de elementos, a assustardora pressão elementar de apóstrofes, estrias, vírgulas, traços cujos correspondentes naturais já não se pode acreditar, depois dele, que estejam por fazer.
...
Um plantio de trigo ao vento oblíquo, que tem por cima as asas de um único pássaro em vírgula pousado, que pintor não estritamente pintor poderia ter tido, como van Gogh, a audácia de se atirar a tema de uma tão desarmante simplicidade?
...
E não conheço pintura apocalíptica, hieroglífica, fantasmagórica ou patética que me dê, a mim, esta estrangulada sensação de oculto...
...
(p.35/37)

Troti
 
quinta-feira, novembro 10, 2005
 
"Descrever um quadro de van Gogh, para quê?! Nenhuma descrição que outro tente poderá valer o simples alinhamento de objectos naturais e matizes a que o próprio Van Gogh se entrega,
tão grande escritor como grande pintor e que dá, a propósito da obra descrita, a impressão da mais estonteante autenticidade
."
(p.32)

Troti
 
quarta-feira, novembro 09, 2005
 
"Nunca ninguém escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu, inventou, sem ser para sair realmente do inferno."
(p.31)

Troti
 
 
Não há fantasmas nos quadros de Van Gogh, nem visões, nem alucinações.
Há a verdade tórrida de um sol das duas da tarde.
Um lento pesadelo genésico a pouco e pouco elucidado.
Sem pesadelo e sem efeito.
Mas lá se encontra o sofrimento ante-nascido.
(Pag. 36)



leitora
 
terça-feira, novembro 08, 2005
 
Na França, nos anos 20, dadaístas e surrealistas contestam os valores estabelecidos. Apontam como seu precursor Alfred Jarry, que, no fim do século XIX, criou as farsas ligadas ao personagem absurdo do Pai Ubu. Antonin Artaud é o principal teórico desse movimento.





Confesso que Artaud é um autor incómodo. Creio que será sempre. Penso que nunca passará de um círculo reduzido de entendidos em arte e literatura com as teorias todas preto no branco, Tudo muito bem catalogado, época, estilo, ideias, dialéctica, ética, imagética, estética e tudo mais que acharmos necessário dizer para que continue no seu nicho, endeusado ou desprezado pelo conteúdo da sua vida e da sua obra.

E, no entanto, não o podemos ignorar, nós que temos da leitura a fruição estética e a partilha de temas pertinentes para a compreensão do homem e da sociedade, não podemos esquecer a loucura que perpassa em tanta coisa que vemos e que Artaud revela com a sensibilidade peculiar de um artista/ ser humano muito, mas mesmo muito, para além do ‘ politicamente correcto’.
...
laerce


 
 
"O que Van Gogh mais prezava no mundo era a sua ideia de pintor, a sua terrível ideia fanática, apocalíptica, de iluminado.
...
o apocalipse, um apocalipse consumado, neste momento está a incubar nas telas do velho Van Gogh martirizado, e aterra precisa dele para escoicinhar com cabeça e pés."
(p.30/31)

Troti
 
 


Porque a realidade é terrivelmente superior a qualquer história, qualquer fábula, qualquer divindade, qualquer surrealidade.
Basta haver génio de saber interpretá-la.
(Pag. 23)



leitora
 
segunda-feira, novembro 07, 2005
  "Somos hoje o que éramos ontem"
"Às vezes é bom ir ao fundo e freqüentar os homens, e às vezes somos até obrigados e chamados a isto, mas aquele que prefere permanecer só e tranqüilo em sua obra, e não quer ter mais que uns poucos amigos, é quem circula com maior segurança entre os homens e no mundo. É preciso não se fiar jamais no fato de viver sem dificuldades ou sem preocupações ou obstáculos de qualquer natureza, mas não se deve procurar ter uma vida muito fácil. E mesmo nos ambientes cultos e nas melhores sociedades e circunstâncias favoráveis, é preciso conservar algo do caráter original de um Robinson Crusoé ou de um homem da natureza, jamais deixar extinguir-se a chama interior, e sim cultivá-la. E aquele que continua a guardar a pobreza e que a preza, possui um grande tesouro e ouvirá sempre com clareza a voz de sua consciência; aquele que escuta e segue esta voz interior, que é o melhor dom de Deus, acabará por encontrar nela um amigo e jamais estará só..."

Van Gogh, em carta para seu irmão Théo

Gabriel
 
 
"Há dias em que o coração sofre tão terrívelmente o beco sem saída, que apanha como uma pancada de cana na cabeça, a ideia de já não conseguir passar."
(p.30)

Troti
 
  sois embriagados
Daquele que em vida fez girar tantos sóis embriagados sobre tantas medas saídas do exílio. (Pag. 21)



lindo.


leitora
 
domingo, novembro 06, 2005
 
"Também sou como o pobre Van Gogh, já não penso mas dirijo cada vez de mais perto formidáveis ebulições internas, e só faltava que uma medicina medíocre viesse repreender-me por me cansar."
(p.28)

Troti
 
 
Porque até ali ninguém tinha, como ele, feito da terra aquele trapo sujo a escorrer vinho e ensopado com sangue. (Pag. 21)

