Leitura Partilhada
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
 

A Batalha de Waterloo, William Saddle

Um livro inteiro dedicado a Waterloo, e porquê? Hugo escreve que depois de Waterloo veio o regresso do direito divino, que é o mesmo que dizer do destino traçado. E ao londo de Os Miseráveis assistimos a uma longa via sacra contra o destino, contra o preconceito de casta, contra aquilo que parece mais óbvio. Mesmo que seja o mesmo Hugo a dizer, e nisto é ao mesmo tempo conservador e revolucionário, que Napoleão foi derrotado porque incomodava Deus.

nastenka-d

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terça-feira, fevereiro 27, 2007
  Finalidade de uma personagem
Será que vale a pena ser tão cumpridor, honesto e zeloso para, tal como Javert, acabar no “fosso”? Devemos pensar no que Victor Hugo (com a sua religiosidade) nos quer dizer com esta personagem.

Joe

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segunda-feira, fevereiro 26, 2007
 
Parece que falta evidenciar a atitude do Inspector Javert. Não conseguindo aceitar que a sua verdade não era intocável, seguiu um caminho fácil, o que ainda hoje muitos (qualquer que seja a sua camada social) fazem, com a cobardia tradicional que afecta o ser humano.

Joe

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  Imagens da miséria (ii)
India

azuki

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  Frases Escolhidas (vi)
A alegria que inspiramos encanta-nos, pois que, longe de enfraquecer como todo o reflexo, volta para nós mais fulgurante. (pag 479)
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Ao recato da embusteira unia ela a beatice, duas coisas que andam sempre juntas.
(pag 510)
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Nunca praticava maldades, o que é uma bondade relativa.
(pag 511)
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Não sermos tratados de perto dá azo a suporem-nos todas as perfeições possíveis.
(pag 534)
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No beatério existe certo sentimento recôndito de curiosidade por tudo quanto cheira a escândalo.
(pag 535)
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(...) preferia o imenso (...) ocupava-se quase tanto das nuvens como dos acontecimentos
(pag 547)

azuki

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domingo, fevereiro 25, 2007
 
outra praça




A leitura deste extenso romance convoca um conjunto de factos históricos tão variado que é impossível ignorar. Trago aqui hoje outra praça chamada La Concorde, um dos espaços mais conhecidos da Paris turística.
Lugar de encontro privilegiado pelos parisienses durante os anos da Revolução, quantos dos que por ali passaram, passam e passarão vêem ainda a guilhotina, ouvem o povo exaltado clamar justiça, os olhos espetados na lâmina higiénica à espera do momento. Muitos lá deixaram a cabeça: Louis XVI, Marie Antoinette, Danton, Robespierre...
A seu modo e num outro sentido eles também foram miseráveis.
...
laerce

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sábado, fevereiro 24, 2007
 
escapadinha a Paris




Place des Voges

Victor Hugo viveu no número 6, Place des Voges, de 1832 até 1848 e ali escreveu grande parte de Os Miseráveis.

...
laerce

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  os filhos da Revolução
Não é raro hoje em dia chamar-se o rapaz do gado Artur, Alfredo ou Afonso, e o visconde – se ainda há viscondes – Tomás, Pedro ou Tiago. Este deslocamento, que dá ao plebeu o nome “elegante” e o nome rústico ao aristocrata, não é senão um borbotão de igualdade. Conhece-se nisto, como em tudo, a irresistível penetração do novo sopro. Sob esta aparente discordância, existe uma coisa grande e profunda: a Revolução Francesa. (pag 149)

Antigamente, o espectro dos nomes próprios era relativamente reduzido; Hoje, no meio de quantos nomes há, e para além daqueles que são fruto de grandes devoções (onde se incluem todas as Marias “de qualquer coisa”), dos patrióticos, dos resultantes de erros de ajudante de notário, dos que revelam cultura geográfica e histórica, dos nomes "de bom-tom", dos "plebeus" e dos “consensuais”, assistimos a dois fenómenos paralelos interessantes. As classes elevadas promoveram alguns dos nomes anteriormente considerados populares (agora, o Sebastião já não “come tudo tudo tudo”, talvez deguste, e a Maria e o Francisco sobem de estatuto, juntando-se à Beatriz e ao Diogo), enquanto que os estratos mais modestos descobriram algo sofisticado, de cunho quase internacional, rendendo-se aos nomes sonantes e espalhafatosos, verdadeiras abominações quando emparelhados (as Vanessas, Andreias, Cátias, Tânias e Vânias,..). Também os nomes são sujeitos a modas, fenómenos cíclicos e ditados por quem pode, e escolher um nome para um filho poderá significar, não só o gosto que as classes vão adquirindo, como uma forma de posicionamento social.

azuki

i) Qualquer dia, certos pais cansam-se da Joaquina e do Domingos, apoderando-se da Mafalda e do Gonçalo, o que talvez venha a ser uma indigestão de Revolução Francesa para algumas mentes. ii) Tomás e Tiago eram "nomes rústicos".

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sexta-feira, fevereiro 23, 2007
 
o regresso da flor-de-lis



Louis XVIII

En 1817, la mode engloutissait les petits garçons de quatre à six ans sous de vastes casquettes en cuir maroquiné à oreillons assez ressemblantes à des mitres d'esquimaux. L'armée française était vêtue de blanc, à l'autrichienne; les régiments s'appelaient légions; au lieu de chiffres ils portaient les noms des départements.

