Leitura Partilhada
quinta-feira, abril 14, 2005
 
Os Sonhos


El sueño de la razón produce monstruos


O protagonista sonha sem imagens mas consegue descrever o que sonha. A partir daí qualquer um os pode visualizar. Longe de mim pensar sequer em interpretar sonhos. Mas é interessante reparar como é lá que estão os seus medos escondidos, como é lá que está “ela”, aquela que ele não sabe quem é, aquela que ele ama. Nos sonhos desaparece o auto-controle.

Sonho #1
Sonho que estou na esquina de uma rua, com uma carta na mão e sinto um desejo ardente, não identificado. Som e brilho de raios e trovões (que eu não vejo nem ouço). Sei que uma luz azulada ilumina um grande ralo por onde as coisas somem, como água suja. Tenho um quisto no nariz e logo sou transportado para um trem em movimento. Na janela mãos de pingentes com os dedos quebrados e o meu retrato fantasiado de legionário reflectido no vidro. Sumindo pelo ralo. Há também a consciência dos seios de uma moça cheirando a flor de maçã e um vidro grande de tinta azul. Sumindo pelo ralo. Até que ela (quem? quem?) coloca o pé sobre o ralo e diz na tela escura:”Me mata, me esgana, atira na minha cabeça, aqui neste bar, ali naquela esquina, depois vai ao meu enterro, nada me fará tão feliz. Espera, espera um pouco, vamos para casa, esta gente aqui é capaz de te machucar, vamos para casa, há certas coisas que só se podem fazer em casa”. Ela tira o pé do ralo.
pag. 49


Sonho #2
Meus ossos doem. Sou um homem em casa, sozinho. Estou numa cidade grande, esperando uma carta, um telefonema. Não conheço ninguém na cidade. Saio no meio de um fog gelado e compro duas latas com uma substância escura, um molho de ervas, um pouco de queijo e pão. Já é noite. Junto com as ervas, uma revista com mulheres nuas. No banheiro escolho a mulher mais bonita (há algo de hemisfério sul no rosto dela, ou de Oriente, um rosto que desafia classificação - tem olhos grandes, é decente), está virada de costas, ajoelhada e, apesar da posição, os pêlos de seu púbis projectam-se num tufo escuro e denso. Os cabelos descem-lhe pelas costas nuas e agora está de perfil. Masturbo-me olhando sua bunda, seus cabelos longos, seu perfil de menina, mas principalmente não vendo nada, pois minha mente, meus anseios, minha fome estão muito longe, varando o ar, da noite para o dia. Deito-me e espero alguma coisa, com a luz apagada. estou cansado, mais da espera que de outra coisa. de vez em quando meu coração pula uma batida. O médico, ao meu lado, diz que é uma coisa comum – mas de qualquer forma isso me incomoda. Nada acontece. Estamos num crematório. Não queriam deixar-me entrar para eu não misturar as cinzas dos mortos. Mas as cinzas são minhas, digo eu. Então está bem. Labaredas envolvem o meu corpo.
pag.85


Sonho #3
Rolo pelo chão como um cão danado. Ou um rato envenenado. Dou socos na parede e a cabeça sangra. Penso em pegar num pedaço de bambu e abrir a barriga como o Nakadai fez, sob a direcção de Kurosawa. Olho para a parede, enquanto um crioulo americano canta, e imagino aparecer, finalmente o rosto dela, pálido. “Ei, meu bem”, digo, “o que é isso que você tem no colo, um cachorrinho lulu, ou um coelhino?” E ao fechar os olhos, ela de cabelos compridos como no dia em que fomos ao jardim zoológico, passa as mãos nos músculos das minhas costas. “Você não é mais o mesmo”, ela diz. Os corvos (ou são gralhas, com cara de corvos?) voando, se exibindo para mim. Ela me diz que o amor não existe, que só existe o orgasmo, cuja vitalidade é uma coisa parecida com cagar, por exemplo, algo que te alivia e depois você se limpa, com uma toalha, ou com água, em seguida vai tratar da vida – comprar uma roupa, ou uma casa, ou uma jóia, ou fazer ginástica. Diz que somos um monte de macacos descartáveis, como giletes velhas, ou papel higiénico, ou Modess, ou latas de sopa vazias ou restos de ensopado na panela ou comida velha no Verão. Talvez tenha razão. Meu coração, meu sangue não podem escapar a subtileza daquele ser. Sou um condenado ao inferno e meus ossos doem e minha carne está tão castigada que quando entro num lugar. E o meu nariz emite uma água sem cheiro, como gelo derretido, e não consigo pegar num papel com a mão que tirei da luva. Na rua, a última folha do Outono, com uma cor de ouro escuro, se transforma nos olhos dela. Dou socos na parede e saio para brigar com alguém. A todo homem que encontro, digo “sai da frente, seu filho da puta” e eles saem, não entendem e saem assim mesmo. Então volto para casa e meu queixo fica gelado durante horas, tanto tempo que aqueço a água na chaleira e faço uma compressa.
pag. 106-7


Sonho #4
Pessoas em silêncio. A moça de gengivas molhadas me lambe com a sua boca de dentes de pérola. Outras mulheres de bustos abundantes e cabelos oxigenados andam pelo meio da praça dando socos no cadafalso. Faz calor apesar de Inverno. “Ele é apenas um blasfemador”, diz um delas. O nauseante silêncio é quebrado pelo som de ossos partidos e pelos uivos do prisioneiro pedindo para ser logo despachado. As mãos do carrasco são pequenas e brancas. O corpo do condenado está coberto de merda e mijo, que começam a secar. As mulheres olham com asco e atenção, industriosamente. Disciplina, horror, poder, prémio e punição, assim é o mundo, dizem em coro, tapando o nariz.
pag. 219


Sonho #5
Ardendo em chamas, afogado em sangue onde balouçam pétalas de rosas sob uma inesperada luz roxa da manhã, ela (quem?) me diz: “O fogo é melhor do que o mofo”. “Espere”, grito, “não se deixe consumir antes da minha resposta.”
pag. 235


Sonho #6
Sei que estou sonhando, e resolvo ver-me a me ver sonhar. “Aquele sou eu”, digo, ante uma tela, tela negra. Isto se repete, e se repete, várias vezes.
pag. 247

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