Leitura Partilhada
domingo, setembro 30, 2007
 
ecos do paraíso perdido



Cântico Negro



"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí.




José Régio, Poemas de Deus e do Diabo


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laerce
 
sexta-feira, setembro 28, 2007
  except whom / God and good angels guard by special grace
William Blake (1757-1827)

Strange alteration! Sin and Death amain
Following his track, such was the will of heaven,
Paved after him a broad and beaten way
Over the dark abyss, whose boiling gulf
Tamely endured a bridge of wondrous length
From hell continued reaching the utmost orb
Of this frail world; by which the spirits perverse
With easy intercourse pass to and fro
To tempt or punish mortals, except whom
God and good angels guard by special grace.

Seremos verdadeiramente possuidores de livre arbítrio ou meros escravos da predestinação? O que nos salva: a vontade individual ou a graça de Deus? Poderemos ter a pretensão de O demover, caso tenha decidido que faríamos parte do clube dos danados?

Pelágio rejeitava a doutrina da predestinação e do pecado original, acreditando que cada indivíduo nasceria limpo de culpa, podendo até, se o desejasse, ter uma vida isenta de pecado. Este monge britânico do sec. IV, que não via necessidade no baptismo, tinha a convicção de que o Homem seria capaz de praticar o bem sem a intervenção de Deus. Foi considerado herético, excomungado e condenado, num processo liderado por Santo Agostinho, o qual, pelo contrário, afirmava que negar o pecado original é negar a salvação de Cristo. Para o bispo de Hipona, a vontade do Homem não é soberana e a sua ilusão de liberdade nada significa, cabendo a Deus decidir se seremos salvos pela Sua graça ou condenados às torturas do inferno. Era nesta insondável arbitrariedade divina que criam alguns dos mais importantes nomes da Reforma, como Calvino e Lutero. E Milton, que tanto parece falar-nos do livre arbítrio, era um puritano.

azuki
 
quinta-feira, setembro 27, 2007
 
Disse também Deus: Haja luminares
Na vastidão do céu a separar
Dia da noite, e sejam por sinais,
P'ra estações, e p'ra dias, e anos cíclicos,
E que sirvam de luzes, eu o ordeno,
Que a luz do firmamento do céu tragam
P'ra dar luz sobre a terra. E assim foi.

Livro VII

Conforta acreditar que Deus existe.

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laerce
 
terça-feira, setembro 25, 2007
  For well I understand in the prime end / Of nature her the inferior, in the mind / And inward faculties
Milton, um dos principais maestros da execução do rei Carlos I, em prol dos ideais puritanos, foi um convicto defensor do divórcio e da liberdade de expressão e um combatente feroz da Igreja, enquanto instituição secular. Ao mesmo tempo, diz coisas como estas… Misoginia ou mero produto do seu tempo?

(…) here passion first I felt,
Commotion strange, in all enjoyments else
Superiour and unmoved, here only weak
Against the charm of beauty’s powerful glance.
Or nature failed in me, and left some part
Not proof enough such object to sustain,
Or from my side subducting, took perhaps
More than enough; at least on her bestowed
Too much of ornament, in outward show
Elaborate, of inward less exact.


(…) ao menos nela / Ornou em demasia, trabalhando / Na aparência o que dentro desleixava.* Mas perdoa-se-lhe a vacuidade e razão e autoridade são seus servos.* Se ela é bela, irresistivelmente bela, que interessam eventuais lacunas do intelecto?

For well I understand in the prime end
Of nature her the inferior, in the mind
And inward faculties, which most excel,
In outward also her resembling less
His image who made both, and less expressing
The character of that dominion given
O'er other creatures; yet when I approach
Her loveliness, so absolute she seems
And in herself complete, so well to know
Her own, that what she wills to do or say,
Seems wisest, virtuousest, discreetest, best;
All higher knowledge in her presence falls
Degraded, wisdom in discourse with her
Looses discount'nanced, and like folly shows;
Authority and reason on her wait,
As one intended first, not after made
Occasionally; and to consummate all,
Greatness of mind and nobleness their seat
Build in her loveliest, and create an awe
About her, as a guard angelic placed.
To whom the angel with contracted brow.


