Leitura Partilhada
segunda-feira, dezembro 31, 2007
 

“Creio que não há ninguém mais frágil do que um poeta. Às vezes sinto-me de vidro."
ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
 

“Outra coisa não me interessa. É preciso arder. E não só nos versos.”
ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
  fim? recomeça...
(...)


Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.

E eu acreditava.

Acreditava

porque ao teu lado

todas as coisas eram possíveis.



in: ADEUS

Eugénio de Andrade

os amantes sem dinheiro





Eugénio de Andrade, poeta, estará sempre aqui ao lado.


belém

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  no dealbar de um novo ano
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.


Vivemos esmagados em rotinas e automatismos, numa engrenagem que nos provoca cegueira emocional. Não vemos, não respondemos, não estremecemos, tão-pouco sabemos auscultar-nos. Há quem nunca se questione, há quem abafe uma vontade imensa de gritar, há até quem se esqueça de partir para dentro de si. O meu amigo C. tem uma doença grave e foi esta a sua mensagem de Natal para a família e amigos: vivam intensamente, não percam tempo com questões menores e valorizem o que é realmente importante. Consigamos apercebermo-nos de nós mesmos, sabendo reconhecer a forma do que é valioso; sejamos capazes de entender que é irresistível acarinhar o tempo; tentemos contrariar o tão íntimo esquema mental diário, parando para pensar na mensagem, em epígrafe, de um dos Ensaios de Saramago, o da Cegueira, claro: Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.

C., neste 2008 vou andar com as tuas palavras junto de mim.

azuki
 
  In memoriam

Esses mortos difíceis

que não acabam de morrer dentro de nós
...

in Ofício de Paciência


... E assim perduram, imortais na nossa memória e na saudade.

Cristina_pt

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domingo, dezembro 30, 2007
 

“...na minha poesia há uma procura de plenitude. O homem, nos seus poemas, busca um rosto, o seu próprio rosto. É uma procura incessante.”
ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
 

“Sei que o poema é qualquer coisa que nos transforma. “
ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
  Ser Poeta III


AS MAÇÃS

Também ele vai morrer, o verão.
Do verde ao vermelho
as maçãs ardem sobre a mesa.
Ardem de uma luz sua, mais madura.
E servem-me de espelho.

(HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIO, 21.7.2002)



Fonte: Fundação Eugénio de Andrade

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sábado, dezembro 29, 2007
 

“O silêncio é a minha maior tentação. As palavras, esse vício ocidental, estão gastas, envelhecidas, envilecidas. Fatigam, exasperam. E mentem, separam, ferem. Também apaziguam, é certo, mas é tão raro! Por cada palavra que chega até nós, ainda quente das entranhas do ser, quanta baba nos escorre em cima a fingir de música suprema! A plenitude do silêncio só os orientais a conhecem. “
ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
 

“...Eu nem sequer gosto de escrever. Acontece-em às vezes estar tão desesperado que me refugio no papel como quem se esconde para chorar. E o mais estranho é arrancar da minha angústia palavras de profunda reconciliação com a vida.”
ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
 

“As palavras são a nossa condenação. Com palavras se ama, com palavras se odeia. E, suprema irrisão, ama-se e odeia-se com as mesmas palavras! “
ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
  O outono da vida
Começo a dar-me conta: a mão
que escreve os versos
envelheceu.

cristina_pt

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sexta-feira, dezembro 28, 2007
 

“Todos os meus versos são um apaixonado desejo de ver claro mesmo nos labirintos da própria noite. O amor da transparência é a minha fraqueza, mas a minha força também.”
ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
 

“ – Não sei o que é poesia pura. Da poesia se poderá dizer o que Nietzsche disse do pensamento: não existe sem mácula.”
ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
  Cavatina
"Quando mais envelheço mais pueril é a luz/mas essa vai comigo."





Apesar de ser considerado um poeta luminoso, há uma grande tristeza e melancolia na obra do poeta, que frequentemente associa esses sentimentos à velhice e à iminência da morte.

Cavatina in Véspera da Água


Fonte: Fundação Eugénio de Andrade





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quinta-feira, dezembro 27, 2007
 

“Este animal triste que nos habita há milhares de anos, cujas possibilidades estamos tão longe de conhecer, é o fruto de uma desfiguração – acção de uma cultura mais interessada em ocultar ao homem o seu rosto do que em trazê-lo, belo e tenebroso, à luz limpa do dia. É contra a ausência do homem no homem que a palavra do poeta se insurge, é contra esta amputação no corpo vivo da vida que o poeta se rebela.”

ROSTO PRECÁRIO

Troti

 
  Conciliação com a vida


Assim seja

A terra é boa, e o corpo
apesar de bastardo
traz consigo pátios
e cavalos. A multiplicação
da luz torna mais límpido o ar,
até mesmo a lebre
salta dos fenos.
Contenta-te com ser, hoje
amanhã
outro dia, esta luz breve.

