Leitura Partilhada
sábado, março 31, 2007
  Pessoas como nós
(...) o conde é capaz de assinar, gemendo, um decreto infame, mas é um homem de honra.
(A Cartuxa de Parma)

Tem razão o Paulo, quando refere que as personagens de Stendhal são mais humanas do que as de Victor Hugo. Este, não se dedicou a criar pessoas, mas símbolos: com raras excepções, há os verdadeiramente bons e os realmente maus. Já os indivíduos que Stendhal imaginou, encerram em si doses razoáveis de fragilidade e incoerência, cada um oscilando entre as diversas gradações da miséria e da grandeza: afiguram-se tão capazes de abandonar tudo por um ideal, como facilmente o esquecem; são cruéis, muitas vezes pelos “bons” motivos; estão-se a marimbar para os mais desfavorecidos, embora tenham momentos de enorme generosidade; tanto amam desalmadamente, como se enfadam do sujeito de amor; fazem da intriga um modo de vida, apesar de apreciarem a verdade; levam uma existência honesta para, um dia que se cansem, começarem a roubar; são ambiciosos e arrogantes, ao mesmo tempo que corajosos e dignos, e a sua inteligência está ao mesmo nível da sua frivolidade; são tão egoístas quanto dispostos a sacrificar-se por alguém.

A este propósito, leia-se Italo Calvino, em “Porquê ler os clássicos?”: foi (...) fácil e obrigatório demonstrar que a pretensão stendhaliana de exaltar os ideais de liberdade e progresso sufocados pela Restauração é pelo menos superficial. Mas é precisamente a ligeireza de Stendhal que pode dar-nos uma lição histórico-política que não se deve subestimar, quando nos mostra com que facilidade os ex-jacobinos ou os ex-bonapartistas se tornam (ou permanecem) autorizados e zelosos membros do establishment legitimista.

azuki
 
sexta-feira, março 30, 2007
  Socorro
Estou confusa. É nestes momentos que gostaria de ter formação em literatura, sendo capaz de classificar os livros que me passam pela vida. A que corrente literária pertencem as obras de Stendhal? Leio, no Dicionário Biográfico Universal de Autores (Artis) que, apesar da sua conotação com o Romantismo, o autor não se rendeu ao idealismo e à exuberância, mantendo uma narração clara e simples; e, porque era um excelente observador, anunciou a chegada do Realismo, não obstante o seu interesse se focasse na realidade interior: “Guardo apenas aquilo que retrata o coração humano”. Trata-se, então, de obras onde as duas correntes se misturam? E o Naturalismo (no qual, nomeadamente, e tanto quanto sei, não é patente uma intervenção moral por parte do autor), como se encaixa? Pese embora faça uma radiografia da época, com a sua gradação muito marcada da escala social, não sinto que sejam profundos os alicerces da revolta em Stendhal. Qual seria a sua principal motivação: denunciar ou descrever?

azuki
 
quinta-feira, março 29, 2007
  Napoleão: mixed feelings (ii)
(Jacques-Louis David; "Sacre de l'empereur Napoléon Ier et couronnement
de l'impératrice Joséphine dans la cathédrale Notre-Dame de Paris, le 2 décembre 1804"; 1806-1807)

Na Idade Média, os Milaneses eram valentes como os Franceses da Revolução, e mereceram ver a sua cidade completamente arrasada pelos imperadores da Alemanha. Desde que se tinham tornado fiéis súbditos, a sua principal preocupação consistia em imprimir sonetos sobre lencinhos de tafetá cor-de-rosa (...) Ia grande distância desses costumes efeminados às profundas emoções a que deu lugar a chegada imprevista do exército francês. Em breve surgiram novos e apaixonados costumes. Um povo inteiro deu conta, a 15 de Maio de 1796, de que tudo quanto respeitara até então era supremamente ridículo e por vezes odioso. A partida do último regimento austríaco marcou a queda das ideias antigas: arriscar a vida passou a ser moda. Viu-se que para se ser feliz, após séculos de hipocrisia e de sensações insípidas, era preciso sentir uma paixão real por alguma coisa e saber expor a vida quando a ocasião se apresentasse. Pela continuação do cioso despotismo de Carlos V e de Filipe II, os Lombardos tinham mergulhado numa noite profunda; derrubaram-lhes as estátuas, e encontraram-se de repente inundados de luz. (A Cartuxa de Parma)

Para muitos, Napoleão significou carisma, glória militar, capacidade de liderança e coragem; ele trouxe novos desígnios para o povo e para a Nação, tendo sido uma lufada de ar fresco numa França asfixiada por um regime caduco, um traço de virilidade a contrastar com as adiposidades das classes reinantes, um novo Alexandre comandando uma massa que se movimenta em uníssono. Napoleão foi dignidade, oxigénio, novidade, rumo, paixão, vitalidade, chegando a ser a viva representação dos ideais libertários e românticos da época.