* tradução de Daniel Jonas

azuki
 
 
o inferno é já ali

O final da Livro VI trata da luta travada entre o Filho de Deus e Satanás. Como outras batalhas anteriores a esta, a narração é soberba na tensão dramática criada entre as forças em combate. O diabo não ganha a batalha( nem podia), mas também não morre e, se acontecer de ser ferido como na luta com o arcanjo Miguel "Logo sarou; que os espíritos que vivem/ Por todo vitais, não como homens frágeis /De entranhas, coração e fígado,/Rins, não morrem senão por extinção."
No confronto com o Messias, o exército de demónios precipitou-se "Orla do Céu abaixo, acompanhados /Pela ira eterna ardendo abismo dentro". O grande problema é que o abismo, muitas vezes, é já ali.

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laerce
 
segunda-feira, setembro 24, 2007
 
madame satã não é travesti

O reino do céu é todo no masculino, com ou sem. A única mulher tinha de ser logo o lado mais fraco e ainda por cima carregar as culpas da serpente que afinal era um ele. Onde a terna ideia da grande deusa mãe que rege as colheitas, os ciclos da vida e da morte? Parece-me , às vezes, que o paraíso perdido nunca foi paraíso.

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laerce
 
domingo, setembro 23, 2007
 
ordem natural versus ordem artificial

Não deixa de ser interessante notar a estratégia de Milton, aliás dentro da tradição épica, de apenas no Livro Cinco contar como tudo começou. Desde sempre se soube como prender a atenção do ouvinte/ leitor. Uma situação inicial de conflito é muito mais interessante do que uma situação banal. E nada mais conflituoso que o exercício do poder por decreto irrevogável, ainda que o autor desse decreto seja Deus.

Ouvi-me anjos, da luz prole, potências,
Virtudes, possessões, tronos, domínios
O decreto, por meu irrevogável,
Hoje concebi quem meu unigénito
Declaro, e aqui neste sacro monte
O ungi, a quem agora à minha destra
Contemplais (…)


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laerce
 
sábado, setembro 22, 2007
  This day I have begot whom I declare / My only Son
Christ on the Cross, Diego Velasquez
Museo del Prado, Madrid


Hear my decree, which unrevoked shall stand.
This day I have begot whom I declare
My only Son, and on this holy hill
Him have anointed, whom ye now behold
At my right hand; your head I him appoint;
And by myself have sworn to him shall bow
All knees in heaven, and shall confess him Lord:
Under his great vicegerent reign abide
United as one individual soul
For ever happy: him who disobeys
Me disobeys, breaks union, and that day
Cast out from God and blessed vision, falls
Into utter darkness, deep engulfed, his place
Ordained without redemption, without end.


O Cristianismo foi fundado por Jesus Cristo, filho de Deus em forma de homem, um pregador que teria vivido na Palestina do sec. I da nossa era, no tempo dos imperadores Octávio Augusto e Tibério, e que seria executado pelas autoridades romanas, sob pressão do Sinédrio. A complexa questão da natureza de Jesus Cristo é, talvez, a mais apaixonante de todas as interrogações do Cristianismo, tendo originado incontáveis e vigorosas lutas internas e feito nascer heresias várias ao longo dos séculos, sempre esmagadas pela Igreja: gnósticos, montanistas, maniqueístas, donatistas, arianistas, nestorianistas, monofisistas,... Porque a semelhança é apelativa e a diferença repele, nada como um Deus à imagem do Homem. Agora, se essa imagem do Homem é o filho de Deus ou o próprio Deus, é discussão que custou a cabeça a muita gente.

azuki
 
quinta-feira, setembro 20, 2007
  o que eles ganharam
...e eu vi nos frescos das paredes do extraordinário mosteiro Bachkovo, na Bulgária, o que aqueles (e, porventura, alguns de nós) ganharam.

azuki
 
terça-feira, setembro 18, 2007
  Against his better knowledge, not deceived, / But fondly overcome with female charm
Creation of Eve, 1509-10
MICHELANGELO Buonarroti
Fresco, 170 x 260 cm
Cappella Sistina, Vatican


She gave him of that fair enticing fruit
With liberal hand: he scrupled not to eat
Against his better knowledge, not deceived,
But fondly overcome with female charm.