Assim seja, in Ofício de Paciência


cristina_pt

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quarta-feira, dezembro 26, 2007
 
"O acto poético é o empenho total do ser para a sua revelação. Este fogo de conhecimento, que é também fogo de amor, em que o poeta se exalta e consome, é a sua moral. E não há outra."
ROSTO PRECÁRIO - 1. DA PALAVRA AO SILÊNCIO

Troti
 
  novamente a mãe...na despedida...na saudade
CASA NA CHUVA


A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei porque voltou esta tarde
se minha mãe já se foi embora,
já não nem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura
para perguntar: Ouves?
Ouço, mãe, é outra vez a chuva,
a chuva sobre o teu rosto.

in Escrita da Terra

Sim, para quê a rotação da terra, quando se perde o norte? De imediato outro poeta: Auden e o seu Funeral Blues
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.

cristina_pt

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segunda-feira, dezembro 24, 2007
  Poema para todos os dias
URGENTEMENTE



É urgente o amor.

É urgente um barco no mar.



É urgente destruir certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,

muitas espadas.



É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.



Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer.

É urgente o amor, é urgente

permanecer.





Eugénio de Andrade

in Áté Amanhã







belém

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domingo, dezembro 23, 2007
  Erotismo II
"a nudez partilhada, os jogos matinais,
ou se preferem: nupciais,
o silêncio torrencial,
a reverência dos mastros,
no intervalo das espadas"



Véspera da Água in Obscuro Domínio

Fonte: Fundação Eugénio de Andrade

*
cristina_pt
*

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sábado, dezembro 22, 2007
  Erotismo I
" Pelo sabor da água reconheço / a ternura e os flancos do verão."



Eros de Passagem in OSTINATO RICORE


Fonte: Fundação Eugénio de Andrade


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sexta-feira, dezembro 21, 2007
  esperar

Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.


Esperar? Vamos perdendo essa sabedoria, na sociedade da abundância que produz o desperdício e a insatisfação, onde se confunde bem-estar material com descontrolo consumista. Tudo tem que ser provado com fúria e deglutido sem mastigar, tudo se torna acessível e, por isso, menos apetecível. Já não sabemos esperar, mas atulhamo-nos em lixo e luzes e ruído à espera, à espera que esses montes de entulho e essa trepidação sejam cura milagrosa para o vazio que, de vez em quando, nos intervalos do desvario, provoca dor estranha e triste no fundo do peito. Péssimos hábitos na gestão do desejo: em alta velocidade, directamente do estado verde ao apodrecido; em grande quantidade, para a ilusão do fulfilment.

azuki
 
  Psicologia do Tráfego
Curioso o quanto aprendemos. Existe já uma psicologia do tráfego.



Há dia pensava nisso quando um condutor (da viatura em que eu era passageira) acelerou a viatura para fazer uma "tangente" a um peão que atravessava com o sinal vermelho.



Como sempre, Eugénio de Andrade traça o perfil psicológico destes irresponsáveis, como ninguém:



"(...)

um bruto/que, ao volante, se julga um deus/ de arrabalde, com sucesso garantido/ junto de três ou quatro putas de turno.

(...)"



Arrepio na tarde, in Os sulcos da sede



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quinta-feira, dezembro 20, 2007
  Booklove

Os livros. A sua cálida,


terna, serena pele.
...




Num exemplar das Geórgicas in Ofício de Paciência




Neste blog, ninguém contestará a importância dos livros. Saber, prazer e amigas.


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Eugénio de Andrade deixou-nos mais de 20 livros de poemas, 4 de prosa poética, 2 infantis, diversas antologias, inúmeras traduções.

Aprendi que poucas coisas há absolutamente necessárias. São essas as coisas que os meus versos amam e exaltam. A terra e a água, a luz e o vento. Os elementos primordiais, fogo, ar, água e terra; a força dos sentidos e das imagens; o louvor do corpo, do amor, da sensualidade; a infância e a imagem materna; animais, flores, árvores, luz, estações, estrelas, sol, mar. Mas, também, o chamamento sombrio da negatividade (doença, fragilidade, precariedade, sombra, morte, melancolia), porque há alturas em que só se consegue dizer que as palavras estão gastas.

azuki
 
quarta-feira, dezembro 19, 2007
  Tempo que voa
Acorda-me um rumor de ave.Talvez seja a tarde a querer voar.



Rumor in Os amantes sem dinheiro



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  (amor)
RECOMECEMOS ENTÃO



Recomecemos então, as mãos

palma com palma.

Diz, não digas, a palavra.

As palavras terão sentido ainda?

Haverá outro verão, outro mar

para as palavras?

Vão de vaga em vaga,

de vaga em vaga vão apagadas.

Seremos nós, tu e eu, as palavras?

Onde nos levam, neste crepúsculo,

assim palma com palma,

de mãos dadas?



