Leitura Partilhada
quinta-feira, janeiro 25, 2007
  Loucura partilhada
Alguns trechos do conto "O demônio da perversidade" (1845), de Edgar Allan Poe:

"Não há homem que, em algum momento, não tenha sido atormentado, por exemplo, por um agudo desejo de torturar um ouvinte por meio de circunlóquios. Sabe que desagrada. Tem toda a intenção de desagradar. Em geral é conciso, preciso e claro. Luta, em sua língua, por expressar-se, a mais lacônica e luminosa linguagem. Só com dificuldade consegue evitar que ela desborde. Teme e conjura a cólera daquele a quem se dirige. Contudo, assalta-o o pensamento de que essa cólera pode ser produzida por meio de certas tricas e parêntesis. Basta esta idéia. O impulso converte-se em desejo, o desejo em vontade, a vontade numa ânsia incontrolável, e a ânsia (para profundo remorso e mortificação de quem fala e num desafio a todas as consequências) é satisfeita.
Temos diante de nós uma tarefa que deve ser rapidamente executada. Sabemos que retardá-la será ruinoso. A mais importante crise de nossa vida requer, imperiosamente, energia imediata e ação. Inflamamo-nos, consumimo-nos na avidez de começar o trabalho, abrasando-se de toda a nossa alma, na antecipação de seu glorioso resultado. É forçoso, é urgente que ele seja executado hoje e contudo adiamo-lô para amanhã. Por que isso? Não há resposta, senão de que sentimos a perversidade do ato, usando o termo sem compreender-lhe o princípio. Chega o dia seguinte e com ele mais impaciente ansiedade de cumprir nosso dever, mas com todo esse aumento de ansiedade chega também um indefinível e positivamente terrível, embora insondável, anseio extremo de adiamento. Trememos à violência do conflito que se trava dentro de nós, entre o definido e o indefinido, entre a substância e a sombra. Mas se a contenda se prologa a este ponto, é a sombra quem prevalece. Foi vã a nossa luta. O relógio bate e é o dobre de finados de nossa felicidade. Ao mesmo tempo é a clarinada matinal para o fantasma, que por tanto tempo nos intimidou. Ele voa. Desaparece. Estamos livres. Volta a antiga energia. Trabalharemos agora. Ai de nós porém, é tarde demais!
(...) E porque nossa razão nos desvia violentamente da borda do precipício, por isso mesmo mais impetuosamente nos aproximamos dela. Não há na natureza paixão mais diabolicamente impaciente, como a daquele que, tremendo à beira dum precipício, pensa dessa forma em nele se lançar. Deter-se, um instante que seja, em qualquer concessão a essa idéia, é estar inevitavelmente perdido, pois a reflexão nos ordena que fujamos sem demora e, portanto, digo-o, é isto mesmo que não podemos fazer. Se não houver um braço amigo que nos detenha, ou se não conseguirmos, com súbito esforço, recuar da beira do abismo, nele nos atiraremos e destruídos estaremos.
Examinando ações semelhantes, como fazemos, descobriremos que elas resultam tão somente do espírito da Perversidade. Nós as cometemos, porque sentimos que não deveríamos fazê-lo."


Em 1857, Charles Baudelaire publica As flores do mal, donde temos:

O Heautontimoroumenos

Sem cólera te espancarei,
Como o açogueiro abate a rês,
Como Moisés à rocha fez!
De tuas pálpebras farei,

Para o meu Saara inundar,
Correr as águas do tormento.
O meu desejo ébrio de alento
Sobre teu pranto irá flutuar

Como um navio no mar alto,
E em meu saciado coração
Os teus soluços ressoarão
Como um tambor que toca o assalto!

Não sou acaso um falso acorde
Nessa divina sinfonia,
Graças à voraz Ironia
Que me sacode e que me morde?

Em minha voz é ela quem grita!
E anda em meu sangue envenenado!
Eu sou o espelho amaldiçoado
Onde a megera se olha aflita.

Eu sou a faca e o talho atroz!
Eu sou o rosto e a bofetada!
Eu sou a roda e a mão crispada,
Eu sou a vítima e o algoz!

Sou um vampiro a me esvair
- Um desses tais abandonados
Ao riso eterno condenados,
E que não podem mais sorrir!