No mundo pagão, o corpo era celebrado e o sexo funcionava como factor de união entre a humanidade e os deuses. O Cristianismo vem modificar a história do sexo e do amor, conduzindo a vergonha do corpo e a aversão ao sexo a limites difícies de imaginar. É certo que Adão e Eva são figuras do Velho Testamento mas, para a teologia judaica, o pecado do primeiro homem e da primeira mulher não era visto como um catastrófico carimbo que toda a Humanidade teria que carregar desde os tempos primordiais. Quem pela primeira vez avançou com esse eficaz mecanismo de controlo das mentes chamado pecado original foi Santo Agostinho. Reprovando a sexualidade através da imagem da Eva pecadora, a Igreja consegue arredar do curso da história a causadora do infortúnio do homem, libertando-o para as actividades que o aproximariam de Deus. O tal que aquele criou à sua imagem e que envia arcanjos para falar ao ouvido de Adão, enquanto mergulha Eva no estado de inconsciência que a silenciosa sujeição requer.

We may no longer stay: go, waken Eve;
Her also I with gentle dreams have calmed
Portending good, and all her spirits composed
To meek submission: thou at season fit
Let her with thee partake what thou hast heard,
Chiefly what may concern her faith to know

azuki
 
segunda-feira, setembro 17, 2007
 
o que eles perderam




Estou ainda no terceiro livro. Uma leitura só é pouco. É preciso concentração, para começar, claro. Setembro não me chegará para concluir Paraíso Perdido.
Entretanto fui vendo na cúpula da excessivamente barroca e bela igreja de Karlskirche, em Viena, o que aqueles perderam.


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laerce
 
domingo, setembro 16, 2007
 
versos que não quero perder

(...) pois quem irá ( verificar a profecia do homem novo)
Leva o peso que sobra da esperança.

.../...

És tu anjo rebelde, és tu ele,


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laerce
 
sexta-feira, setembro 14, 2007
 
só pilatos lavou as mãos

Deus, sentado no trono, vê Satanás a voar em direcção a este mundo, então recém – criado; indica-o ao Filho que está sentado à sua destra; prenuncia o sucesso de Satanás a perverter a humanidade; absolve a sua própria justiça e sabedoria de todas as imputações, tendo criado o homem livre e apto a resistir ao tentador; no entanto declara o seu propósito de graça com respeito a ele, em virtude de não ter caído por maldade própria, como Satanás, mas por ter sido por este seduzido.

Livro lll – Argumento
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laerce
 
quinta-feira, setembro 13, 2007
  uma passagem lindíssima, aliás, a minha favorita
Adão e Eva, Mabuse (aka Jan Gossaert)
National Galery, Londres


(...) - Awake
My fairest, my espoused, my latest found,
Heaven's last best gift, my ever new delight,
Awake, the morning shines, and the fresh field
Calls us, we lose the prime, to mark how spring
Our tended plants, how blows the citron grove,
What drops the myrrh, and what the balmy reed,
How nature paints her colours, how the bee
Sits on the bloom extracting liquid sweet.

...Such whispering waked her, but with startled eye
On Adam, whom embracing, thus she spake.

- O sole in whom my thoughts find all repose,
My glory, my perfection, glad I see
Thy face, and morn returned
(...)

azuki
 
quarta-feira, setembro 12, 2007
 
o outro rio da minha aldeia

E longe destes lento e mudo flúmen,
O Letes, o do olvido, enovela
Seu labirinto de água, que a memória
De ser mata a quem mata a sede lá
E o gozo e o pesar, prazer e dor.

Livro II- Paraíso Perdido


Paraíso Perdido aparentemente subverte a ordem estabelecida e é um convite à rebelião. Rios e mares de fogo ardente servem de pano de fundo às reuniões magnas dos demónios enquanto ponderam o caminho a seguir. O calor da discussão não impede, contudo, que sintamos a presença de um outro rio silencioso que corre em muitos outros livros e também na aldeia de cada um. Ao contrário de Caeiro, eu já pensei no que está para além dele. E tu?


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laerce
 
terça-feira, setembro 11, 2007
  knowledge is a food, and needs no less/ Her temperance over appetite
The Dream of Eve (1804), Henry Fuseli
Victoria and Albert Museum


Attend: that thou art happy, owe to God;
That thou continu'st such, owe to thyself,
That is, to thy obedience; therein stand.
This was that caution giv'n thee; be advised.