Eugénio de Andrade

O Sal da Língua





(dá-me a mão, não largues)





belém

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terça-feira, dezembro 18, 2007
  uma terra mais habitável

Quando me sinto de vidro diante do mundo, refugio-me na doçura das suas palavras. Como disse o Prof. Arnaldo Saraiva, que com ele privou e tão bem o compreendeu, e que nele tanto se inspirou: Eugénio de Andrade (…) deixou-nos poemas e versos que não ressuscitam os mortos mas são vigor, ardor, fulgor e amor; amor que envolve pessoas, coisas, palavras; palavras que nos ajudarão a viver melhor e contribuirão para que a terra, esta terra onde já não o veremos mas onde sempre o leremos, seja cada vez mais habitável.

azuki
 
  As palavras


É só o começo. Só depois dói,

e se lhe dá nome.



Da maneira mais simples in Os sulcos da sede



Tão importantes que são os nomes, os nomes das coisas e dos seres. Nas relações também é assim. Os nomes são muito importantes.

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  como se fosse um hino ou um tratado
um manual de metodologia poética. apenas a forma de existir - única, inevitável - do poeta.


SÍLABA SOBRE SÍLABA


Aprendo uma gramática de exílio, nas vertentes do silêncio. É uma aprendizagem que requer pernas rijas e mão segura, coisas de que já não me posso gabar, mas embora precárias, sempre as minhas mãos foram animais de paciência, e as pernas, essas ainda vão trepando pelos dias sem ajuda de ninguém. Sem o desembaraço de muitos, mas tirando partido dos variados acidentes da pedra, que conheço bem, lá vou pondo sílaba sobre sílaba. Do nascer ao pôr do sol.


Eugénio de Andrade

in Memória doutro Rio



belém

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segunda-feira, dezembro 17, 2007
  Jacarandás


É como nos sonhos mais pueris: posso voar quase rente às nuvens altas - irmãos dos pássaros -, perder-me no ar.


Aos jacarandás de Lisboa in Os sulcos da sede

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  A natureza dos ansiosos
talvez pelo ritmo frenético em que tendemos a viver, talvez pela hiper-consciência das nossas limitações e da incapacidade de vivermos tudo o que ambicionamos (e pela falta de genorosidade social, a mais castradora de todas as limitações, que nos impede a experiência de viver sendo). Somos tendencialmente ansiosos (eu sou. tu, és? ele é! ...). E ao sê-lo, temos razão para a pressa.







QUASE NADA



Passo e amo e ardo.

Água? Brisa? Luz?

Não sei. E tenho pressa:

levo comigo uma criança

que nunca viu o mar.





Eugénio de Andrade

in Mar de Setembro





belém
 
  Procura a maravilha

Procura a maravilha.

Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.

No brilho redondo
e jovem dos joelhos.

Na noite inclinada
de melancolia.

Procura.

Procura a maravilha.


O contacto com a beleza faz de nós melhores seres humanos: reduz os níveis de agressividade e de frustração, fortalece o nosso vínculo com o mundo, apazigua, tranquiliza, aumenta a satisfação, torna-nos gratos. Felizmente para o nosso desenvolvimento pessoal, ela está por todo o lado e está, sobretudo, na predisposição que tenhamos para a detectar. Assim, ginasticar a capacidade de notar e sentir a beleza equivale a aumentar significativamente as probabilidades de a encontrarmos* e, em última análise, nos sentirmos reconciliados com a existência. Procura. Procura. Procura. Procura a maravilha. A maravilha. Procura a maravilha.

azuki

* Convicto de que a arte seria a melhor forma de apreender a beleza, John Ruskin ensinava desenho aos seus alunos do East End, frisando que o mais importante não era o produto final, mas sim o processo. De facto, mesmo que o resultado fosse medíocre, eles ter-se-iam questionado sobre os atributos corpóreos e intangíveis do objecto que pretendiam replicar e sobre a forma como este os afectava, pois desenhar um objecto é tomar consciência dele de uma forma activa. Mais do que olhá-la de relance e ficar com uma vaga sensação de prazer ao recordar os seus contornos e cor, mais até do que contemplá-la demoradamente, tentar desenhar uma folha é descobrir as suas diferentes tonalidades de verde, a forma como a sua sombra se projecta, um resto de orvalho que brilha, os seus veios sinuosos, todos os detalhes da proporção e da simetria e, principalmente, de que modo é que essa folha, sob essa luz, nesse momento, nos transmite emoções e valores.

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domingo, dezembro 16, 2007
  As estações
Primavera



A floração -

O imponderável corpo

Do vento traz-nos o cheiro

Da floração dos lilazes de Oxford

...


Primavera em Oxford in Ofício de Paciência




Verão



Dai-me ainda outro verão,

um verão do sul,

um verão

de rolas frementes de cio,

de porosa alegria, de luz varrida

pela cal

...


Variação sobre um velho tema in Os sulcos da sede






Outono



De que lado viste chegar

o outono? Por que janela

o deixaste entrar? És tu quem

canta em surdina, ou a luz

espessa das suas folhas?

...


Sulcos in Os sulcos da sede




Inverno



Vem o vento

E ninguém sabe se virá mais cedo

O inverno. Vem e deixa no telhado

Algumas sílabas.

...


Narrativa da neve in Ofício de paciência



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  Para a Carla e as suas gaivotas
APENAS UM RUMOR

E no teu rosto aberto sore o mar
cada palavra era apenas um rumor
de um bando de gaivotas a passar.