Livre troisième - En l'année 1817
Chapitre I




O primeiro capítulo do livro terceiro, primeira parte, - o ano 1817 - é um relato surpreendentemente detalhado da vida cultural, social e política da França. O gosto pelo pormenor, a questão da moda, a facilidade com que se muda de opinião de acordo com quem está no poder, a discussão em torno de pequenos quês, os fait divers, os desmandos de quem governa, as jogadas políticas e diplomáticas para reposicionar a França monárquica.Tudo isto envolto numa saborosa linguagem irónica que não nos pode escapar.

Por esse tempo, a revolução tinha-se esgotado, o Terror e a guilhotina provaram quão distante está o ideal da realidade. Napoleão, próximo ainda de tudo, estava já distante. Mesmo assim a Revolução Francesa foi um marco fundamental na história da Europa e Victor Hugo mostra-nos um painel das consequências e efeitos de tão grande transformação política e social.
E tudo isso continua actual por esta periferia onde uma revolução também aconteceu, mas de cravos, senhor, de cravos.
...
laerce

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  Frases Escolhidas (v)
Turenne era adorado pelos seus soldados, porque tolerava a pilhagem; a permissão do mal faz parte da bondade. (pag 308)

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A multidão ama tudo o que é grande. (pag 321)

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Todas as vezes que uma força imensa se expande para chegar a uma imensa fraqueza, o homem involuntariamente é levado a meditar. (pag 322)

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Uma criança sem boneca é quase tão infeliz e tão completamente impossível como uma mulher sem filhos. (pag 349)

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Pois é uma coisa bem obscura e agradável esse grande e estranho movimento de um coração que principia a amar. (pag 375)

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Todo o convento o julgava estúpido, o que é nas religiões um grande merecimento. (pag 451)


azuki

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quinta-feira, fevereiro 22, 2007
 
ela


imagem

Fantine était un de ces êtres comme il en éclôt, pour ainsi dire, au fond du peuple. Sortie des plus insondables épaisseurs de l'ombre sociale, elle avait au front le signe de l'anonyme et de l'inconnu. Elle était née à Montreuil-sur-mer. De quels parents? Qui pourrait le dire? On ne lui avait jamais connu ni père ni mère. Elle se nommait Fantine. Pourquoi Fantine? On ne lui avait jamais connu d'autre nom. A l'époque de sa naissance, le Directoire existait encore. Point de nom de famille, elle n'avait pas de famille; point de nom de baptême, l'église n'était plus là. Elle s'appela comme il plut au premier passant qui la rencontra toute petite, allant pieds nus dans la rue.
Livre troisième - Chapitre II




Encontrar na sociedade razões para determinados comportamentos humanos foi comum no romantismo, no realismo e no naturalismo, ismos que cheguem para explicar preto no branco os desvios que nos inquietam. Victor Hugo inscreve num único nome - Fantine - toda uma sociedade de excluídos, malgré la liberté, l'égalité, la fraternité.

Hoje, Fantine chama-se Gisberta. Não podemos esquecer. Pela sua memória.
...
laerce

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quarta-feira, fevereiro 21, 2007
  Eponine

Dizia Jean Valjean que a urtiga, uma planta nefasta que ninguém quer, poderia ser aproveitada para produzir riqueza: a folha é um legume, tem filamentos e fibras como o linho e o cânhamo, cortada serve para as aves, pisada é boa para os bovinos, a sua semente torna luzidio o pêlo do gado, a raiz misturada com sal é um excelente pasto. As coisas e as pessoas não são inúteis per se, muito depende da forma como a sociedade decide educar/aproveitar as suas potencialidades e das oportunidades que a vida lhes oferece. É verdade que talvez exista uma fronteira a partir da qual o ser humano já não é recuperável, simbolizada no casal Thénardier, duas ervas daninhas, invasivas e hostis: Existem almas-caranguejos, recuando continuamente para as trevas, retrogradando na vida mais do que avançam, empregando a experiência em aumentar a sua deformidade, piorando sem cessar, e impregnando-se mais e mais com uma crescente negrura. Aquele homem e aquela mulher eram dessas almas. Pelo contrário, a sua filha Eponine não estava ainda irremediavelmente perdida e é, do meu ponto de vista, a única personagem ambígua do livro, balançando entre a ruindade (que herdou dos exemplos familiares e da sua vida miserável) e a grandeza de sentimentos que o amor a leva a experimentar, como o sentido de justiça e a lealdade.

Post dedicado.

azuki

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terça-feira, fevereiro 20, 2007
  Imagens da miséria
Nepal

azuki

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segunda-feira, fevereiro 19, 2007
  Pequenos excertos
Myriel teve de sofrer a sorte de todos os recém-vindos a uma cidade pequena, onde há muitas bocas que falam e muito poucas cabeças que pensam. (pag.6)


Aos que não sabem ensinai-lhes o mais que puderdes; a sociedade, a quem pertence ministrar instrução gratuita, é a única responsável pelas trevas que produz. O pecado comete-se no meio da escuridão que envolve as almas. A culpa não é de quem comente o pecado, mas daquele que produziu a escuridão. (pag.17)


Desgraçadamente, confesso, a obra ficou incompleta; demolimos o antigo regime nos factos, mas não pudemos exterminá-lo completamente nas ideias. Não basta destruir os abusos, é mister modificar os costumes. Destruiu-se o moinho, mas ainda ficou o vento. (pag.42)


Considerações bastante actuais.