A maioria dos livros de ficção que abordou a questão das fronteiras do conhecimento pretende demonstrar que, se formos demasiado arrogantes, os resultados serão nefastos. Numa das sessões da Comunidade de Leitores da Biblioteca Municipal Almeida Garrett (Porto) de 2006, o Prof. Alexandre Quintanilha fala-nos de três livros em três séculos diferentes, que ilustram o pensamento vigente nas suas épocas, o de que “conhecimento sim, mas com sensatez e humildade”: Paraíso Perdido (1667), de John Milton, diz que perdemos o paraíso por querermos saber demais; O Monge (1796), de Mathew Lewis, fala do castigo que decorre da querermos utilizar a ciência para dominar a natureza; Frankenstein (1817), de Mary Shelley, avisa que o homem que quer ter a prerrogativa divina de criar vida será castigado pelo produto do seu conhecimento. Saber é abrir portas (para caminhos perigosos, ou não, depende do ponto de vista). Portas que, uma vez abertas, jamais se fecharão. Be advised.

azuki
 
segunda-feira, setembro 10, 2007
 
s de sulfur, mais anjos, arcanjos, querubins e serafins

A natureza enciclopédica dos poemas épicos coloca o leitor ideal perante um conjunto de saberes que ultrapassa largamente as questões literárias e se liga à história, à ciência, à religião e à cultura do momento em que os mesmos foram produzidos. Para abordarmos um texto épico precisamos destas coordenadas sem as quais, facilmente, corremos o risco de desistir. Paraíso Perdido não foge à regra. E porque a literatura também se faz de cheiros (que o diga Suskind), relembro as características do enxofre associado aos seres celestiais caídos em desgraça e, como Adão e Eva, expulsos do paraíso.

enxofre ( latim sulfur ) é um elemento químico de símbolo S , número atômico 16 ( 16 prótons e 16 elétrons ) e de massa atómica 32 u. À temperatura ambiente, o enxofre encontra-se no estado sólido.
O enxofre, um não-metal insípido e inodoro, é facilmente reconhecido na forma de cristais amarelos que ocorrem em diversos minerais de sulfito e sulfato, ou mesmo em sua forma pura ( especialmente em regiões vulcânicas ). O enxofre é um elemento químico essencial para todos os organismos vivos, sendo constituinte importante de muitos aminoácidos.(...) Este não-metal tem uma coloração amarela, mole, frágil, leve, desprende um odor característico de ovo podre ao misturar-se com o hidrogénio, e arde com chama azulada formando dióxido de enxofre.


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laerce
 
sexta-feira, setembro 07, 2007
  Frontispicio da primeira edicao (1667)
.
.

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Joana
 
 
The reason Milton wrote in fetters when he wrote of Angels & God, and at liberty when of Devils & Hell, is because he was a true Poet and of the Devil's party without knowing it.
.
William Blake
.
Joana
 
terça-feira, setembro 04, 2007
  and the fruit / Of that forbidden tree, whose mortal taste / Brought death into the world
The Fall of Man
(c. 1570) Titian (c. 1480-1576) Canvas, 240x186 cm.
Prado Museum, Madrid


Of man's first disobedience, and the fruit
Of that forbidden tree, whose mortal taste
Brought death into the world, and all our woe,
With loss of Eden

(...)
Say first, for Heaven hides nothing from thy view
Nor the deep tract of hell, say first what cause
Moved our grand parents in that happy state,
Favoured of heaven so highly, to fall off
From their creator
(...)

A nossa relação com o conhecimento não tem sido linear, nem nunca o será. Há inúmeras outras representações de como a busca do conhecimento se equivale a um exercício de arrogância que merece punição: Pandora, Prometeu, Ícaro,.. Até ao final do sec XVIII/início do sec XIX (altura em que a busca do conhecimento passa a ser verdadeiramente encorajada), a curiosidade era castigada, muito embora se aceitasse como bom o percurso do saber, desde que através da revelação (e não da experimentação), numa tentativa de aproximação a Deus (e nunca para o enaltecimento próprio).

O acto de rebeldia de Adão e Eva é pago com a perda do Paraíso. Saber, é sinónimo de dor e de morte. Deus quer-nos infantis e domesticáveis.

azuki
 
segunda-feira, setembro 03, 2007
 
paradise lost/tsol esidarap

Lembro-me de Daniel Jonas, numa das últimas feiras do livro no Palácio de Cristal, falar das dificuldades da tradução e da riqueza do texto original que se pode dissipar nas travessias linguísticas. A voz do poeta/tradutor de Paraíso Perdido estava repleta de emoção e foi essa emoção que me prendeu no meio do calor intenso e sufocante da enorme cúpula assente no chão. Com o seu discurso sobre Milton, Daniel Jonas convidava os ouvintes a uma viagem, oferecia uma maçã e levantava a ponta do véu do lado obscuro da Lua, coisas a que não pude resistir.