Eugénio de Andrade
in Os amantes sem dinheiro




belém

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sábado, dezembro 15, 2007
  Balança

No prato da balança um verso basta


para pesar no outro a minha vida.





Será esse o segredo da felicidade? Encontrar o que pesa na nossa vida?

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sexta-feira, dezembro 14, 2007
  (um post antigo para Eugénio)
Eu sublinhei no livro:
"Os teus olhos são peixes verdes."

Ele pegou no livro, folheou-o. Ele sublinhou:
"E eu acreditava."

Ele escreveu o nome dele no livro.
Eu nunca mais o deixei.

nastenka-d
 
  Homenagem a Mark Rothko



Amarelo, laranja, limão,


depois o carmim: tudo arde


nas areias


entre as palmeiras e o mar - era verão.




in Os Sulcos da Sede


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quinta-feira, dezembro 13, 2007
  apetecia, apetecia, apetecia
Apetecia / entrar nele, tirar a roupa, ficar / nu dentro daquele sorriso. / Correr, navegar, morrer naquele sorriso. Como é possível ficarmos indiferentes? Como é possível continuarmos a ser os mesmos depois de imaginar que morremos naquele sorriso?

azuki
 
  Psis

Já o disse e repito. Eugénio de Andrade é o poeta das emoções. Do dia a dia, do quotidiano, da verdadeira vida.


Nunca, o silêncio da intimidade foi tão perfeitamente descrito:


AS POUCAS PALAVRAS

...

Eram contudo palavras de amor.

Não propriamente ditas,

antes sentidas,

antes adivinhadas. Ou só pressentidas.

...


In Os Sulcos da Sede


[Por estas e outras é que os psis gostam tanto dele]




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  O concurso de vídeos “BiblioFilmes – Livros, Bibliotecas, Acção!”
No âmbito do Plano Nacional de Leitura lançado pelo Governo de Portugal, um grupo de professores, decidiu criar um concurso que pretende lançar um desafio à comunidade da Língua Portuguesa a fazer um "filme" (em vídeo ou telemóvel) a contar a sua história e provar o quanto gostam da sua biblioteca e/ou de um livro.

página oficial do concurso
blogue
 
quarta-feira, dezembro 12, 2007
  eterno retorno
ao longo da obra descobrimos as palavras mais amadas. mas não são só as palavras (silêncio, rosa, noite, mão, mãe, ...) nem os temas (amor, ausência, eu, solidão, ...) que se repetem. também os títulos dos poemas. como se o poeta reescrevesse sempre o mesmo poema, o único poema possível: a sua razão única de ser.




belém

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  Shumann por Horowitz
São mãos envelhecidas, mas no teclado
São capazes do inacreditável: juntar
Nos mesmos compassos o rumor
Dos bosques em setembro e os risos
Infantis a caminho do mar.

Fonte: Blog Incursões


Ouça aqui

Eugénio de Andrade amava a música e a musicalidade é frequentemente referida como uma das mais marcantes características dos seus poemas.

O poema, para o pianista, bem poderia ser para si. Extraído de uma as suas últimas obras ( Os sulcos da sede), reflecte a mesma dicotomia e o mesmo percurso: do Alentejo a Lisboa e depois ao Porto.

Cristina_pt

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terça-feira, dezembro 11, 2007
  Lágrima
Dos olhos me cais,
redonda formosura.
Quase fruto ou lua,
cais desamparada.
Regressas à água
mais pura do dia,
obscuro alimento
de altas açucenas.
Breve arquitectura
da melancolia.
Lágrima, apenas.



Eugénio de Andrade in Coração do dia



A singeleza de uma lágrima tornada bela pela poesia.

Biblios

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  AMOR É

(nem Camões o diz assim)

O PEQUENO SISMO

Há um pequeno sismo em qualquer parte
Ao dizeres o meu nome.
Elevas-me à altura da tua boca
Lentamente
Para não me desfolhares.
Tremo como se tivera
Quinze anos e toda a terra
Fosse leve.
Ó indizível primavera!


Fonte: As Tormentas




Eugénio de Andrade é o poeta das emoções e dos sentimentos.


Cristina_pt

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  dedicatória II
XXXI. ESPERA



Horas, horas sem fim

pesadas, fundas,

esperarei por ti

até que todas as coisas sejam mudas.



Até que uma pedra irrompa

e floresça.

Até que um pássaro me saia da garganta

e no silêncio desapareça.



Eugénio de Andrade

as mãos e os frutos





como somos banais nas nossas promessas de amor. como nos vale o poeta, como nos resgata...





belém

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segunda-feira, dezembro 10, 2007
  simplicidade
As suas palavras, regresso sempre às suas palavras: límpidas, elementares, musicais. Amo a sua simplicidade. Há imagens e sentires que se querem assim, despidos, crus, dispensando retóricas embrulhadas. Eugénio de Andrade, que nunca seria capaz de escrever um poema onde se lesse “televisor”, tinha a obsessão pelas palavras certas. Há um imenso labor por trás daqueles seus originais imaculados: Sou capaz de passar oito horas à roda de um poema e no dia seguinte deitá-lo ao lixo. Sou capaz de não dormir por causa de um verso. Tudo muito apurado, muito rigoroso, muito exigente. Porque a simplicidade é complicada.

azuki
 
  poemas mínimos II
XVII. POEMA PARA O MEU AMOR DOENTE



Hoje roubei todas as rosas dos jardins

e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.