Napoleão era grande e é inata a atracção humana pela grandeza: simpatiza-se com um génio, ainda que tenha péssimo feitio; gosta-se de um humanista, mesmo que seja um fraco pai de família; respeita-se um conquistador, esquecendo que se trata de um tirano. Com excepção dos que ultrapassaram a fronteira do horrendo, há inúmeros grandes Homens susceptíveis de nos provocarem um misto de admiração e de repulsa. O que move o nosso julgamento, para além da atracção pelo grande? Será a circunstância de sabermos que ninguém é perfeito e tendermos a valorizar certas características?; de existirem diversas formas de medir os méritos de alguém?; de a nossa leitura da personagem e da época não ser mais do que fragmentária?

Pelo seu brilhantismo, pela envergadura que deu à França, pelas marcas que deixou na História, e não obstante os defeitos e as consequências desastrosas de certos actos, a aura de Napoleão é enorme. Mixed feelings.

azuki

 
quarta-feira, março 28, 2007
  Quando ainda se morria de amor
(para azuki)

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor

Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor, meu senhor
Nos braços de um tipo qualquer
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço
Que nem um pedaço do seu pode ser
Há pessoas de nervos de aço
Sem sangue nas veias e sem coração
Mas não sei se passando o que eu passo
Talvez não lhes venha qualquer reação
Eu não sei se o que trago no peito
É ciúme, despeito, amizade ou horror
Eu só sei é que quando a vejo
Me dá um desejo de morte ou de dor

Nervos de aço, de Lupicínio Rodrigues


Gabriel
 
 
Qual era o passatempo predilecto naqueles tempos? Odiar e temer os jacobinos.

azuki
 
terça-feira, março 27, 2007
  vinte anos (iii)
A epígrafe do capítulo XXIV é esclarecedora do que Stendhal pensa sobre o amor:

"Que de bruit, que de gens affairés! que d'idées pour l'avenir dans une tête de vingt ans! quelle distraction pour l'amour!"

Com vinte anos será impossível amar.
Será?

Gabriel
 
  Napoleão: mixed feelings
(Ingres, 1780-1867, "Napoleon on his Imperial throne")

A 15 de Maio de 1796, o general Bonaparte entrou em Milão (…) e mostrara ao mundo que, passados tantos séculos, César e Alexandre tinham um sucessor. Os milagres de audácia e de génio que a Itália presenciou no decorrer de alguns meses acordaram um povo adormecido (A Cartuxa de Parma)

Stendhal defende os ideais republicanos, ao mesmo tempo que coloca Napoleão no centro da sua galeria de heróis. Será possível compatibilizar a República com alguém que expulsou o Parlamento, se coroou Imperador e foi um ditador sem qualquer espécie de limitação? Não. Serão coerentes os sentimentos que Napoleão nos inspira? Não.

Talvez se possa optar por gostar de Napoleão às fatias, desvalorizando as atitudes subsequentes: apenas até 1799 (18 Brumário); ou até 1804 (coroação); ou até 1807 (paz de Tilsit)...

Napoleão tem uma versão double-face, junto dos franceses (e do mundo inteiro, creio eu): tanto é um tirano, como um libertador. Trata-se de um homem que fazia tudo o que lhe apetecia e simplesmente não sabia viver em paz, tendo conduzido centenas de milhares de homens para a morte, em prol de um ego XXL (pergunto-me se não será uma abominação, tudo o que aconteceu depois da paz de Tilsit). Contudo, os franceses revêem-se com orgulho naquela figura que foi grande e fez a França grande*.

* qual seria o juízo dos franceses, se não tivesse existido um senhor chamado Tayllerand que, após a derrota, conseguiu manter quase intactas as fronteiras?

azuki

 
segunda-feira, março 26, 2007
  Tudo se move?
"A felicidade estaria tão perto de mim!...Gastar uma vida como esta não é quase nada; eu posso, por minha livre escolha, desposar a Srta. Elisa ou associar-me a Fouqué!...Mas o viandante que acaba de subir uma montanha com rapidez senta-se ao cume e encontra, no repouso, um prazer perfeito. Se a gente o obrigasse a repousar sempre, seria ele feliz?"

O budismo tenta apagar o desejo, apagar o eu. Bernardo Soares preferia sonhar o impossível, pois assim não teria condições de desiludir-se após realizar seus sonhos. Um ditado oriental diz que a melhor maneira de obter alguma coisa é desistir dela. Outro ditado oriental diz que a pior coisa que pode acontecer é realizar seu sonho. Onde ficamos? Não sei. Mal a gente se senta no cume da montanha, começa a desejar as nuvens.