Biblos

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  Frases Escolhidas (iv)
A suprema miséria causa obscenidades. (pag 179)

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A curiosidade é uma glutona. Ver é devorar.
(pag 179)

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Levantou a cabeça, com uma expressão de autoridade soberana, expressão tanto mais terrível, quanto mais em baixo se acha colocado o poder, feroz no animal bravo, atroz no homem nulo.
(pag 183)

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Viajar, é nascer e morrer a todo o instante.
(pag 224)

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Em menos de duas horas esqueceu-se todo o bem que ele praticara, e Madaleno não passou “de um homem que esteve nas galés”.
(pag 263)


azuki

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sexta-feira, fevereiro 16, 2007
  Encurralados
O característico das punições desta natureza, nas quais domina o inexorável, isto é, o elemento embrutecedor, é transformarem gradualmente, por uma espécie de estúpida transfiguração, um homem num animal perigoso. Algumas vezes num animal feroz. (pag. 96)

- Vivo na penumbra, nas trevas, na sombra; sou um miserável, não me esqueço de que sou apenas um miserável...
Quando nos sentimos encurralados e agredidos de forma desmedida, na instável negociação entre o Id e o mundo exterior, geralmente, é o último que perde. Os ensinamentos sucumbem, nesse momento em que prevalece o que há de mais inato em nós, como o instinto de sobrevivência e a afirmação de capacidade e de poder, que pode culminar no uso da violência com vista à subjugação do outro (para que fiquemos esclarecidos, nada como ler o brilhante “Ensaio sobre a Cegueira”). O frágil equilíbrio entre os elementos fundadores da personalidade cristaliza-se, emergindo o que é recôndito e obscuro.
A sociedade deveria saber melhor e procurar não instigar esse nosso animal feroz.

...a dignidade e a indignidade vivem juntas nos seres humanos que somos e que é necessário muito esforço, todos os dias, para que a primeira não acabe por se afogar no pantanal da segunda. (José Saramago, entrevista ao JL, 2006)

azuki

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quinta-feira, fevereiro 15, 2007
  Frases escolhidas (iii)
Houve a princípio quem tentasse denegrir com calúnias o carácter do Sr. Madaleno, lei a que estão sujeitos todos os que se elevam. (pag 161)

*
A educação social, sendo bem ministrada, pode extrair de uma alma, qualquer que seja ela, toda a utilidade que em si contenha.
(pag. 162)

*
(....) pessoa na verdade respeitável, firme, justiceira, íntegra, cheia do espírito da caridade que consiste em dar, mas não possuindo em igual grau esse outro espírito da caridade, que consiste em compreender e perdoar. (pag 170)

*
Desenvolvia-se nela alguma coisa de animal feroz, sentindo-se assim encurralada.
(pag 176)

azuki

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quarta-feira, fevereiro 14, 2007
  Para o Gabriel
Ainda não existe no meu país (pode-se importar, evidentemente), mas já foi editado no Brasil. Para quem não puder aceder ao livro...

azuki

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terça-feira, fevereiro 13, 2007
  Da Escuridão para a Luz

(...) o bispo causara-lhe na alma a impressão molesta que lhe produziria nos olhos uma claridade muito intensa ao sair das trevas. (pag. 113)

Será que um gesto nobre poderá redimir uma alma desesperada? “Os Miseráveis” relata dois longos e tortuosos percursos, da escuridão para a luz: o do indivíduo, Jean Valjean (em cuja vida, a par de uma natureza sã, existiram dois clarões: o bispo e Cosette) e o da própria sociedade (impulsionado pelo progresso, ainda que, muitas vezes, com o pesado preço que as insurreições e as revoluções acarretam). Em todo o livro, abunda a palavra luz, sinónimo de sabedoria e de virtude. A claridade tranquiliza, a chama orienta, a luz abre-nos as portas do saber. Luz, aurora, claridade, raio, fulgor, esplendor, chama, estrela, dia, sol, facho, brilho, clarão, centelha: é com estas palavras que Hugo nos prende à sua utopia, que consiste em pensar que a sociedade tende a percorrer um caminho ascendente, findo o qual não mais haverá miseráveis.

azuki

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segunda-feira, fevereiro 12, 2007
  Frases Escolhidas (ii)
(...) ninguém lê impunemente desconchavos. (pag. 148)

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A injustiça fizera-a rabugenta e a miséria tornara-a feia. (pag. 150)

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(...) amava os livros, que são amigos imparciais e seguros. (pag 157)

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A ventura suprema da vida é a convicção de que somos amados.
(pag 159)

azuki

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domingo, fevereiro 11, 2007
  A roda de J.J.
(Jean-Jacques Rousseau)

Dada a sua dimensão, decidi que iria tentar respeitar a cadência da leitura da obra, alocando, de forma gradual, cerca de 170 páginas a cada uma das sete semanas que lhe destinamos (a primeira semana é sempre de introdução ao livro e ao autor; o meu volume - único - tem 1200 páginas e pertence à colecção "Clássicos", da Publicações Europa-América). Mas, hoje, justamente hoje, abrirei uma excepção, caminhando veloz para a ainda longínqua página 556:

- Esta é a Rua Plâtrière; chamada hoje de João Jacques Rousseau, por causa de um singular casal que aqui morava há uns bons sessenta anos. Era João Jacques e Teresa. De tempos a tempos, Teresa deitava ao mundo uma criança, João Jacques deitava-a à roda.
E Enjolras dizia com azedume para Courfeyrac:
- Silêncio diante de João Jacques! Admiro esse homem. É verdade que enjeitou os filhos, mas adoptou o povo.