Eugénio de Andrade

as mãos e os frutos







(permito-me nada comentar)



belém

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domingo, dezembro 09, 2007
  As Sílabas de Eugénio de Andrade

TRÊS OU QUATRO SÍLABAS

Neste país
onde se morre de coração inacabado
deixarei apenas três ou quatro sílabas
de cal viva junto à água.
...

Fonte: Fundação Eugénio de Andrade


Muito se tem dito sobre o próximo (?) acordo ortográfico.

A minha primeira reacção foi de imediata e implacável resistência (ainda escrevo história…para as duas histórias). Depois alguém relembrava que a versão da língua portuguesa que agora reconhecemos, não tem mais que cem anos.

Relembro a dúvida que me assolou: Queiróz ou Queirós? E sorrio.

Afinal, farmácia já não é pharmacia. História pode ser ou não. E o fato vai ser relatado ou vestido.

Qualquer dia ficamos em minoria.
A geração SMS ditará o próximo acordo e nessa altura, iremos mesmo precisar de um “K” no alfabeto.

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  poemas mínimos
não sei se é pela incapacidade de decorar seja o que for. gosto de poemas curtos. releio, enrolo cada som, encanto-me com os tempos verbais e a solução, arrumo na memória rápida:


IX: MADRIGAL


Tu já tinhas um nome, e eu não sei


se eras fontes ou brisa ou mar ou flor.


Nos meus versos chamar-te-ei amor.





Eugénio de Andrade

as mãos e os frutos




belém

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sábado, dezembro 08, 2007
  Ser Poeta II

SER POETA

É contemplar…

“Ouço falar da minha vocação

mendicante, e sorrio. Porque não sei
se tal vocação não é apenas
uma escolha entre riquezas, como Keats
diz ser a poesia.”

In O SAL DA LÍNGUA

E sentir angústia…

Escuta, escuta: tenho ainda

uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar.
Para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.

In O SAL DA LÍNGUA

cristina_pt

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  dedicatória
II



Cantas. E fica a vida suspensa.

É como se um rio cantasse:

em redor tudo é teu;

mas quando cessa o teu canto

o silêncio é todo meu.







Eugénio de Andrade

(as mãos e os frutos)







...





na verdade, não cantas para mim. dizes que cantas mal, o que desconheço: nunca te ouvi cantar. mas não me deixo enganar, não é o canto em si, o canto formal que importa. e Eugénio prova que tenho alguma razão: (VI) «Canto porque o amor apetece



afinal, talvez cantes; cantas é de outra maneira...





belém

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sexta-feira, dezembro 07, 2007
  quando o sol se ausenta
Eugénio amou as palavras desde cedo. leio lentamente os seus primeiros poemas, curiosamente dedicados a Fernando Pessoa. imagino o menino da canção infantil, arrumo a paisagem provincial e deixo o sol esconder-se, ao seu ritmo, atrás dos pinheiros, da azenha e das casas. uma torre, aos poucos, desaparece no escuro. a lua ignora-nos. e as estrelas, essas, lançam-se (suicidas, ou lançam-nas?) ao rio...





NOCTURNO

de Eugénio de Andrade




Noite,

noite velha

nos caminhos.

A lua no alto

fingindo-se cega.

Estrelas. Algumas

caíram ao rio.

As rãs

e as águas

estremecem de frio.



--
belém

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  PEQUENA ELEGIA CHAMADA DOMINGO
O domingo era uma coisa pequena.
Uma coisa tão pequena
que cabia inteirinha nos teus olhos.
Nas tuas mãos
estavam os montes os rios
e as nuvens.
Mas as rosas,
as rosas estavam na tua boca.


Hoje os montes e os rios
e as nuvens
não vêm nas tua mãos.
(Se ao menos elas viessem
sem montes e sem nuvens e sem rios...)
O domingo está apenas nos meus olhos
e é grande.
Os montes estão distantes e ocultam
os rios e as nuvens
e as rosas.




Este poema faz parte de um livro intitulado "As mãos e os frutos", datado de 1948.
O amor e a natureza presentes na poesia de Eugénio de Andrade


Biblos

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  Dia de Timor-Leste
É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras

ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,

e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.