Gabriel
 
  Morrer de Amor (iii)
(Honoré de Balzac, after the daguerreotype by Louis-Auguste Bisson, 1842)

Jurar-lhe que tenho por si uma paixão louca (...) seria mentir; que felicidade não seria para mim amar hoje, passados os trinta anos, como amava outrora, aos vinte e dois!
**
Tudo acabou - disse-lhe ela - ; sou uma mulher de trinta e sete anos, estou às portas da velhice, sinto já todos os desânimos que a caracterizam, estou até, talvez, às portas da morte.
(...) Sinto o pior sintoma da velhice: esta horrível desgraça extinguiu o meu coração, já não posso amar.
(A Cartuxa de Parma)


Nos livros do início do sec. XIX, as mulheres de 30 anos já não tinham ilusão e energia suficientes para morrerem de amor e, se de alguma coisa começavam a morrer, era de velhice. Em 1831, Balzac publica “A Mulher de Trinta Anos”, obra em que faz a apologia do amor na mulher madura, o que se reveste de uma modernidade prodigiosa, numa época em que essa imagem era incorporada pelas jovens de 20 anos. Com a exaltação do amor experiente, face ao amor virginal, o escritor ultrapassa uma importante fronteira, ajudando a prolongar a vida amorosa das mulheres: após Balzac, já não se estranhará tanto que uma mulher de 30 anos tenha o direito de querer amar.

azuki
 
  A verdadeira teoria do pecado (ii)
Ainda no quesito variações sobre o mesmo tema sem sair do tom, a idéia de que a todo pecado corresponde uma punição - por mais estúpida que seja esta - faz par com a idéia dos santos, estes seres que intercedem junto a Deus por nós. Encontro uma passagem interessante em "A orgia", de John Fante:

"A idéia de meu pai de rezar para um santo há muito esquecido deixou-me fascinado. Era uma concepção maravilhosa e fazia muito sentido. Os santos eram seres generosos, de coração puro, desejosos de ajudar as almas sofredoras na terra. No entanto, conforme meu pai assinalara, os mais populares entre eles se encontra excessivamente ocupados com milhares de ocupações.
Para ter uma prece atendida, o segredo consistia em dirigi-la a algum antigo patricar que tivesse vivido há milhares de anos e de quem mais ninguém se lembrava, um velho bondoso, cheio de compaixão que, lá no paraíso, aguardava por alguém em vão. Alguém como eu, por exemplo, que lhe pedisse o que meu coração desejava.
(...) Seu nome era Santo Estevão, bispo da Suécia. Morrera em 1705 e seus dados biográficos eram os seguintes: "Nada se sabe a respeito do lugar onde nasceu, de seus pais ou de sua infância; na verdade, muito pouco se sabe sobre ele".
Acertei na mosca! Um santo nascido em tempos imemoriais, um religioso abandonado, esquecido, um príncipe de Deus pertencente a um passado tão remoto que seu lugar de nascimento e até mesmo seus pais tinham caído no esquecimento. E, no entanto, ele era um santo, que vivia no céu entre os santos grandes e famosos da Igreja. Partira da terra havia quase novecentos anos e, quantos, enre os vivos, rezariam para ele? Não muitos, provavelmente poucos, talvez absolutamente ninguém. Isto até eu aparecer. Para mim ele era um tesouro. O velho Santo Estevão, bispo da Suécia, parte da comunidade de santos, perdido no paraíso, aguardando, com os cabelos inteiramente brancos."

A idéia de descobrir um santo sem audiência, ansiando por alguém que lhe pedisse milagres, me é sensacional. As crianças, pois, não será delas o reino dos céus? Vou procurar meu santo underground.

Gabriel
 
domingo, março 25, 2007
  A verdadeira teoria do pecado
"Será possível que esses tratantes desses padres tenham razão? Terão eles, que cometem tantos pecados, o privilégio de conhecer a verdadeira teoria do pecado? Que coisa estranha!..."

"- Deixa que eu me castigue. Eu também sou culpado."

Me comove a idéia de que o filhinho da Sra de Rênal ficou doente porque ela é uma mulher adúltera. Porque Deus a castiga. "Deus castiga" é uma frase muito comum da minha infância. E os pecados que cometemos sempre devem ter alguma punição divina. Nas minha infância também acreditava que as coisas ruins eram ruins porque Deus castigava. Derrotas no futebol: castigo de Deus, claro. Já até previa derrotas baseado nos pecados que eu havia cometido.
Consciência culpada. Alguém disse que os piores pecados são em pensamento. Não estava longe da verdade.

Gabriel
 
  Julien
Nascido num meio desfavorecido, muito pouco afortunado com a família que lhe calhou, é natural que Julien alimentasse os seus rancores, mas nada justifica a ausência de escrúpulos. O Vermelho e o Negro pode ser um retrato corrosivo da mesquinha e caduca França da Restauração, mas o protagonista não me parece ser menos insolente do que aqueles que acusa.