A ser verdade, desejaria que alguém me explicasse o vigor da credibilidade de um indivíduo que se arvora defensor da moral universal, profundamente convicto do “Homem naturalmente bom”, e que, ao mesmo tempo, rejeita os próprios filhos e os entrega à “roda”.

azuki

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sexta-feira, fevereiro 09, 2007
 
"Je me sens eclairé, dans ma douleur amére, par un meilleur regard jeté sur l´univers"
Victor Hugo


Troti

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  Frases Escolhidas (i)
Disse-lhe as melhores verdades, que são as mais simples. (pag. 36)

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- Está enganada, Sra. Maglória – respondeu o bispo. – O belo é tão necessário como o útil.
E, após um momento de silêncio, acrescentou:
- Ou talvez mais.
(pag 43)

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Nós vivemos no meio de uma terrível sociedade. O bom êxito é tudo.
(pag 65)


azuki

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quinta-feira, fevereiro 08, 2007
  Vítor Hugo e a política
Era filho de um general napoleónico Joseph-Léopold-Sigisbert Hugo. Sob o ponto de vista político foi desde uma política conservadora e monárquica até aos ideiais revolucionários. Apoiou a Revolução de Julho de 1830 que colocou Luís Filipe no trono e derrotou o absolutismo. É a Revolução de 1830 que serve de pano de fundo ao romance “Os Miseráveis". Após a Revolução de 1848 tornou-se republicano e passou a combater Napoleão III. Com o golpe de 1851 e a instituição do Segundo Império Francês vai para o exílio que durará cerca de vinte anos, quinze dos quais passará na ilha inglesa de Guesnsey. Foi amnistiado por Napoleão III em 1857 mas só voltou a França em 1870. Foi recebido em triunfo e foi eleito deputado cargo a que posteriormente renunciou. Não aderiu à Comuna de Paris mas, como senador em 1876 defendeu a amnistia dos membros da comuna.

Biblos

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Sim – replicou o bispo -; o senhor sai de um lugar de tristeza. Mas lembre-se que haverá mais alegria no Céu pelo rosto lavado em lágrimas de um pecador penitente do que pela cândida veste de cem justos. (pag. 85)

Esta frase é uma perversão da justiça. Sempre me abalaram os mecanismos de redenção da igreja (não é necessário ganhar na terra o reino dos Céus, basta que o façamos em tempo útil), os quais não se me afiguram o melhor dos incentivos para a condução de uma vida virtuosa. Mas, já se sabe, dos bons não reza a história.

azuki

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quarta-feira, fevereiro 07, 2007
  Número 24.601
Em Outubro de 1815, foi posto em liberdade, tendo entrado ali em 1796, por ter quebrado um vidro e furtado um pão.
Permitam-nos um curto parêntese.
É a segunda vez que ao autor deste livro, nos seus estudos sobre a questão penal e a condenação pela lei, se depara o roubo de um pão como origem da catástrofe de um destino. Cláudio Gueux roubara um pão; João Valjean tinha roubado um pão; segundo uma estatística inglesa, está provado que em Londres, de cinco roubos, quatro têm por causa imediata a fome.
João Valjean entrara para as galés soluçante e trémulo; saiu de lá impassível. Entrara angustiado, saía de lá sombrio.
Que se passara naquela alma?
(pag. 93)

João Valjean não era, como se viu, dotado de mau natural. Quando entrou para as galés, ainda não tinha perdido a bondade. Ali condenou a sociedade e tornou-se mau (...) Na realidade, o homem que saiu bom das mãos de Deus pode tornar-se mau entre as mãos do homem? (pag. 95)

Ele foi apenas um número durante 19 anos. Na escola onde esteve, não aprendeu propriamente boas maneiras. O seu passaporte era amarelo, para que não fosse confundido com as “pessoas honestas”. Valjean não era um homem que roubou um pão, ele era um forçado das galés. Javert bem pode representar a visão determinista do sistema judicial e prisional da época, que não concedia margem para a reabilitação: os criminosos são mais do que culpados, eles são irrecuperáveis; não têm remorsos e irão sempre reincidir. Podendo ter-se transformado num monstro, por todas as injustiças, calúnias e penas que sofrera, Valjean afirmou-se como um cidadão altruísta, generoso, exemplar, empreendedor. Teria uma propensão genética para a bondade? Foi abençoado por Deus? O meio transformou-o num ser desprezível e, no entanto, o gesto do bispo, de extrema generosidade, iluminou-o.

azuki

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terça-feira, fevereiro 06, 2007
  Monsenhor Benvindo
Nas suas prédicas, ou, melhor diríamos, conversações, o digno prelado não colocava a virtude num plano inacessível (....) (pag 31)