Fonte: BdE





Cristina_pt

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quinta-feira, dezembro 06, 2007
  POEMA À MÃE

No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.

in OS AMANTES SEM DINHEIRO




Fonte: Projecto “Ao sabor da poesia” dos alunos da Esc. Secundária de Tomás Cabreira (Faro)

A mãe é a figura dominante da vida de Eugénio de Andrade, sendo esta uma presença frequente na sua poesia. Quanto ao pai, que sempre se recusou a perfilha-lo, foi pelo filho renegado.
Este é também o meu eleito. Para mim é dos mais belos poemas de Eugénio de Andrade. A dualidade dos sentimentos de ser filha/o na adultez: os gritos da liberdade e os pedidos de colo. Quantas/os de nós não sentiu a necessidade de esclarecer que 30 não é 13, sem deixar de abraçar os mimos (aquele leite creme feito de propósito).

O amor de mãe é assim, resistente às intempéries do medrar e implacável em recordar-nos que fomos/somos/seremos sempre as/os filhas/as.

Mas Eugénio de Andrade avisa: há outros colos.



Sobre este poema, um apontamento da conversa entre Júlio Machado Vaz e Eugénio de Andrade (
ouvir aqui)

E por remissão de Júlio Machado Vaz … Fernando Pessoa


O Menino da Sua Mãe
...
Tão jovem! que jovem era! (Agora que idade tem?) Filho único, a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: "O menino da sua mãe".
...




Cristina_pt

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  mãe, dou-lho ou não?
tenho fascínio absoluto por frases simples. provocadoras. ambíguas ou clarividentes. que nos estremecem a memória, que encontramos ao fim de uma longa busca que até desconhecíamos.


para mim, nem precisam de fazer sentido. podem ser loucamente descontextualizadas. valem por si, palavras polidas e ligadas pelos filamentos imaginários da frase. os meus sublinhados são estranhos, meros motes. fecundos. sublinhado de "Canção Infantil" de Eugénio de Andrade:






Meti tudo no bolso

para os não perder.




assim, isolado, não me obrigo a relembrar o que queria dizer. ninguém vai saber, afinal, o que tenho escondido no bolso...





belém

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quarta-feira, dezembro 05, 2007
  Ser poeta I

SAL DA LÍNGUA



São três, quatro palavras, poucomais. Palavras que te quero confiar.Para que não se extinga o seu lume,o seu lume breve.Palavras que muito amei,que talvez ame ainda.Elas são a casa, o sal da língua.

In O SAL DA LÍNGUA


Curiosas as palavras de Laerce. Com muita razão. Eugénio de Andrade era reputado perfeccionista na sua obra, refazendo-a constantemente.

A título exemplificativo, o actual Presidente da Fundação Eugénio de Andrade refere um dos poemas que, feito e refeito, demorou dois anos e onze versões, até ver a luz do dia (ou a tinta da tipografia).

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  e o rapaz que eu mal conhecia, de sorriso seguro, disse: leva este livro.
ele era colega da minha irmã dos tempos de faculdade, e trabalhava agora numa dessas livrarias em cadeia. eu andava, como de costume, a pairar sobre os expositores. fui interrompida por um olá. após uma troca breve de cumprimentos, ele diz: não saias daqui, eu já volto.


regressa e pronuncia a simplicidade de uma frase com três palavras. percebi que ele sabia o que dizia. e agora, compreendo-o melhor a cada dia que passa.
belém

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terça-feira, dezembro 04, 2007
 
a foz do poeta























Em tempos vi-o na janela, a camisa axadrezada de uma entrevista que dera para a Universidade Aberta, se não me engano, na qual recitou um brevíssimo poema que girava à volta de uma sílaba. Uma sílaba, coisa pouca, mas que lhe fazia muita falta.


foto: Fundação Eugénio de Andrade, tirada a 3/12/2007

...
laerce

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  Adeus Eugénio

“Estava escrito: "Pela manhã de Junho é que eu iria/ pela última vez." E foi.”

Fonte: NETPROF

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  AS PALAVRAS DE EUGÉNIO

AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

in CORAÇÃO DO DIA

Fonte:
Fundação Eugénio de Andrade

Vivemos com elas, procuramos que elas nos perpetuem e procuramos perpetuá-las.
Elas, rebeldes, assumem vida própria e assim dizemos o que não queremos.
As palavras de Eugénio podem ser puras e límpidas, mas também violentas. Podem ser demolidoras, mas também ser o que renasce das cinzas depois da destruição.

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segunda-feira, dezembro 03, 2007
  Introdução por Eugénio de Andrade
VER CLARO


Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
e essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.



In Os Sulcos da Sede


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domingo, dezembro 02, 2007
  Assim se lê e se canta Eugénio de Andrade:


Simone de Oliveira
Tuna Académica
Contresentidos (programa espanhol)
António Cardoso Pinto

Não poderíamos deixar de destacar aquele que sempre invoca Eugénio de Andrade: Júlio Machado Vaz. À soleira da porta da Fundação EA , lê os Os Perigos do Verão.


E nós perguntamos: E vai-lhe pegar por onde?


E ele responde…


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  A Obra
“Eugénio de Andrade é hoje o mais lido ou conhecido poeta português vivo – o que se vê em sucessivas edições ou reedições (da sua obra singular ou colectiva), mas também se vê em traduções, citações, solicitações, imitações, premiações, distinções.”