Julien era dotado de uma ambição sem limites, dissimulado, orgulhoso, calculista, desconfiado, manhoso; mas também inteligente, eloquente e com excelentes memória e presença de espírito. Sem problemas de consciência e com elevadas capacidades intelectuais, Julien tinha tudo para ser o que quisesse. Entre a dignidade de uma vida militar pobre e a hipocrisia de uma vida de sacerdócio rica, escolheu a segunda. Os ideais da Revolução em que tanto julgou acreditar, não lhe serviriam para enriquecer, pelo que cedo os esqueceu; soube fingir ser um homem de fé, quando a fé nada lhe dizia; foi preceptor dos filhos de um perfeito e fiel secretário de um marquês (ele, que “não sentia senão ódio e horror pela alta sociedade”), assistindo sem pestanejar a uma conspiração para abafar todo o resquício de jacobinismo que então ainda pudesse existir. Detestava os ricos, até querer tornar-se num deles. Parece que só no fim da vida descobriu o que seria a verdadeira felicidade: ficar junto daquela que seduziu para fugir ao tédio e para se provar que era capaz (esquecendo alguém que, dias antes, jurava amar loucamente).

Será suposto ter simpatia por este abominável Julien?!
azuki
 
sábado, março 24, 2007
  Vira-latas com pedigree
Julien, que alimentava tanto rancor e ódio contra os ricos, acha lindo o espetáculo, quando vê tudo confortavelmente sentado no camarote:

"Julien estava estupefato de admiração com uma cerimônia tão bela. Em seu coração tratava-se de uma luta entre a ambição, reavivada pela juventude do bispo, e sua sensibilidade e polidez maravilhosas. Aquela polidez era muito diferente da do Sr. de Rênal, mesmo nos seus dias bons. 'Quanto mais a gente sobe para o primeiro plano da sociedade, mais acha encantadoras tais maneiras', pensou Julien." - cap. XVIII

Gabriel
 
sexta-feira, março 23, 2007
  O amor: um fragmento de Bernardo Soares?
Tanto já discutimos o Livro do Desassossego aqui que não é possível perceber o tanto de comédia e de tragédia que permeia o amor de Julien e a Sra. de Rênal. Desentendem-se no amor: o que para um é emoção, para o outro é deprezo; o que é uma demonstração de afeto é tomado como indiferença; e assim pelos encontros.
Bernardo Soares dá um risinho com o canto dos lábios como quem diz: eu não disse?

Gabriel
 
  O Seminário: Subir na Vida

O seminário parecia ser a mais credível das hipóteses de ascenção social (coisa extraordinária, naquela época): somente a aristocracia e certos estratos da burguesia tinham acesso aos lugares de oficiais da carreira militar e aos altos cargos do Estado, mas um homem do povo poderia vir a ser bispo. Os melhores candidatos a subir na vida distinguiam-se pelo recato e silêncio e pela capacidade de exteriorizar obediência e humildade (a que se deveriam juntar falta de ingenuidade e boas relações).

O abade Castanède ensinava nesse dia, a esses jovens camponeses horrorizados pelo trabalho penoso e pela pobreza de seus pais, que esse ser tão terrível aos olhos deles, o Governo, não tinha poder real e legítimo senão em virtude da delegação do vigário de Deus ao cimo da terra.
– Tornem-se dignos das bondades do Papa pela santidade da vossa vida, pela vossa obediência: sejam “como um bastão nas suas mãos”, acrescentava, e irão obter um lugar soberbo onde chefiarão, longe de qualquer controlo; um lugar inamovível pelo qual o Governo paga um terço do vencimento e os fiéis formados pelas vossas pregações, os outros dois terços.
(...) Conheci, eu que lhes falo, paróquias de montanha cujo rendimento era melhor que o de muitas curas de cidade. Tinha outro tanto dinheiro, sem contas os gordos capões, os ovos, a manteiga fresca e mil adornos sem importância; e aí, o cura é incontestavelmente o primeiro: nenhuma boa refeição à qual não seja convidado, festejado, etc.

azuki
 
quinta-feira, março 22, 2007
  Complexo de vira-latas
Nelson Rodrigues cunhou a expressão para se referir ao complexo de inferioridade do brasileiro. Julien parece padecer do mesmo mal:

"Em seu amor havia, ainda, ambição: era a alegria de possuir, ele, pobre ser infeliz e tão desprezado, uma mulher tão formosa."

Inúmeros são os exemplos em que Julien se comove pelo fato de ser amado por tão bela dama. Julien, o filho da ralé, o que apanhava dos irmãos, o inútil, o grosso, o mal-educado, o ignorante, amante da mulher dum homem poderoso! Ele não podia acreditar.

Gabriel
 
  Alma ardente?!
Há quem considere que Julien era possuidor de uma alma ardente, suposta qualidade com a qual não concordo. É verdade que ele era intenso, mas de uma intensidade pouco estruturada. Apesar de vermos um Julien a reflectir nesse facto curioso que é a descoberta da "verdadeira" felicidade somente no final da vida, e pese embora todo o seu percurso, não sinto que ele tenha evoluído emocionalmente. Palavra alguma pode exprimir o excesso e a loucura do amor de Julien mas é bem possível que, no dia seguinte, já esses excesso e loucura estivessem direccionados para outra pessoa. As mulheres pagam caro a sua leviandade amorosa, nos rapazes ela parece ser apenas uma componente natural do processo de crescimento.

azuki
 
quarta-feira, março 21, 2007
 




Comemora-se, hoje, o

Dia Mundial da Poesia,

proclamado pela UNESCO em 1999.
 