(...) não hesitando em chamar às coisas pelos seus nomes, conciso na frase, opulento em imagens, persuasivo e convicto, singelo e eloquente, dessa eloquência ao mesmo tempo majestosa e simples, com que, outrora, Jesus Cristo convencia e persuadia. (pag. 32)

- As culpas das mulheres, dos filhos, dos criados, dos fracos, dos indigentes e dos ignorantes são a culpa dos maridos, dos pais, dos amos, dos fortes, dos ricos e dos sábios. (pag. 35)

- Aos que não sabem, ensinai-lhes o mais que puderdes; a sociedade é a única culpada por não ministrar a instrução gratuita; é a única responsável pelas trevas que produz. O pecado comete-se no meio da escuridão que envolve as almas. E de quem é a culpa? A culpa não é do que pecou, mas de quem fez a sombra. (pag. 35)

- Não tenhamos receio de ladrões e de assassinos, que são perigos externos, perigos de pouca monta. Tenhamos receio de nós mesmos! Os preconceitos e os vícios: estes é que são os verdadeiros ladrões e os verdadeiros assassinos! Os maiores perigos são os que se acham dentro de nós mesmos. (pag 46)

“Como se vê, o bispo tinha um singular e particular modo de encarar as coisas, que eu desconfio tivesse aprendido no Evangelho.” Esse senhor era um pouco insurrecto, quase um revolucionário, com bastante de vermelho e pouco de negro! Lamento presumir que este homem decente e íntegro não deveria contar com muitos adeptos, para além dos desfavorecidos, enquanto imagino os seus pares a mirá-lo de soslaio, temendo pelo status quo e agarrando com as duas mãos o manto com que tão bem sabiam cobrir a realidade.

azuki

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segunda-feira, fevereiro 05, 2007
 
um pouco de Romantismo para situar


Eugène Delacroix


Uma das obras mais lidas e mais extraordinárias da literatura universal só pode ser completamente fruída se a iluminarmos com os 'adereços' da época: o subjectivismo, a busca de um ideal, o rompimento com as regras estabelecidas, o lirismo e a emoção. Tudo para representar os dramas humanos, os amores trágicos ou o reino da utopia.


...
laerce

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  A balança, como símbolo da justiça
João Valjean foi considerado criminoso. As palavras do código eram formais. Há horas terríveis na nossa civilização: é quando a penalidade pronuncia um naufrágio. Que lúgubre momento aquele em que a sociedade se desvia e decreta o irreparável desamparo de uma criatura racional! João Valjean foi condenado a cinco anos de galés. (pag. 91)

A justiça tem que ser moral. A justiça tem que ter empatia para com quem sofre. Uma justiça cega é das piores formas de injustiça. Não se trata aqui de reproduzir o discurso lamechas de uma certa esquerda com complexo de culpa, que tem pena “pobrezinho-coitadinho”, a quem tudo se dá e nada se exige, muitas vezes com prejuízo da segurança dos cidadãos cumpridores, mas sim de desejar pertencer a uma sociedade capaz de actuar com humanidade e grandeza, porque só a humanidade e a grandeza são o contraponto da desumanidade e da pequenez. A punição deve ser proporcional ao delito cometido. Isto, é justiça. O contrário, chama-se crueldade.

azuki

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domingo, fevereiro 04, 2007
  _("Oh ! dis-moi, tu veux fuir ?")_
Este, se me permitem, dedico ao Gabriel e à Laerce. :)


ODE SEPTIÈME


Ecoutez la jeune fiancée qui pleure, elle pleure parce qu'elle est délaissée.

BALLADE D'ARVEN.

Que fait-il donc, celui que sa douleur attend ?
Sans doute il n'arrive pas, celui qu'elle aime tant.

ALFRED DE VIGNY, DOLORIDA.




«Oh ! dis-moi, tu veux fuir ? et la voile inconstante
Va bientôt de ces bords t'enlever à mes yeux ?
Cette nuit j'entendais, trompant ma douce attente,
Chanter les matelots qui repliaient leur tente.
Je pleurais à leurs cris joyeux.

»Pourquoi quitter notre île ? En ton île étrangère,
Les cieux sont-ils plus beaux ? a-t-on moins de douleurs ?
Les tiens, quand tu mourras, pleureront-ils leur frère ?
Couvriront-ils tes os du plane funéraire
Dont on ne cueille pas les fleurs ?

»Te souvient-il du jour où les vents salutaires
T'amenèrent vers nous pour la première fois ?
Tu m'appelas de loin sous nos bois solitaires,
Je ne t’avais point vu jusqu'alors sur nos terres,
Et pourtant je vins à ta voix.

»Oh ! j'étais belle alors ; mais les pleurs m'ont flétrie.
Reste, ô jeune étranger ! ne me dis pas adieu.
Ici, nous parlerons de ta mère chérie ;
Tu sais que je me plais aux chants de ta patrie,
Comme aux louanges de ton Dieu.

»Tu rempliras mes jours ; à toi je m'abandonne.
Que t'ai-je fait pour fuir ? Demeure sous nos cieux.
Je guérirai tes maux, je serai douce et bonne,
Et je t'appellerai du nom que l'on te donne
Dans le pays de tes aïeux.