Autor: SARAIVA, Arnaldo (1995). Introdução à Poesia de Eugénio de Andrade. Porto: Edição Fundação Eugénio de Andrade

Fora das correntes, tem como inspiração Fernando Pessoa e há mesmo quem diga que o suplanta.

Bio-Bibliografia do poeta (ver aqui)

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sábado, dezembro 01, 2007
  No mundo virtual

SÍTIO OFICIAL
Fundação Eugénio de Andrade (ver aqui)


SÍTIOS DEDICADOS
As Tormentas (ver aqui)

Versos de Segunda (ver aqui)
Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas (ver aqui)

Blog Pessoal (ver aqui)
nEscrtitas (ver aqui)
Direcção Geral dos Livros e das Bibliotecas (ver aqui)
A Página da Educação (ver aqui)
Agrupamento Vertical Eugénio de Andrade (ver aqui)

Triplov (ver aqui)

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  Eugénio de Andrade





Nome: José Fontinhas Rato
Data de Nascimento: 19/01/1923
Data de Falecimento: 13/06/2005
Naturalidade: Póvoa da Alataia (Fundão)



Fonte da imagem

"Menino da província e do campo, oriundo de uma zona beirã em que a secura e a planura tipicamente alentejanas convivem com as alturas da Gardunha e da Estrela e com a fertilidade das suas faldas ou covas, Eugénio de Andrade emigra para a capital ainda antes de concluir a instrução primária, e a tempo de poder acumular, na memória privilegiada de menino, para mais tão vivo quanto o costumam ser os meninos estigmatizados, experiências e percepções próprias do mundo urbano e litoral."
Autor: SARAIVA, Arnaldo (1995). Introdução à Poesia de Eugénio de Andrade. Porto: Edição Fundação Eugénio de Andrade

Já na adultez, Eugénio de Andrade divide o seu tempo entre as suas funções enquanto diligente funcionário público do Ministério da Saúde e a poesia.
Com a sua aposentação, vem a total dedicação às palavras.

(Al Berto também nasceu em Janeiro e também num dia 13 de Junho faleceu, mas se Al Berto é a noite, Eugénio de Andrade é a manhã luminosa)

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O QUE ESTAMOS A LER

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PROXIMAS LEITURAS

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LEITURAS NO ARQUIVO

"ULISSES", de James Joyce (17 de Julho de 2003 a 7 de Fevereiro de 2004)

"OS PAPEIS DE K.", de Manuel António Pina (1 a 3 de Outubro de 2003)

"AS ONDAS", de Virginia Woolf (13 a 20 de Outubro de 2003)

"AS HORAS", de Michael Cunningham (27 a 30 de Outubro de 2003)

"A CIDADE E AS SERRAS", de Eça de Queirós (30 de Outubro a 2 de Novembro de 2003)

"OBRA POÉTICA", de Ferreira Gullar (10 a 12 de Novembro de 2003)

"A VOLTA NO PARAFUSO", de Henry James (13 a 16 de Novembro de 2003)

"DESGRAÇA", de J. M. Coetzee (24 a 27 de Novembro de 2003)

"PEQUENO TRATADO SOBRE AS ILUSÕES", de Paulinho Assunção (22 a 28 de Dezembro de 2003)

"O SOM E A FÚRIA", de William Faulkner (8 a 29 de Fevereiro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. I - Do lado de Swann)", de Marcel Proust (1 a 31 de Março de 2004)

"O COMPLEXO DE PORTNOY", de Philip Roth (1 a 15 de Abril de 2004)

"O TEATRO DE SABBATH", de Philip Roth (16 a 22 de Abril de 2004)

"A MANCHA HUMANA", de Philip Roth (23 de Abril a 1 de Maio de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. II - À Sombra das Raparigas em Flor)", de Marcel Proust (1 a 31 de Maio de 2004)

"A MULHER DE TRINTA ANOS", de Honoré de Balzac (1 a 15 de Junho de 2004)

"A QUEDA DUM ANJO", de Camilo Castelo Branco (19 a 30 de Junho de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. III - O Lado de Guermantes)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2004)

"O LEITOR", de Bernhard Schlink (1 a 31 de Agosto de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. IV - Sodoma e Gomorra)", de Marcel Proust (1 a 30 de Setembro de 2004)

"UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES" e outros, de Clarice Lispector (1 a 31 de Outubro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. V - A Prisioneira)", de Marcel Proust (1 a 30 de Novembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de José Saramago (1 a 21 de Dezembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", de José Saramago (21 a 31 de Dezembro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VI - A Fugitiva)", de Marcel Proust (1 a 31 de Janeiro de 2005)

"A CRIAÇÃO DO MUNDO", de Miguel Torga (1 de Fevereiro a 31 de Março de 2005)

"A GRANDE ARTE", de Rubem Fonseca (1 a 30 de Abril de 2005)

"D. QUIXOTE DE LA MANCHA", de Miguel de Cervantes (de 1 de Maio a 30 de Junho de 2005)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VII - O Tempo Reencontrado)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2005)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2005)

UMA SELECÇÃO DE CONTOS LP (1 a 3O de Setembro de 2005)