  Grandes homens
"Como Hércules, ele [Julien] se encontrava não entre o vício e a virtude, mas entre a mediocridade de um bem-estar assegurado e todos os sonhos heróicos de sua mocidade. 'Portanto, eu não tenho uma verdadeira firmeza', pensava ele; e era essa a dúvida que mais o torturava. 'Não sou da massa de que se fazem os grandes homens, uma vez que tenho medo de que oito anos empregados em ganhar o meu pão me possam tirar essa energia sublime que leva a realizar coisas extraordinárias'". - cap. XII

Julien Sorel aos vinte anos me recorda Raskólhnikov, personagem inesquecível de Crime e Castigo, de Dostoiévski. Até onde irá Julien na perseguição de seu sonho, o que aceitará para entrar no seleto clube dos "grandes homens", até que ponto conservará a dignidade na praça de convites? E mais: que preço pagará por suas escolhas? Qual será o crime, qual o castigo?

Gabriel
 
  Stendhal, Julien e Fabrice
(Napoleão no seu gabinete, 1812, Jacques-Louis David)

Tanto Julien (personagem principal d’O Vermelho e o Negro), como Fabrice (protagonista d’A Cartuxa de Parma), enquanto jovens, alimentaram uma admiração imensa por Napoleão, vendo-o como símbolo dos ideais da Revolução e contraponto a um regime caduco e mesquinho. Fabrice chegou a estar no meio do tumulto de Waterloo (ainda que bastante desorientado e, praticamente, sem intervenção), Julien apenas o desejou. Vislumbram-se aqui traços autobiográficos: integrado no exército francês, Stendhal viajou para a Alemanha, onde participou nas campanhas do seu herói, Napoleão (Stendhal é o nome de uma pequena cidade alemã); anos mais tarde, em 1812, acompanha o exército napoleónico à Rússia, tendo chegado a viver cerca de um mês em Moscovo; regressado a Paris, assiste à batalha de Montmartre e à queda de Napoleão; em 1814, abandona aquela cidade, partindo para um retiro de 7 anos em Milão.

Em 1837, Stendhal (Beyle) escreve: No dia em que os Bourbons regressaram a Paris, Beyle teve a lucidez de compreender que, em França, só haveria humilhação para aqueles que haviam estado em Moscovo. Estabeleceu-se em Milão.

azuki
 
terça-feira, março 20, 2007
  O Jansenismo (iii)
Afinal, eles ainda existem!

azuki
 
  vinte anos (ii)
"Tal é, santo Deus!, a desgraça de uma excessiva civilização! Aos vinte anos, a alma de um moço, se é que ele tem um pouco de educação, está a 1000 léguas do interesse sentimental, sem o qual o amor é, muitas vezes, o mais fastidioso dos deveres." - cap. XVIII


Gabriel
 
segunda-feira, março 19, 2007
 
(imagem nova do lado direito, sobre uma base publicada pela azuki. espero que gostem...)
 
  O Seminário: Deus na terra

É preciso, dizia Julien para consigo, que me acostume a estas conversas. Quando não se falava nem de salsichas nem de boas paróquias, entretinham-se com a parte mundana das doutrinas eclesiásticas; com as disputas entre os bispos e os prefeitos, entre os presidentes de câmara e os curas. Julien via aparecer a ideia de um segundo Deus, mas, um Deus muito mais perigoso e muito mais potente do que o outro: este segundo Deus era o Papa. (O Vermelho e o Negro)

Em tudo o que fazia, Julien ganhava novos inimigos. Porque não cuidava dos pormenores (no seminário, há uma forma de comer um ovo quente que anuncia os progressos feitos na vida devota), porque falava bem e com propriedade, porque mostrava uma cara sorridente e lhe faltavam reserva e silêncio, porque se deixava prender pela imaginação ou deslumbrar com o que via em redor (demasiada sensibilidade para com as vãs galantarias do exterior), porque se distinguia nos exames (os melhores ocultavam as suas capacidades, encontrando forma de nunca obter as primeiras classificações). Julien acabou por perceber que, num lugar como aquele, a diferença origina o ódio e todo o raciocínio ofende. Apesar de achar os longos exercícios de piedade ascética (...) mortalmente aborrecidos, passou a realizá-los com afinco, reduzindo deste modo a desconfiança dos companheiros. Mas, por mais que Julien se fizesse pequeno e pateta, não conseguia agradar. Ele era demasiado diferente.

Aqui estão o seminário e quem nele habitava. Com espécimens daqueles, não admira quão mal se tenha interpretado na terra aquilo que, porventura, terá sido dito no Céu.