»Je serai, si tu veux, ton esclave fidèle,
Pourvu que ton regard brille à mes yeux ravis.
Reste, ô jeune étranger ! reste, et je serai belle.
Mais tu n'aimes qu'un temps, comme notre hirondelle.
Moi, je t'aime comme je vis.

»Hélas tu veux partir. – Aux monts qui t'ont vu naître,
Sans doute quelque vierge espère ton retour.
Eh bien ! daigne avec toi m'emmener, ô mon maître !
Je lui serai soumise, et l'aimerai peut-être,
Si ta joie est dans son amour !

»Loin de mes vieux parents, qu'un tendre orgueil enivre,
Du bois où dans tes bras j'accourus sans effroi,
Loin des fleurs, des palmiers, je ne pourrai plus vivre.
Je mourrais seule ici. Va, laisse-moi te suivre
Je mourrai du moins près de toi.

»Si l'humble bananier accueillit ta venue,
Si tu m'aimas jamais, ne me repousse pas.
Ne t'en va pas sans moi dans ton île inconnue,
De peur que ma jeune âme, errante dans la nue,
N'aille seule suivre tes pas !»

Quand le matin dora les voiles fugitives,
En vain on la chercha sous son dôme léger ;
On ne la revit plus dans les bois, sur les rives.
Pourtant la douce vierge, aux paroles plaintives,
N'était pas avec l'étranger.



Janvier 1821. VICTOR HUGO


(podem encontrar uma tradução para inglês aqui.)


Eu pertenço ao grupo dos que acham que, provavelmente, não haverá língua mais adequada à poesia que o francês. (Reste, ô jeune étranger ! reste, et je serai belle. Mais tu n'aimes qu'un temps, comme notre hirondelle. Moi, je t'aime comme je vis.)


Belém

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sábado, fevereiro 03, 2007
  Em DVD
Um elenco de luxo, uma produção de qualidade, uma abordagem possível para quem queira conhecer a história, escapando de 1200 páginas de letra bem pequena. Bastante mais soft do que o livro (costuma ser assim), com os constrangimentos de tempo que não existem no papel (são cortadas cenas importantes, como a recepção que a pequena cidade de Digne oferece a Jean Valjean) e muitas concessões orçamentais (p.e., os Thénardier passam a ter apenas 2 filhos, em vez de 5, e a sua estalagem está bem mais vazia do que seria de esperar), adocicando comportamentos (os dentes de Fantine, as reacções de Eponine, os encontros de Cosette e Mário,...) ou eclipsando personagens (desaparece o bom Mabeuf, a senhora Toussaint transforma-se em antigo forçado,…), e ainda que o decepcionante final inclua um componente sórdido que muito desgostaria o seu autor, trata-se de uma série que recomendo vivamente, como complemento da leitura ou para quem tenha interesse em percorrer esta obra imperdível de forma supersónica.

azuki

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  mas, claro, o que não falta são especialistas...
olho com curiosidade para alguém que se intitula macaco cor-de-rosa. Macaco de imitação? Familiar distante da pantera cor-de-rosa? Bem, são pérolas de leitura (partilhada?) ala americana, cheia de certezas. Vai um exemplo?

The reader cannot help but feel a sense of frustration in realizing from the very start of the book that the “crime” of Valjean was so menial. He did nothing truly worthy of condemnation under any reasonable law, but the maltreatment in the prison turns him into a bitter, angry man who becomes capable of doing exactly the things he has been accused of. And since he can’t get a real job, his only means of survival seems to be to steal; such is the mark of the French prison even after release.


Nice and easy, diria eu... Presumo que por estas bandas o modelo de abordagem será outro, menos pomposo.


Belém

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sexta-feira, fevereiro 02, 2007
  e pela mão do projecto gutenberg
versão e-book de várias obras de Hugo, em francês ou inglês. Entre elas a nossa eleita.


Not copyrighted in the United States. If you live elsewhere check the laws of your country before downloading this ebook


Belém

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  e para quem, por pura diversão, quiser ler em inglês...
... várias alternativas. A versão da literature network, e outra, recheada de comentários, do Cliffs. Just for the fun.

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  para quem lê em francês...
uma deliciosa edição digitalizada, no domínio da Biblioteca Nacional de França. Texto integral.


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Victor Hugo (26 de Fevereiro de 1802, Besançon - 22 de Maio de 1885, Paris)

Filho de Joseph Hugo e de Sophie Trébuchet, nasceu em Besançon, no Doubs, mas passou a infância em Paris. Estadias em Nápoles e na Espanha acabaram por influenciar profundamente sua obra. Funda com os seus irmãos em 1819 uma revista, o Conservateur littéraire (Conservador literário), que já chama a atenção para o seu talento. No mesmo ano, ganha o concurso da Académie des Jeux Floraux.

O seu primeiro recolhimento de poemas, Odes, é publicado em 1822: tem então vinte anos. Mas é com Cromwell, publicado em 1827, que alcançará o sucesso. No prefácio deste drama, opõe-se às convenções clássicas, em especial à unidade de tempo e à unidade de lugar.

Tem, até uma idade avançada, diversas amantes, sendo a mais famosa Juliette Drouet, atriz sem talento que lhe dedica a sua vida, e a quem ele escreve numerosos poemas. Ambos passavam juntos o aniversário do seu encontro e preenchiam, nesta ocasião, ano após ano, um caderno comum que nomeavam o Livro do aniversário.

