Leitura Partilhada
quarta-feira, agosto 31, 2005
  MÉMÓRIA
Gostava de ter falado de mais livros, “Madame Bovary”, “Memórias de Adriano”. “Os Thibault”, “O Admirável Mundo Novo”, “O Principezinho”, a “Odisseia”, "O Esplendor de Portugal" têm todos algo a dizer, mas o mês de Agosto está no fim, fica para outra vez. Pelo menos saliento as obras que mais me marcaram desde que comecei a Leitura Partilhada. Aqui fica a memória de cada uma:


“ULISSES”

é um livro diferente. Esta foi a primeira palavra que me surgiu na mente. É diferente de todos os outros livros que já li e duvido que seja possível, nesta nova sociedade do imediato, surgir outra obra que se lhe compare. James Joyce embrenhou-se numa escrita sem paralelo, descarnou conceitos e criou uma nova forma de subjugar as palavras. Deu muito do seu tempo de vida a este projecto e exige em troca muito tempo de vida aos seus leitores. Porque quem resolver ler o “Ulisses” tem de saber que vai ter de lhe dar um dos seus bens mais preciosos que é o tempo. É inevitável. Vai ter de parar e procurar uma referência, decifrar um enigma, seguir um pensamento, explorar uma via. E eu acho que esta é uma das razões porque o “Ulisses” é considerado, por muitos, um livro difícil. A linguagem utilizada é rebuscada e não ajuda a fluidez da leitura, mas consegue ser extremamente viva e cativante. Dos meandros da sua mente labiríntica Joyce libertou ideias e pensamentos que cristalizaram na génese de uma obra única, sem precedentes nem sucessores. Há quem admira, quem rejeita, quem critica, quem ama, há quem seja seduzido, há quem se veja traído. Admito todas estas sensações, porque de facto, eu também as experimentei. E é essa a riqueza do “Ulisses”. Com ele sentimos os ventos, apanhamos as migalhas, navegamos nas ondas, esprememos os sucos. E, mais do que tudo, vivemos.
Só por isso, por me ter permitido viver, no que esta palavra tem de mais abrangente, considero o “Ulisses” um portento.



"O SOM E A FÚRIA"

“Os gritos martelavam cada vez mais longe como se no silêncio não houvesse lugar para eles.”

William Faulkner escreveu um livro sublime. A história da familia Compson é, afinal, uma história que nos diz tudo sobre o ser humano e que, no fim, se destrói no desmoronar de uma entidade colectiva que já nada pode significar. Faulkner oferece-nos nas personagens uma paleta da essência humana, da sua possível riqueza e da sua absoluta perdição. A toada de desespero é uma espiral de intensidade sensitiva, que mói a nossa realidade e nos dá a ouvir o som da verdadeira natureza do homem e a fúria da sua devastação.

"Nós ouvíamos as nossas vozes, e ouvíamos a escuridão."



“A CIDADE E AS SERRAS”

é um livro encantador. A sua linguagem recheada de ironia e a sua mensagem de pobreza da cidade e riqueza da serra, podem, numa primeira impressão, sugerir uma crítica à civilização, uma especulação sobre a riqueza, um fresco sobre a amizade, uma comédia de costumes, uma apologia da ruralidade, uma exposição da crueldade citadina. Inúmeros estudiosos de Eça de Queirós se debruçaram sobre todos estes aspectos e o livro tem, de facto, todos estes contornos. Muito se escreveu, muito se especulou, muito se deduziu desta obra, sendo ainda por cima a última, e os mais diversos sentidos foram encontrados na subtil riqueza de linguagem que temos perante nós.
Eça faz-nos assistir ao percurso de um homem bom, enredado nas tramas de uma civilização oca e asfixiante que, numa permanente busca de si, percorre todas as doutrinas filosóficas sem, em nenhuma, encontrar um lenitivo ou uma explicação para o simples acto de viver. Jacinto procura-se desesperadamente, primeiro na vivência de outros, depois no pensamento de outros, para chegar sempre a um beco sem saída – a uma permanente sensação de inutilidade, a uma ociosidade mental que lhe paralisa o pensamento e lhe bloqueia as emoções.
E é este o aspecto que, para mim, ressalta desta mensagem que Eça nos legou já no fim de uma vida cheia, imbuído de uma sapiência que lhe permite desvendar-nos a verdadeira substância do que é fulcral para uma perfeita realização humana: a absoluta necessidade de exprimir e efectivar os sentimentos.

“Eu vejo a essência da emoção como a colecção de mudanças no estado do corpo que são induzidas numa infinidade de órgãos através das terminações das células nervosas sob o controlo de um sistema cerebral dedicado, o qual responde ao conteúdo dos pensamentos relativos a uma determinada entidade ou acontecimento.”
( Em “O Erro de Descartes” de António R. Damásio)


Na minha opinião, “A Cidade e as Serras” é um fabuloso tratado sobre as emoções.