Mas como (...) crer nesse grande nome de DEUS, depois de os nossos padres abusarem dele horrivelmente?

azuki
 
  vinte anos
"aos vinte anos, a idéia do mundo e a preocupação do efeito a produzir sobre ele vencem tudo o mais" - cap. XI

Vinte anos: o mundo não importa, o mundo importa, que interessam as idéias, tudo são idéias, nada há a se fazer, nada se fez ainda, tudo já aconteceu, tudo acontecerá.

Gabriel
 
domingo, março 18, 2007
 
e dá p'andar à porrada?*



foto daqui


Claro que não, não dá para andar à porrada. Mas distrai um pouco dos males de amor passear em Waterloo, mesmo virtualmente. Bem, sempre podemos também ancorar no livro A Cartuxa de Parma e ler, pela voz de um narrador muito especial, ( um soldado, imagine-se!) o relato da batalha. Naquele tempo, dar a voz a um soldado para falar de tal acontecimento foi mesmo ousado.


* expressão dos Gato Fedorento
...
laerce
 
sexta-feira, março 16, 2007
  Morrer de Amor (ii)
Quando, após um penso longo e doloroso, o cirurgião, homem grave, disse à Sra. de Rênal: Respondo pela sua vida como pela minha; ela ficou profundamente angustiada.
Havia muito tempo que desejava sinceramente a morte. A carta que lhe fora imposta pelo seu actual confessor, e que escrevera ao Sr. de La Mole, tinha dado o último golpe nesse ser enfraquecido por uma infelicidade demasiado constante. Essa infelicidade era a ausência de Julien. (O Vermelho e o Negro)

Já não se morre de amor…huummm, é mentira, continuamos a morrer de amor, a diferença é que nos mantemos por cá; anulados, desgastados, quase desintegrados, é certo, mas mantemo-nos por cá: com as ilusões desfeitas, o estômago enrolado em agonias várias, o choro compulsivo sem razão aparente, a falta de energia vital, como se uma náusea nos virasse do avesso, deixando-nos as entranhas à vista, e uma dor funda e sufocante nos transportasse para perto do que julgamos ser a loucura. Arrastamo-nos, enquanto vamos morrendo de amor, recusando a ideia de que um novo amor virá. Contudo, ainda que o novo amor tarde, a verdade é que o tempo tudo cura e, hoje, com a preciosa ajuda da indústria farmacêutica, esse tempo que tudo cura passa mais rápido. Morrer de amor já não é o que era.

azuki
 
quinta-feira, março 15, 2007
  O Seminário: o “pecado esplêndido” dos livros

(...) mas, o que Julien não sabia, o que se livraram de lhe dizer, era que, ser o primeiro nos diversos cursos de dogma, de história eclesiástica, etc., que seguiam no seminário, não era, na opinião deles, senão um pecado esplêndido. Desde Voltaire, desde o governo das duas Câmaras que, no fundo, não é senão “desconfiança e exame pessoal” e dá ao espírito esse mau hábito de desconfiar, a Igreja de França parece ter percebido que os livros são os seus verdadeiros inimigos. (O Vermelho e o Negro)

Para quê escolher a inquietude da filosofia e da ciência, quando temos o conforto do dogma? Para quê ter uma atitude individualista, quando podemos seguir o exemplo da autoridade? Para quê pensar, quando tudo o que desejamos e devemos conhecer nos é transmitido por quem sabe?

A leitura e o estudo conduzem à reflexão e instigam a curiosidade, levando-nos a julgar por nós próprios e a desejar ir mais além, o que não é nada saudável para quem deve saber aceitar e contentar-se com pouco. Naquele seminário, quem adquirisse o pernicioso hábito de pensar, era diferente; quem era diferente, tornava-se uma ameaça, passando a ser sujeito do ódio e da desconfiança dos demais. Muito embora Julien se esforçasse por ter aquela expressão parada e pateta, pronta a acreditar em tudo e aguentar tudo, não foi capaz de abandonar esse semblante pecaminoso: Julien ainda parecia pensar!

azuki
 
quarta-feira, março 14, 2007
  O Seminário: a Felicidade

A felicidade para estes seminaristas (...) consiste sobretudo em jantar bem. Aos olhos dos companheiros, um dos mais graves crimes de Julien era a indiferença que votava aos pitéus dos dias de festa. De facto, desdenhar semelhantes iguarias não era mais do que um comportamento hipócrita e abominável: Vejam este burguês, vejam este desdenhoso, diziam eles, que finge desprezar a melhor pitança: salsichas com couve picada! Fora, vilão! Orgulhoso! Condenado às penas eternas!

Apesar de pouco aprazível para aqueles sem vocação, o seminário constituía a melhor das hipóteses de fuga do círculo da pobreza, dando alimento e educação a quem, de outra forma, possivelmente não os teria: - Os meus colegas têm uma vocação firme, isto significa que vêem no estado de eclesiástico uma grande continuação dessa felicidade: jantar bem e ter um hábito quente no Inverno. Esta foi a realidade de vários países ao longo de séculos e, por cá, perdurou até à geração dos nossos pais.

azuki
 
terça-feira, março 13, 2007
  O Seminário

- Aqui está, então, este inferno ao cimo da terra do qual não poderei sair!