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laerce
 
sábado, setembro 01, 2007
  Setembro, no Leitura Partilhada
Depois da publicação de clássicos como a Odisseia e a Ilíada, eis que os Livros Cotovia continuam com o lançamento de obras imprescindíveis e apresentam Paraíso Perdido de John Milton, parente épico de Homero e de Virgílio, traduzido em verso decassílabo, heróico e branco. Três séculos depois das primeiras traduções portuguesas deste clássico, a Cotovia apresenta uma edição bilingue, traduzida por Daniel Jonas, na qual cada verso inglês corresponde a um verso português.
John Milton nasceu em Londres, no ano de 1608. Cerca de 59 anos mais tarde, totalmente privado de visão, este autor deu a conhecer os dez livros que compõem Paradise Lost. As reacções por parte dos críticos não tardaram; hoje, é inquestionável o estatuto canónico de uma das obras máximas da literatura mundial.
(in Mundo Pessoa)


Gratos à Livros Cotovia, por mais uma edição de luxo.
 

O QUE ESTAMOS A LER

(este blogue está temporariamente inactivo)

PROXIMAS LEITURAS

(este blogue está temporariamente inactivo)

LEITURAS NO ARQUIVO

"ULISSES", de James Joyce (17 de Julho de 2003 a 7 de Fevereiro de 2004)

"OS PAPEIS DE K.", de Manuel António Pina (1 a 3 de Outubro de 2003)

"AS ONDAS", de Virginia Woolf (13 a 20 de Outubro de 2003)

"AS HORAS", de Michael Cunningham (27 a 30 de Outubro de 2003)

"A CIDADE E AS SERRAS", de Eça de Queirós (30 de Outubro a 2 de Novembro de 2003)

"OBRA POÉTICA", de Ferreira Gullar (10 a 12 de Novembro de 2003)

"A VOLTA NO PARAFUSO", de Henry James (13 a 16 de Novembro de 2003)

"DESGRAÇA", de J. M. Coetzee (24 a 27 de Novembro de 2003)

"PEQUENO TRATADO SOBRE AS ILUSÕES", de Paulinho Assunção (22 a 28 de Dezembro de 2003)

"O SOM E A FÚRIA", de William Faulkner (8 a 29 de Fevereiro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. I - Do lado de Swann)", de Marcel Proust (1 a 31 de Março de 2004)

"O COMPLEXO DE PORTNOY", de Philip Roth (1 a 15 de Abril de 2004)

"O TEATRO DE SABBATH", de Philip Roth (16 a 22 de Abril de 2004)

"A MANCHA HUMANA", de Philip Roth (23 de Abril a 1 de Maio de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. II - À Sombra das Raparigas em Flor)", de Marcel Proust (1 a 31 de Maio de 2004)

"A MULHER DE TRINTA ANOS", de Honoré de Balzac (1 a 15 de Junho de 2004)

"A QUEDA DUM ANJO", de Camilo Castelo Branco (19 a 30 de Junho de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. III - O Lado de Guermantes)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2004)

"O LEITOR", de Bernhard Schlink (1 a 31 de Agosto de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. IV - Sodoma e Gomorra)", de Marcel Proust (1 a 30 de Setembro de 2004)

"UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES" e outros, de Clarice Lispector (1 a 31 de Outubro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. V - A Prisioneira)", de Marcel Proust (1 a 30 de Novembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de José Saramago (1 a 21 de Dezembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", de José Saramago (21 a 31 de Dezembro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VI - A Fugitiva)", de Marcel Proust (1 a 31 de Janeiro de 2005)

"A CRIAÇÃO DO MUNDO", de Miguel Torga (1 de Fevereiro a 31 de Março de 2005)

"A GRANDE ARTE", de Rubem Fonseca (1 a 30 de Abril de 2005)

"D. QUIXOTE DE LA MANCHA", de Miguel de Cervantes (de 1 de Maio a 30 de Junho de 2005)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VII - O Tempo Reencontrado)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2005)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2005)

UMA SELECÇÃO DE CONTOS LP (1 a 3O de Setembro de 2005)

"À ESPERA NO CENTEIO", de JD Salinger (1 a 31 de Outubro de 2005)(link)

"NOVE CONTOS", de JD Salinger (21 a 29 de Outubro de 2005)(link)

Van Gogh, o suicidado da sociedade; Heliogabalo ou o Anarquista Coroado; Tarahumaras; O Teatro e o seu Duplo, de Antonin Artaud (1 a 30 de Novembro de 2005)