"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO"

Ler Proust é fazer uma viagem inesquecível dentro do labirinto da nossa mente. Acompanhar o seu raciocínio é desvendar o nosso próprio processo de pensamento, é descobrir os meandros, é encontrar as possibilidades e as negações. É incrível como ele consegue mostrar-nos o nascimento de uma sensação, a maturação de um sentimento, a evolução de uma ideia, o valor de uma impressão. Nós não estamos atentos a estes fenómenos, não temos tempo para colocar perguntas, fazer especulações e aprofundar sentidos; pura e simplesmente temos outras coisas para fazer. E passamos adiante, a vida é um tropel e não podemos demorar meia hora em lucubrações que não nos dão respostas favoráveis. É melhor pensar a direito, dá menos trabalho; além disso, a cogitação no século XXI não rende. Quem quer aprofundar o pensamento, seu ou dos outros, e encontrar o que não gosta? E ser confrontado? Não é nada útil na cultura do hedenismo desenfreado em que vivemos. Ao mostrar-nos a sua profundidade, Proust obriga-nos a ver, a reconhecer, a questionar tudo, num paralelismo consigo, e leva-nos a mostrar a nós próprios a nossa essência, presente em tudo o que foi a nossa vida, seja ela boa ou má. É um processo duro mas frutuoso, porque passamos a conhecer o nosso amâgo de uma forma nunca antes alcançada e acabamos por conseguir ler o muito que tínhamos deixado ao longo do tempo. Ao conseguir fazer-nos relembrar cada momento do nosso passado, Proust dá-nos uma matéria viva que nos enriquece e nos motiva. E esta conquista será nossa para sempre. Com ele aprendemos que aquele minúsculo fragmento do tempo que julgávamos perdido, está, afinal, bem vivo dentro de nós. Basta semicerrar os olhos.



"AS ONDAS"

Foi o livro que me arrebatou.

A transparência da aurora em que a substância é uma promessa, dá lugar a uma alvura incandescente sobre a qual se distingue um esboço de identidade. Sentimos um brilho a inundar o espaço e adivinhamos uma aura humana definida e límpida, que se impõe aos nossos olhos na crescente intensidade de um halo. Foco de luz no apogeu de um clarão, assistimos à sua verdade como um ser inteiro e único. Visionamos o núcleo e conhecemos o fulgor da perfeição criativa. Num ritmo fosco e imemorial, Aquele que existe avança, perante nós, na névoa do crepúsculo e dilui-se na penumbra de um teatro de sombras. O núcleo é então uma silhueta nublada, marioneta obscura à deriva na noite, nula, imersa na densidade de imagens fugidias, invisíveis nas trevas.



Ondas siderais de olhos cristalinos,
de amantes sinceros na aurora da vida,
ondas de abraços, de beijos infernais,
ondas violentas de espaços perdidos,
de sinais esquecidos na poeira do olhar,
ondas desorientadas, despidas, estéreis,
ondas de exaltação e de prodígio,
ondas desesperadas de intenção,
ondas, ondas, ondas,
de infâncias vividas num prado de incertezas,
ondas impulsivas de gestos intensos,
ondas furtivas de desejos famintos,
ondas pantanosas, desertas de sentido,
divididas, emotivas, sinuosas,
ondas desmembradas, desprotegidas,
ondas de magma que traem os passos,
ondas sinistras de jogos perversos,
de alcance desmedido e cárcere secreto,
ondas estranhas, enormes, caprichosas,
ondas de silêncio, de soluços ingratos,
ondas arrebatadas, destrutivas, finais,
gigantes em pranto no extremo do que é ser.



Troti
 

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LEITURAS NO ARQUIVO

"ULISSES", de James Joyce (17 de Julho de 2003 a 7 de Fevereiro de 2004)

"OS PAPEIS DE K.", de Manuel António Pina (1 a 3 de Outubro de 2003)

"AS ONDAS", de Virginia Woolf (13 a 20 de Outubro de 2003)

"AS HORAS", de Michael Cunningham (27 a 30 de Outubro de 2003)

"A CIDADE E AS SERRAS", de Eça de Queirós (30 de Outubro a 2 de Novembro de 2003)

"OBRA POÉTICA", de Ferreira Gullar (10 a 12 de Novembro de 2003)

"A VOLTA NO PARAFUSO", de Henry James (13 a 16 de Novembro de 2003)

"DESGRAÇA", de J. M. Coetzee (24 a 27 de Novembro de 2003)

"PEQUENO TRATADO SOBRE AS ILUSÕES", de Paulinho Assunção (22 a 28 de Dezembro de 2003)

"O SOM E A FÚRIA", de William Faulkner (8 a 29 de Fevereiro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. I - Do lado de Swann)", de Marcel Proust (1 a 31 de Março de 2004)

"O COMPLEXO DE PORTNOY", de Philip Roth (1 a 15 de Abril de 2004)

"O TEATRO DE SABBATH", de Philip Roth (16 a 22 de Abril de 2004)

"A MANCHA HUMANA", de Philip Roth (23 de Abril a 1 de Maio de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. II - À Sombra das Raparigas em Flor)", de Marcel Proust (1 a 31 de Maio de 2004)