O padre Raillane, preceptor inábil ou homem de má índole, fez nascer no jovem Beyle (Stendhal) uma especial aversão pela Igreja e pela religião. O seminário que o autor nos descreve n'O Vermelho e o Negro, de onde sairiam os legítimos representantes de Deus na terra, era isto:


Oito ou dez seminaristas viviam em estado de perfeição espiritual e tinham visões (....) Estes pobres jovens com visões estavam quase sempre na enfermaria. Uma centena de outros juntavam a uma vigorosa fé uma infatigável aplicação. Trabalhavam a ponto de ficarem doentes, mas sem aprender grande coisa. Dois ou três distinguiam-se por um verdadeiro talento (...)

O resto dos 321 seminaristas não se compunha senão por seres grosseiros que não tinham a certeza de compreender as palavras latinas, que repetiam ao longo de todo o dia. Eram, quase todos, filhos de camponeses e preferiam ganhar o seu pão recitando palavras latinas a cavar a terra.


azuki
 
segunda-feira, março 12, 2007
  O Jansenismo (ii)
(...) o jansenista Pirard (...) considerava-se útil no posto onde a Providência o colocara. Impeço os progressos do jesuitismo e da idolatria, dizia para consigo.
**
- Bem se vê – disse o abade Pirard – que o senhor habita em Paris. Não conhece a tirania que nos oprime, nós pobres provincianos e, em particular, os padres não amigos dos jesuítas.
(O Vermelho e o Negro)

(Portrait of John Calvin. 1509-1564;
Source : Hundred Greatest Men, The. New York: D. Appleton & Company, 1885;
This image is in the public domain because its copyright has expired)

Desisto de tentar perceber a complexidade teológica de um pensamento religioso de matriz católica, onde foram enxertados conceitos protestantes (muito de Calvino e pouco de Lutero), algures entre a graça e a concupiscência!

Fundado por Cornelius Jansen, no sec. XVII, o jansenismo foi muito utilizado nos secs. XVIII e XIX, como contraponto aos jesuítas, talvez não tanto pela via religiosa, mas pela questão da influência destes na sociedade: em França, os jesuítas estavam nitidamente em perda (chegaram a ter tão grande poder junto das cortes, dos governos e da aristocracia/alta burguesia, que os diversos governos absolutistas começaram a expulsá-los no sec. XVIII; ninguém pressupõe originalidade nos actos do nosso Marquês, pois não?) e haviam regressado com a Restauração; com uma inteligência notável, esta ordem primava por controlar a educação e, assim, dominar as mentes. Eram eles quem detinha o monopólio da fonte do saber, algo que deveria desagradar aos restantes grupos sociais influentes, incluindo os jansenistas.

N’O Vermelho e o Negro, é notória a hostilidade que existe entre os padres jansenistas (que seguiam alguns princípios de inspiração calvinista, um produto da Reforma) e os jesuítas (o braço direito da Contra-Reforma), como se de uma espécie de competição feroz entre opinion makers se tratasse.

azuki
 
sábado, março 10, 2007
  Morrer de Amor

A Sra. de Rênal cumprira a sua promessa. Não tentara, de modo nenhum, suicidar-se; mas, três dias após Julien, morreu beijando os filhos.
O Vermelho e o Negro

Numa palavra, a condessa reunia todas as aparências da felicidade, mas pouco tempo sobreviveu a Fabrício, que adorava, e que passou um ano apenas na sua Cartuxa.
A Cartuxa de Parma


Sempre me deixou perplexa, esta capacidade de morrer de amor, sem aparente razão física e de forma quase instantânea. Como, como é que se morria de amor? Talvez se entrasse em depressão profunda, não tratada, e o corpo e a mente acabassem por ceder a um estado geral de fraqueza (em “unidades de tempo literárias”, bem mais rápidas que os segundos). Mais emocionais e sem uma ocupação profissional, as mulheres morriam de amor com maior facilidade (as de estratos sociais elevados, bem entendido, uma vez que as mulheres pobres não tinham tempo para pensar nessas parvoíces, nem tão-pouco sabiam que existiam): juntem-se um enorme desgosto e o ócio, a uma imaginação activa e a uma sensibilidade extrema, e... Morria-se, era tudo. Lentamente, aqueles corações apagavam-se; de inanição, de desespero, de um sofrimento imenso; morriam entre lágrimas de sangue e promessas de amor eterno, morriam porque já não valia a pena viver, morriam porque o seu corpo era incapaz de conter semelhante pena.

azuki
 
quinta-feira, março 08, 2007
  Os monges do silêncio
Vivem numa entrega radical ao mais primitivo espírito monástico cristão. A solidão e a austeridade marcam toda a sua vida, feita de contemplação. O Expresso visitou a única Cartuxa portuguesa, em Évora, a propósito da estreia (…) do primeiro filme sobre a Grande Cartuxa, a casa-mãe da congregação, nos Alpes franceses.