Esta é uma imagem que eu nunca tinha alcançado. Mesmo assim não sei se consigo. Demasiado cru. Mas acho que Artaud tem razão...


leitora
 
sábado, novembro 05, 2005
 
"...Van Gogh era destas naturezas com uma lucidez superior que em qualquer circunstância lhes permite ver mais longe, infinita e perigosamente mais longe do que o real imediato e aparente dos factos.
Quero dizer dessa consciência que a consciência tem por costume manter vigiada.
No fundo dos seus olhos como que pelados de carrasco, Van Gogh entregava-se, incansável, a uma destas operações de alquimia soturna que tomaram a natureza como objecto e o corpo humano como marmita ou cadinho."
...
É que Van Gogh tinha atingido o estado do iluminismo em que o pensamento em desordem reflui perante as descargas invasoras
e em que pensar deixou de ser gastar-nos,
e deixou de ser,

e em que só resta juntar corpos, quero dizer
EMPILHAR CORPOS."

(p.27)

Troti
 
  fronteiras

E o que é alienado autêntico?
É um homem que preferiu ficar doido, no sentido em que socialmente o entendemos, a envergonhar uma certa ideia superior de honra humana.
(Pag. 12)

leitora
 
sexta-feira, novembro 04, 2005
 
"Van Gogh pensava que temos de saber deduzir o mito das coisas mais terra-a-terra da vida."
(p.23)

Troti
 
  terminal

Van Gogh não era doido mas as suas pinturas eram foguetes incendiários, bombas atómicas cujo ângulo de visão, ao lado de todas as outras pinturas que na época faziam estragos, foi capaz de perturbar com gravidade o conformismo larvar da burguesia Segundo Império e dos esbirros de Thiers, Gambetta e Félix Faure, tal como os de Napoleão III (pag. 10)


(Quando Artaud visita a exposição de Van Gogh no L’Orangerie tinha acabado de sair de um longo internamento em asilos psiquiátricos e após lhe ter sido diagnosticada uma doença terminal. Deram-lhe três meses de vida.)
leitora
 
quinta-feira, novembro 03, 2005
 
"...há desfiles giratórios constelados por tufos de plantas de carmim, caminhos escavados que um teixo remata, sóis violáceos a rodar sobre medas de trigo de ouro puro...
para lembrar de que simplicidade sórdida de objectos, pessoas, materiais, elementos,
Van Gogh extraiu estas espécies de canto de orgão, estes fogos-de-artifício, estas epifanias atmosféricas...

...

e o drama fica iluminado."

(p.20/22)


Paul Gauguin's Armchair
Arles,Dec 1888

Troti
 
quarta-feira, novembro 02, 2005
 
"PORQUE É LOGICA ANATÓMICA DO HOMEM MODERNO SÓ CONSEGUIR VIVER, OU PENSAR EM VIVER, COMO UM POSSESSSO."
(p.16)

Troti
 
 

Wheatfield with Crows, Julho de 1890 Oil on Canvas, 50.5 X 103 cm Van Gogh Museum, Amsterdam(Vincent van Gogh Foundation
Retirado do site:
www.communitas.princeton.edu/blogs/writingart4

Vincent escreveu ao irmão sobre as pinturas com campos de trigo que executou em Auvers.
“Com isso procuro deliberadamente expressar o sentimento de tristeza e extrema solidão que há nelas”.

Corvos muito pretos que fogem em revoada ao mais pequeno estrépito, o céu matizado de mil azuis carregados de turbulência que deveriam ser cinzentos; e um caminho no campo de trigo, que divaga no horizonte e se estende até à eternidade.

Quem sou eu? Quem és tu? Porque sofres tanto? Dispara no peito, é dia 27 de Julho de 1890.

Quem te suicidou?
- Artaud aponta para a sociedade, que se serve e utiliza o Dr. Gachet e a jovem psiquiatria. Antonin é enquanto escreve... Vincent.
- A demência bibolar é temível..., especialmente em 1890!
- Ou então foi aquele caminho tão tentador...para o abismo e aqueles corvos a sussurrarem...”não temas, não temas...” .
- ...................................................................................

Castela
 
terça-feira, novembro 01, 2005
 
"Van Gogh não morreu de um estado de delírio seu
mas por ter sido corporalmente campo de um problema à volta do qual se debate desde as origens o espírito iníquo desta humanidade.
O da predominância da carne sobre o espírito, ou do corpo sobre a carne, ou do espírito sobre um e outra.
E neste delírio onde fica o lugar do eu humano?
Durante toda a vida Van Gogh procurou o seu com energia e determinação estranhas,
não se suicidou num ataque de loucura, no transe de lá não chegar,
pelo contrário, acabava de lá chegar e descobrir o que era e quem era quando a consciência geral da sociedade, como castigo de ele se ter extirpado dela,
o suicidou."

(p.15)

O problema do eu humano e da sua autonomia será sempre um desafio.

Troti
 
 


"POST SCRIPTUM"

Qui suis-je?
D'où je viens?
Je suis Antonin Artaud
et que je le dise
comme je sais le dire
immédiatement
vous verrez mon corps actuel
voler en éclats
et se ramasser
sous dix mille aspects
notoires
un corps neuf
où vous ne pourrez
plus jamais
m'oublier.



http://www.antoninartaud.org/

Troti
 

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