"À ESPERA NO CENTEIO", de JD Salinger (1 a 31 de Outubro de 2005)(link)

"NOVE CONTOS", de JD Salinger (21 a 29 de Outubro de 2005)(link)

Van Gogh, o suicidado da sociedade; Heliogabalo ou o Anarquista Coroado; Tarahumaras; O Teatro e o seu Duplo, de Antonin Artaud (1 a 30 de Novembro de 2005)

"A SELVA", de Ferreira de Castro (1 a 31 de Dezembro de 2005)

"RICARDO III" e "HAMLET", de William Shakespeare (1 a 31 de Janeiro de 2006)

"SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE" e "PALOMAR", de Italo Calvino (1 a 28 de Fevereiro de 2006)

"OTELO" e "MACBETH", de William Shakespeare (1 a 31 de Março de 2006)

"VALE ABRAÃO", de Agustina Bessa-Luis (1 a 30 de Abril de 2006)

"O REI LEAR" e "TEMPESTADE", de William Shakespeare (1 a 31 de Maio de 2006)

"MEMÓRIAS DE ADRIANO", de Marguerite Yourcenar (1 a 30 de Junho de 2006)

"ILÍADA", de Homero (1 a 31 de Julho de 2006)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2006)

POESIA DE ALBERTO CAEIRO (1 a 30 de Setembro de 2006)

"O ALEPH", de Jorge Luis Borges (1 a 31 de Outubro de 2006) (link)

POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS (1 a 30 de Novembro de 2006)

"DOM CASMURRO", de Machado de Assis (1 a 31 de Dezembro de 2006)(link)

POESIA DE RICARDO REIS E DE FERNANDO PESSOA (1 a 31 de Janeiro de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 28 de Fevereiro de 2007)

"O VERMELHO E O NEGRO" e "A CARTUXA DE PARMA", de Stendhal (1 a 31 de Março de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 30 de Abril de 2007)

"A RELÍQUIA", de Eça de Queirós (1 a 31 de Maio de 2007)

"CÂNDIDO", de Voltaire (1 a 30 de Junho de 2007)

"MOBY DICK", de Herman Melville (1 a 31 de Julho de 2007)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2007)

"PARAÍSO PERDIDO", de John Milton (1 a 30 de Setembro de 2007)

"AS FLORES DO MAL", de Charles Baudelaire (1 a 31 de Outubro de 2007)

"O NOME DA ROSA", de Umberto Eco (1 a 30 de Novembro de 2007)

POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (1 a 31 de Dezembro de 2007)

"MERIDIANO DE SANGUE", de Cormac McCarthy (1 a 31 de Janeiro de 2008)

"METAMORFOSES", de Ovídio (1 a 29 de Fevereiro de 2008)

POESIA DE AL BERTO (1 a 31 de Março de 2008)

"O MANUAL DOS INQUISIDORES", de António Lobo Antunes (1 a 30 de Abril de 2008)

SERMÕES DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1 a 31 de Maio de 2008)

"MAU TEMPO NO CANAL", de Vitorino Nemésio (1 a 30 de Junho de 2008)

"CHORA, TERRA BEM-AMADA", de Alan Paton (1 a 31 de Julho de 2008)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2008)

"MENSAGEM", de Fernando Pessoa (1 a 30 de Setembro de 2008)

"LAVOURA ARCAICA" e "UM COPO DE CÓLERA" de Raduan Nassar (1 a 31 de Outubro de 2008)

POESIA de Sophia de Mello Breyner Andresen (1 a 30 de Novembro de 2008)

"FOME", de Knut Hamsun (1 a 31 de Dezembro de 2008)

"DIÁRIO 1941-1943", de Etty Hillesum (1 a 31 de Janeiro de 2009)

"NA PATAGÓNIA", de Bruce Chatwin (1 a 28 de Fevereiro de 2009)

"O DEUS DAS MOSCAS", de William Golding (1 a 31 de Março de 2009)

"O CÉU É DOS VIOLENTOS", de Flannery O´Connor (1 a 15 de Abril de 2009)

"O NÓ DO PROBLEMA", de Graham Greene (16 a 30 de Abril de 2009)

"APARIÇÃO", de Vergílio Ferreira (1 a 31 de Maio de 2009)

"AS VINHAS DA IRA", de John Steinbeck (1 a 30 de Junho de 2009)

"DEBAIXO DO VULCÃO", de Malcolm Lowry (1 a 31 de Julho de 2009)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2009)

POEMAS E CONTOS, de Edgar Allan Poe (1 a 30 de Setembro de 2009)

"POR FAVOR, NÃO MATEM A COTOVIA", de Harper Lee (1 a 31 de Outubro de 2009)

"A ORIGEM DAS ESPÉCIES", de Charles Darwin (1 a 30 de Novembro de 2009)

Primeira Viagem Temática BLOOMSDAY 2004

Primeira Saí­da de Campo TORMES 2004

Primeira Tertúlia Casa de 3 2005

Segundo Aniversário LP

Os nossos marcadores

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