"A MULHER DE TRINTA ANOS", de Honoré de Balzac (1 a 15 de Junho de 2004)

"A QUEDA DUM ANJO", de Camilo Castelo Branco (19 a 30 de Junho de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. III - O Lado de Guermantes)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2004)

"O LEITOR", de Bernhard Schlink (1 a 31 de Agosto de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. IV - Sodoma e Gomorra)", de Marcel Proust (1 a 30 de Setembro de 2004)

"UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES" e outros, de Clarice Lispector (1 a 31 de Outubro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. V - A Prisioneira)", de Marcel Proust (1 a 30 de Novembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de José Saramago (1 a 21 de Dezembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", de José Saramago (21 a 31 de Dezembro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VI - A Fugitiva)", de Marcel Proust (1 a 31 de Janeiro de 2005)

"A CRIAÇÃO DO MUNDO", de Miguel Torga (1 de Fevereiro a 31 de Março de 2005)

"A GRANDE ARTE", de Rubem Fonseca (1 a 30 de Abril de 2005)

"D. QUIXOTE DE LA MANCHA", de Miguel de Cervantes (de 1 de Maio a 30 de Junho de 2005)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VII - O Tempo Reencontrado)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2005)

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UMA SELECÇÃO DE CONTOS LP (1 a 3O de Setembro de 2005)

"À ESPERA NO CENTEIO", de JD Salinger (1 a 31 de Outubro de 2005)(link)

"NOVE CONTOS", de JD Salinger (21 a 29 de Outubro de 2005)(link)

Van Gogh, o suicidado da sociedade; Heliogabalo ou o Anarquista Coroado; Tarahumaras; O Teatro e o seu Duplo, de Antonin Artaud (1 a 30 de Novembro de 2005)

"A SELVA", de Ferreira de Castro (1 a 31 de Dezembro de 2005)

"RICARDO III" e "HAMLET", de William Shakespeare (1 a 31 de Janeiro de 2006)

"SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE" e "PALOMAR", de Italo Calvino (1 a 28 de Fevereiro de 2006)

"OTELO" e "MACBETH", de William Shakespeare (1 a 31 de Março de 2006)

"VALE ABRAÃO", de Agustina Bessa-Luis (1 a 30 de Abril de 2006)

"O REI LEAR" e "TEMPESTADE", de William Shakespeare (1 a 31 de Maio de 2006)

"MEMÓRIAS DE ADRIANO", de Marguerite Yourcenar (1 a 30 de Junho de 2006)

"ILÍADA", de Homero (1 a 31 de Julho de 2006)

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POESIA DE ALBERTO CAEIRO (1 a 30 de Setembro de 2006)

"O ALEPH", de Jorge Luis Borges (1 a 31 de Outubro de 2006) (link)

POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS (1 a 30 de Novembro de 2006)

"DOM CASMURRO", de Machado de Assis (1 a 31 de Dezembro de 2006)(link)

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"O VERMELHO E O NEGRO" e "A CARTUXA DE PARMA", de Stendhal (1 a 31 de Março de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 30 de Abril de 2007)

"A RELÍQUIA", de Eça de Queirós (1 a 31 de Maio de 2007)

"CÂNDIDO", de Voltaire (1 a 30 de Junho de 2007)

"MOBY DICK", de Herman Melville (1 a 31 de Julho de 2007)

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"PARAÍSO PERDIDO", de John Milton (1 a 30 de Setembro de 2007)

"AS FLORES DO MAL", de Charles Baudelaire (1 a 31 de Outubro de 2007)

"O NOME DA ROSA", de Umberto Eco (1 a 30 de Novembro de 2007)

POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (1 a 31 de Dezembro de 2007)

"MERIDIANO DE SANGUE", de Cormac McCarthy (1 a 31 de Janeiro de 2008)

"METAMORFOSES", de Ovídio (1 a 29 de Fevereiro de 2008)

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"O MANUAL DOS INQUISIDORES", de António Lobo Antunes (1 a 30 de Abril de 2008)

SERMÕES DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1 a 31 de Maio de 2008)

"MAU TEMPO NO CANAL", de Vitorino Nemésio (1 a 30 de Junho de 2008)

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"O DEUS DAS MOSCAS", de William Golding (1 a 31 de Março de 2009)

"O CÉU É DOS VIOLENTOS", de Flannery O´Connor (1 a 15 de Abril de 2009)

"O NÓ DO PROBLEMA", de Graham Greene (16 a 30 de Abril de 2009)

"APARIÇÃO", de Vergílio Ferreira (1 a 31 de Maio de 2009)

"AS VINHAS DA IRA", de John Steinbeck (1 a 30 de Junho de 2009)

"DEBAIXO DO VULCÃO", de Malcolm Lowry (1 a 31 de Julho de 2009)

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POEMAS E CONTOS, de Edgar Allan Poe (1 a 30 de Setembro de 2009)

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