Agora alguns trechos de "Memórias do Subterrâneo" (1864), de Dostoievski:

"No entanto conservo a firme convicção de que não só a consciência demasiada constitui uma doença, como de que a consciência, só por si, por pouca que seja, já o é também. E afirmo-o! Mas deixemos isto por um momento e digam-me por que é que, quando me sentia mais capaz de compreender as delicadezas de tudo quanto é belo e sublime, como dizia dantes, me sucedia perder toda a consciência e cometer atos reprováveis... Atos que... Atos que todos cometem, não há dúvida... mas que eu cometi precisamente no instante em que mais claramente compreendia que não se devem cometer. Quanto mais eu admirava o belo e o sublime, mais profundamente me enterrava no lamaçal e mais se desenvolvia em mim essa capacidade de me atolar. O pior era que isto não me acontecia por casualidade, mas como se eu tivesse pensado que assim devia ser, absolutamente. Na realidade, isso não era uma falta, tampouco uma doença; era o meu estado normal. De maneira que nem sequer sentia o menor desejo de combater esse defeito. Acabei por persuadir-me de que esse era o meu estado normal (e pode ser que assim o acreditasse realmente). Mas antes de chegar a esse ponto, a princípio, quantos sofrimentos não tive de suportar nessa briga! Não acreditava que acontecesse o mesmo aos outros homens, e durante toda a minha vida guardei isto no meu íntimo, como um segredo. Envergonhava-me disto (e talvez ainda continue a envergonhar-me)." - cap. II

"E agora pergunto-lhes: que pode esperar-se do homem, de um ser dotado de tão estranhas qualidades? Cumulem-no de benesses, atafulhem-no de aventuras, proporcionem-lhe uma satisfação econômica tal que não tenha mais nada a fazer senão dormir, comer melaço e procurar que a história universal não se interrompa; pois até assim, por ingratidão, por maldade, o homem há de cometer infâmias. Atirará fora o seu melaço e desejará propositadamente absurdos capazes de levá-lo à perdição, coisas insensatas e inúteis, só para acrescentar a essa prudência positiva um elemento destruidor fantástico. O homem deseja a todo custo conservar seus quiméricos sonhos, a sua rasteira sandice, só com o fim de afirmar a si próprio (como se fosse muito necessário) que os homens são homens e não pianos, que obedecem às leis da Natureza. Mais: ainda no caso de que efetivamente fosse apenas um piano, se lho demonstrassem por meio das ciências naturais e matemáticas, nem por isso voltaria a si, e, pelo contrário, faria qualquer coisa propositadamente, apenas por ingratidão; para falar com propriedade, pode sair-se com uma das suas. No caso de não poder proceder assim, imaginaria a destruição e o caos e toda a casta de pragas. Encheria o mundo de maldições! e como só o homem tem a faculdade de amaldiçoar (é privilégio seu, que o distingue principalmente dos outros animais), conseguiria tudo com essas maldições; quer dizer, ficaria convencido que de é homem e não piano. Se dizem tudo isso pode prever-se por meio da lista: o caos, o transtorno e a maldição, que a mera possibilidade de um cálculo prévio pode abranger tudo isso, e que a razão acabará por ter razão e atuar em obediência ao seu capricho. Assim o creio e o afirmo, porque toda a ocupação humana consiste precisamente em o homem provar a cada instante e a si próprio que é homem e não piano!" - cap. IX


Por fim, Bernardo Soares, no Livro do Desassossego, composto já nas primeiras décadas do século XX:

"Estabelecer teorias, pensando-as paciente e honestamente, só para depois agirmos contra elas - agirmos e justificar as nossas ações com teorias que as condenam. Talhar um caminho na vida, e em seguida agir contrariamente a seguir por esse caminho. Ter todos os gestos e todas as atitudes de qualquer coisa que nem somos, nem pretendemos ser, nem pretendermos ser tomados como sendo.
Comprar livros para não os ler; ir a concertos nem para ouvir a música nem para ver quem lá está; dar longos passeios por estar farto de andar e ir passar dias no campo só porque o campo nos aborrece." - fragmento 23

"Tendo visto com que lucidez e coerência lógica certos loucos (delirantes sistematizados) justificam a si próprios e aos outros, as suas idéias delirantes, perdi para sempre a segura certeza da lucidez da minha lucidez". - fragmento 430


Gabriel
 

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