Criado por sua mãe no espírito da monarquia, acaba por se convencer, pouco a pouco, do interesse da democracia ("Cresci", escreve num poema onde se justifica). A sua idéia é que "onde o conhecimento está apenas num homem, a monarquia se impõe." Onde está num grupo de homens, deve fazer lugar à aristocracia. E quando todos têm acesso às luzes do saber, então vem o tempo da democracia". Tendo se tornado favorável a uma democracia liberal e humanitária, é eleito deputado da Segunda República em 1848, e apóia a candidatura do "príncipe Louis-Napoléon", mas se exila após o golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851, que ele condena vigorosamente por razões morais (Histoire d'un crime).

Durante o Segundo Império, em oposição a Napoléon III, vive em exílio em Jersey, Guernsey e Bruxelas. É um dos únicos proscritos a recusar a anistia decidida algum tempo depois: « Et s'il n'en reste qu'un, je serai celui-là » ("e se sobra apenas um, serei eu"). A morte da sua filha, Leopoldina, deixou-o a tal ponto desamparado que se deixa tentar, na sua lembrança, por experiências espíritas relatadas numa obra diferente nomeada Les tables tournantes de Jersey.

De acordo com seu último desejo, seu corpo é depositado em um caixão humilde que é enterrado no Panthéon. Tendo ficado vários dias exposto sob o Arco do Triunfo, estima-se que 1 milhão de pessoas vieram lhe prestar uma última homenagem.

Fonte: Wikipedia

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quinta-feira, fevereiro 01, 2007
  Fevereiro de 2007, no Leitura Partilhada
Mais um colosso da história da literatura universal, mais uma daquelas obras que desafiam a usura do tempo e cujas personagens têm um papel cativo no nosso imaginário: Jean Valjean, Cosette, Fantine, Javert, Gavroche.

Ainda há resistentes (cada vez menos, é certo) que conseguem boicotar o turbilhão em que o quotidiano se transformou, dando-se longas horas de prazer a saborear este livro, em cujo prefácio (penso que nunca publicado) Victor Hugo escreveu: Tant qu’il existera, par le fait des lois et des mœurs, une damnation sociale créant artificiellement, en pleine civilisation, des enfers et compliquant d’une fatalité humaine la destinée qui est divine; (…) tant que, dans certaines régions, l’asphyxie sociale sera possible ; (…) tant qu’il y aura sur la terre ignorance et misère, des livres de la nature de celui-ci pourront ne pas être inutiles.

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O QUE ESTAMOS A LER

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PROXIMAS LEITURAS

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LEITURAS NO ARQUIVO

"ULISSES", de James Joyce (17 de Julho de 2003 a 7 de Fevereiro de 2004)

"OS PAPEIS DE K.", de Manuel António Pina (1 a 3 de Outubro de 2003)

"AS ONDAS", de Virginia Woolf (13 a 20 de Outubro de 2003)

"AS HORAS", de Michael Cunningham (27 a 30 de Outubro de 2003)

"A CIDADE E AS SERRAS", de Eça de Queirós (30 de Outubro a 2 de Novembro de 2003)

"OBRA POÉTICA", de Ferreira Gullar (10 a 12 de Novembro de 2003)

"A VOLTA NO PARAFUSO", de Henry James (13 a 16 de Novembro de 2003)

"DESGRAÇA", de J. M. Coetzee (24 a 27 de Novembro de 2003)

"PEQUENO TRATADO SOBRE AS ILUSÕES", de Paulinho Assunção (22 a 28 de Dezembro de 2003)

"O SOM E A FÚRIA", de William Faulkner (8 a 29 de Fevereiro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. I - Do lado de Swann)", de Marcel Proust (1 a 31 de Março de 2004)

"O COMPLEXO DE PORTNOY", de Philip Roth (1 a 15 de Abril de 2004)

"O TEATRO DE SABBATH", de Philip Roth (16 a 22 de Abril de 2004)

"A MANCHA HUMANA", de Philip Roth (23 de Abril a 1 de Maio de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. II - À Sombra das Raparigas em Flor)", de Marcel Proust (1 a 31 de Maio de 2004)

"A MULHER DE TRINTA ANOS", de Honoré de Balzac (1 a 15 de Junho de 2004)

"A QUEDA DUM ANJO", de Camilo Castelo Branco (19 a 30 de Junho de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. III - O Lado de Guermantes)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2004)

"O LEITOR", de Bernhard Schlink (1 a 31 de Agosto de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. IV - Sodoma e Gomorra)", de Marcel Proust (1 a 30 de Setembro de 2004)

"UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES" e outros, de Clarice Lispector (1 a 31 de Outubro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. V - A Prisioneira)", de Marcel Proust (1 a 30 de Novembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de José Saramago (1 a 21 de Dezembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", de José Saramago (21 a 31 de Dezembro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VI - A Fugitiva)", de Marcel Proust (1 a 31 de Janeiro de 2005)

"A CRIAÇÃO DO MUNDO", de Miguel Torga (1 de Fevereiro a 31 de Março de 2005)

"A GRANDE ARTE", de Rubem Fonseca (1 a 30 de Abril de 2005)