"A SELVA", de Ferreira de Castro (1 a 31 de Dezembro de 2005)

"RICARDO III" e "HAMLET", de William Shakespeare (1 a 31 de Janeiro de 2006)

"SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE" e "PALOMAR", de Italo Calvino (1 a 28 de Fevereiro de 2006)

"OTELO" e "MACBETH", de William Shakespeare (1 a 31 de Março de 2006)

"VALE ABRAÃO", de Agustina Bessa-Luis (1 a 30 de Abril de 2006)

"O REI LEAR" e "TEMPESTADE", de William Shakespeare (1 a 31 de Maio de 2006)

"MEMÓRIAS DE ADRIANO", de Marguerite Yourcenar (1 a 30 de Junho de 2006)

"ILÍADA", de Homero (1 a 31 de Julho de 2006)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2006)

POESIA DE ALBERTO CAEIRO (1 a 30 de Setembro de 2006)

"O ALEPH", de Jorge Luis Borges (1 a 31 de Outubro de 2006) (link)

POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS (1 a 30 de Novembro de 2006)

"DOM CASMURRO", de Machado de Assis (1 a 31 de Dezembro de 2006)(link)

POESIA DE RICARDO REIS E DE FERNANDO PESSOA (1 a 31 de Janeiro de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 28 de Fevereiro de 2007)

"O VERMELHO E O NEGRO" e "A CARTUXA DE PARMA", de Stendhal (1 a 31 de Março de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 30 de Abril de 2007)

"A RELÍQUIA", de Eça de Queirós (1 a 31 de Maio de 2007)

"CÂNDIDO", de Voltaire (1 a 30 de Junho de 2007)

"MOBY DICK", de Herman Melville (1 a 31 de Julho de 2007)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2007)

"PARAÍSO PERDIDO", de John Milton (1 a 30 de Setembro de 2007)

"AS FLORES DO MAL", de Charles Baudelaire (1 a 31 de Outubro de 2007)

"O NOME DA ROSA", de Umberto Eco (1 a 30 de Novembro de 2007)

POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (1 a 31 de Dezembro de 2007)

"MERIDIANO DE SANGUE", de Cormac McCarthy (1 a 31 de Janeiro de 2008)

"METAMORFOSES", de Ovídio (1 a 29 de Fevereiro de 2008)

POESIA DE AL BERTO (1 a 31 de Março de 2008)

"O MANUAL DOS INQUISIDORES", de António Lobo Antunes (1 a 30 de Abril de 2008)

SERMÕES DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1 a 31 de Maio de 2008)

"MAU TEMPO NO CANAL", de Vitorino Nemésio (1 a 30 de Junho de 2008)

"CHORA, TERRA BEM-AMADA", de Alan Paton (1 a 31 de Julho de 2008)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2008)

"MENSAGEM", de Fernando Pessoa (1 a 30 de Setembro de 2008)

"LAVOURA ARCAICA" e "UM COPO DE CÓLERA" de Raduan Nassar (1 a 31 de Outubro de 2008)

POESIA de Sophia de Mello Breyner Andresen (1 a 30 de Novembro de 2008)

"FOME", de Knut Hamsun (1 a 31 de Dezembro de 2008)

"DIÁRIO 1941-1943", de Etty Hillesum (1 a 31 de Janeiro de 2009)

"NA PATAGÓNIA", de Bruce Chatwin (1 a 28 de Fevereiro de 2009)

"O DEUS DAS MOSCAS", de William Golding (1 a 31 de Março de 2009)

"O CÉU É DOS VIOLENTOS", de Flannery O´Connor (1 a 15 de Abril de 2009)

"O NÓ DO PROBLEMA", de Graham Greene (16 a 30 de Abril de 2009)

"APARIÇÃO", de Vergílio Ferreira (1 a 31 de Maio de 2009)

"AS VINHAS DA IRA", de John Steinbeck (1 a 30 de Junho de 2009)

"DEBAIXO DO VULCÃO", de Malcolm Lowry (1 a 31 de Julho de 2009)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2009)

POEMAS E CONTOS, de Edgar Allan Poe (1 a 30 de Setembro de 2009)

"POR FAVOR, NÃO MATEM A COTOVIA", de Harper Lee (1 a 31 de Outubro de 2009)

"A ORIGEM DAS ESPÉCIES", de Charles Darwin (1 a 30 de Novembro de 2009)

Primeira Viagem Temática BLOOMSDAY 2004

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