Leitura Partilhada
sexta-feira, agosto 15, 2003
 
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O Ulisses de Dante


Dante revisando a Comédia
“Noi oi allegramo e tosto tornó in pianto: chi de la nova terra um turbo nacque, e percose del legno il primo canto.
Ulisses e Dante (inferno, canto XXVI)


É difícil saber se Dante Alighieri chegou a tomar conhecimento das narrativas de Marco Polo. Há indícios de que aquele fantástico livro de viagens tenha começado a circular em latim por volta de 1312-1316, mais ou menos à época em que Dante deu início a primeira parte da “comédia”. Seja como for, ali também encontra-se um conciso registro de uma possível viagem feita por Ulisses para além das colunas de Hércules ( canto XXVI do “Inferno”).
Dante na companhia de Virgílio, seu cicerone na grande aventura pelo outro mundo, depara-se num lugar qualquer do Inferno com algumas almas completamente envolta em chamas eternas, que jamais esmaecem. Uma delas era a de Ulisses, o herói grego, que ali estava punido por ter enganado os troianos com o falso presente do cavalo de madeira que desgraço a cidade. Envolto pela fumaça, aquela alma danada confessou ao poeta que nem o amor que sentia por sua mulher, a fiel Penélope, nem a piedade que lhe despertava o pai ancião, foram capazes de fazer com que ele resolvesse ficar na ilha de Ítaca, o seu reino, evitando que ele voltasse ao mar para novas aventuras. Não puderam, ninguém da sua família, disse ele, “vencer em mim ânsia que sentia de conhecer bem o mundo, os vícios e os valores humanos pelo que lancei-me em amplo mar aberto. Só, num barco com poucos companheiros que não me abandonaram nunca”.


O desastre de Ulisses


Ulisses em chamas no Inferno de Dante
Em seguida, Ulisses narrou a Dante como, logo após contornar a costa da Espanha e do Marrocos, enfrentou o mar aberto seguindo sempre o destino do Sol. Depois de viajar pelo tempo de cinco luas terem aparecido e se apagado, ele e seus companheiros depararam-se com um monte escuro encravado numa grande ilha que viram no horizonte. O mais alto dos montes que jamais tinham visto. Desgraçadamente, ao se aproximarem dele, foram envolvidos por violentas ondas e naufragaram ao chegarem na nova terra. Agora ele ali estavam naquele Inferno, condenado a ser apenas um espectro abrasado.
A história de que o bravo Ulisses teria feito mais uma viagem, a derradeira, depois do seu regresso à Ítaca, circulava como uma lenda na Idade Média. A versificação daquele suposto feito pelo grande nome da língua italiana que era Dante, porém, deu-lhe um foro de verdade. Foi a primeira vez na literatura ocidental que encontrou-se uma descrição, ainda que imaginária, de uma vigem feita a um “novo mundo”.
Desta forma os elementos reais ou imaginários que darão impulso as grandes navegações dos século XV e XVI, de Colombo e de Caboto, estavam por assim dizer sedimentando-se na mente da maioria dos marinheiros italianos.
(*) o atual estreito de Gibraltar
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Em:
O Renascimento e os novos mundos - O Mapa de Toscanelli


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Em revista Rabisco

...O problema é que para conduzir o leitor, Joyce se apóia em um plano singular: ele fez uma trama que liga Ulisses à Odisséia de Homero. Além da relação exemplar Bloom-Molly -Stephen e Ulisses-Penélope-Telêmaco, há outras bem sutis, como uma cantoria no Ormod Hotel, que remete às sereias do poeta grego, e uma discussão na Biblioteca Nacional, em referência aos monstros míticos da narrativa homérica, Cila e Carbidis.

Mais: como observou muito bem o escritor Luís Fernando Verissimo, o Ulisses de Homero (ou Odisseu, de onde vem “odisséia”) e o Ulisses de Dante se encontram no Ulisses de James Joyce. Eles se encontram mas não se fundem, transformam-se em dois personagens: Leopold Bloom, o Ulisses de Homero segundo Joyce, cujo rumo é o de casa, e Stephen Dedalus, o Ulisses de Dante segundo Joyce, cujo exílio é uma jornada sem fim. Confuso? Veríssimo explica que, no texto de Ulysses, Joyce descreve Dedalus como um "partidor centrifugal" e Bloom como um "ficador centripedal". Na odisséia de um só dia, pai e filho andam pelo bas-fond da sociedade de Dublin como dois crusoés na sua terra natal. O fator que os diferencia, porém é que Bloom busca sua reintegração com a sociedade, enquanto Stephen demanda uma missão poética, a de criar a consciência da sua raça, como confessou em outro livro: quanto mais longe de Dublin, melhor.

Pode-se dizer que o Ulysses de Joyce é a reintegração do mito num ambiente prosaico. O ponto de partida é o herói mítico num anti-herói na Dublin de Joyce. Aqui, o personagem de Homero fulgura como um flanêur decaído. Mas o partir para voltar é o mesmo. O Ulisses de Joyce, nesse caso, é o que volta, mas também o que troca a paz pela descoberta, a família pela aventura, a sabedoria pelo conhecimento. Como em outra aventura mítica, os nautas de Luís de Camões. Veríssimo explica que os “Ulisses” se dividem entre os que partem e os que ficam, ou entre os que voltam e os que seguem no exílio.
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No fim, os dois Ulisses representam duas formas de distância do nosso centro, do que nos reintegra ou do que nos revela. A casa ou a descoberta, a sabedoria ou o auto-conhecimento. “Eles são dois tipos de exilados, o que volta, como o Ulisses de Homero, ou o que segue, como o Ulisses de Dante. O Ulisses bipartido de Joyce volta e segue”.

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No fim, na morte, todos os ulisses voltam, não importa de que exílio. O próprio livro (pelo menos, no modesto ponto de vista do leitor) pode ser uma lição de partir, mas para chegar até o fim.

Artigo de Marcelo Xavier na Revista Rabisco de 22 de Junho a 6 de Julho 2003


Aqui vai mais uma hipótese de reflexão. Até já Troti
 

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