"D. QUIXOTE DE LA MANCHA", de Miguel de Cervantes (de 1 de Maio a 30 de Junho de 2005)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VII - O Tempo Reencontrado)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2005)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2005)

UMA SELECÇÃO DE CONTOS LP (1 a 3O de Setembro de 2005)

"À ESPERA NO CENTEIO", de JD Salinger (1 a 31 de Outubro de 2005)(link)

"NOVE CONTOS", de JD Salinger (21 a 29 de Outubro de 2005)(link)

Van Gogh, o suicidado da sociedade; Heliogabalo ou o Anarquista Coroado; Tarahumaras; O Teatro e o seu Duplo, de Antonin Artaud (1 a 30 de Novembro de 2005)

"A SELVA", de Ferreira de Castro (1 a 31 de Dezembro de 2005)

"RICARDO III" e "HAMLET", de William Shakespeare (1 a 31 de Janeiro de 2006)

"SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE" e "PALOMAR", de Italo Calvino (1 a 28 de Fevereiro de 2006)

"OTELO" e "MACBETH", de William Shakespeare (1 a 31 de Março de 2006)

"VALE ABRAÃO", de Agustina Bessa-Luis (1 a 30 de Abril de 2006)

"O REI LEAR" e "TEMPESTADE", de William Shakespeare (1 a 31 de Maio de 2006)

"MEMÓRIAS DE ADRIANO", de Marguerite Yourcenar (1 a 30 de Junho de 2006)

"ILÍADA", de Homero (1 a 31 de Julho de 2006)

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POESIA DE ALBERTO CAEIRO (1 a 30 de Setembro de 2006)

"O ALEPH", de Jorge Luis Borges (1 a 31 de Outubro de 2006) (link)

POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS (1 a 30 de Novembro de 2006)

"DOM CASMURRO", de Machado de Assis (1 a 31 de Dezembro de 2006)(link)

POESIA DE RICARDO REIS E DE FERNANDO PESSOA (1 a 31 de Janeiro de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 28 de Fevereiro de 2007)

"O VERMELHO E O NEGRO" e "A CARTUXA DE PARMA", de Stendhal (1 a 31 de Março de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 30 de Abril de 2007)

"A RELÍQUIA", de Eça de Queirós (1 a 31 de Maio de 2007)

"CÂNDIDO", de Voltaire (1 a 30 de Junho de 2007)

"MOBY DICK", de Herman Melville (1 a 31 de Julho de 2007)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2007)

"PARAÍSO PERDIDO", de John Milton (1 a 30 de Setembro de 2007)

"AS FLORES DO MAL", de Charles Baudelaire (1 a 31 de Outubro de 2007)

"O NOME DA ROSA", de Umberto Eco (1 a 30 de Novembro de 2007)

POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (1 a 31 de Dezembro de 2007)

"MERIDIANO DE SANGUE", de Cormac McCarthy (1 a 31 de Janeiro de 2008)

"METAMORFOSES", de Ovídio (1 a 29 de Fevereiro de 2008)

POESIA DE AL BERTO (1 a 31 de Março de 2008)

"O MANUAL DOS INQUISIDORES", de António Lobo Antunes (1 a 30 de Abril de 2008)

SERMÕES DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1 a 31 de Maio de 2008)

"MAU TEMPO NO CANAL", de Vitorino Nemésio (1 a 30 de Junho de 2008)

"CHORA, TERRA BEM-AMADA", de Alan Paton (1 a 31 de Julho de 2008)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2008)

"MENSAGEM", de Fernando Pessoa (1 a 30 de Setembro de 2008)

"LAVOURA ARCAICA" e "UM COPO DE CÓLERA" de Raduan Nassar (1 a 31 de Outubro de 2008)

POESIA de Sophia de Mello Breyner Andresen (1 a 30 de Novembro de 2008)

"FOME", de Knut Hamsun (1 a 31 de Dezembro de 2008)

"DIÁRIO 1941-1943", de Etty Hillesum (1 a 31 de Janeiro de 2009)

"NA PATAGÓNIA", de Bruce Chatwin (1 a 28 de Fevereiro de 2009)

"O DEUS DAS MOSCAS", de William Golding (1 a 31 de Março de 2009)

"O CÉU É DOS VIOLENTOS", de Flannery O´Connor (1 a 15 de Abril de 2009)

"O NÓ DO PROBLEMA", de Graham Greene (16 a 30 de Abril de 2009)

"APARIÇÃO", de Vergílio Ferreira (1 a 31 de Maio de 2009)

"AS VINHAS DA IRA", de John Steinbeck (1 a 30 de Junho de 2009)

"DEBAIXO DO VULCÃO", de Malcolm Lowry (1 a 31 de Julho de 2009)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2009)

POEMAS E CONTOS, de Edgar Allan Poe (1 a 30 de Setembro de 2009)

"POR FAVOR, NÃO MATEM A COTOVIA", de Harper Lee (1 a 31 de Outubro de 2009)

"A ORIGEM DAS ESPÉCIES", de Charles Darwin (1 a 30 de Novembro de 2009)

Primeira Viagem Temática BLOOMSDAY 2004

Primeira Saí­da de Campo TORMES 2004

Primeira Tertúlia Casa de 3 2005

Segundo Aniversário LP

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