No mosteiro de Santa Maria Scala Coeli (Santa Maria Escada do Céu), em Évora, a tradição eremítica da Cartuxa é vivida desde o século XVI. (…) Silêncio e despojamento. Um retrato íntimo do quotidiano dos monges cartuxos não pode dispensar estes dois elementos, que há nove séculos constituíram a essência de vida da comunidade monástica fundada por Bruno Hartenfaust, cónego da catedral de Reims, a nordeste de Paris.

Desiludido com a devassidão e a opulência da hierarquia eclesiástica (…), Bruno decidiu, com seis companheiros, instalar-se no maciço da Chartreuse (Cartuxa), nos Alpes franceses, para aí viver em rigorosa solidão, numa entrega «à experiência total da bondade divina», a exemplo dos primitivos eremitas cristãos. Mas, quando, em 1084, o cónego de Reims inicia esta aventura, ele incorpora-lhe a relação comunitária como uma novidade. Nascia assim o primeiro mosteiro formado por um conjunto de eremitérios - a vida solitária dos monges na cela individual passou a ser temperada com a oração em comum, três vezes ao dia, e o convívio entre eles, duas vezes por semana. Actualmente existem 22 destes mosteiros em todo mundo: 17 masculinos, com cerca de 400 monges, e cinco femininos, nos quais vivem pouco mais de sete dezenas de monjas. (…)

Permanentemente silenciosa, a vida dos monges não lhes permite tempos mortos. O ritmo das actividades é regulado pela oração, cumprida na cela, sete vezes ao dia. O cartuxo nunca está ocioso. Além de tratar dos seus pertences - cada um lava e cuida da roupa pessoal e da sua própria louça, dado que as refeições são tomadas na cela -, o monge vive sempre empenhado numa tarefa. (…)

Quem se decide pela vida no claustro da Cartuxa, além de ter de se desfazer dos bens pessoais (…), somente tem contacto com o mundo através da leitura dos jornais, feita pelo superior, que transmite o que achar oportuno na reunião dominical. A rádio e a televisão ainda não conseguiram ganhar estatuto entre os cartuxos, ao contrário do que já acontece noutras congregações monásticas. E as visitas estão limitadas à família mais próxima, duas vezes por ano. Esta austeridade não inibe que os candidatos surjam em número significativo. «A uma média de um por mês», esclarece o padre Antão López, adiantando a razão por que a maioria é rejeitada: «Os tristes e os que não gostam da vida não têm lugar na Cartuxa: destruir-se-iam na cela.» (…)

E, à despedida, o padre Antão López não resiste: «Aqui só queremos pessoas de temperamento aberto. Afinal, estamos o dia inteiro com Deus.»

Jornal Expresso (revista Única), edição de 9/Fev/07
Reportagem de Mário Robalo (texto) e Luiz Carvalho (fotografias)

azuki
 
quarta-feira, março 07, 2007
  O Jansenismo
- O abade Castanède é inimigo do Sr. Pirard, que suspeitam de jansenismo – acrescentou o seminaristazinho inclinando-se para o seu ouvido. (O Vermelho e o Negro)

Cornelius Jansen

Para que fique demonstrado que, no LP, andamos a gastar o nosso tempo com assuntos que não interessam nem ao menino Jesus, aqui está um bom exemplo: os jansenistas. Mas quem eram os jansenistas?! Excepto os historiadores, os teólogos, os estudiosos de Stendhal e meia dúzia mais, a quem interessa conhecer os jansenistas? Os cartuxos (d'A Cartuxa de Parma), ainda vá (sobrevivem, espalhados pelo mundo, 22 mosteiros cartuxos, com cerca de 400 monges e 70 monjas - separadamente, claro), mas os jansenistas?! Duvido que haja muitas pessoas excessivamente preocupadas em saber quem eram estes senhores que, porventura, já devem ter desaparecido da face da terra. Quem hoje se lembra deles? O LP lembrou-se. Nada de estranho, aliás. Fomos nós quem dedicou, com muito gosto, 7 meses à "Recherche".

azuki
 
terça-feira, março 06, 2007
  A importância da forma
Depois de me ter debatido, horrorizada, com um volume d’O Vermelho e o Negro de uma tal Clássica Editora, que se desfaz nas nossas mãos, tem uma pontuação inominável e uma capa de fugir, que maravilha é manusear uma edição de qualidade! Como esta, a da Relógio d’Água (porque é que ainda não editaram O Vermelho e o Negro?!), que tem a faculdade de aumentar o prazer que nos dá um romance que se lê com prazer.Reportando-me ao conteúdo: aprisionada pela intriga feroz na corte de Parma, gostei mais d´A Cartuxa.

azuki
 
segunda-feira, março 05, 2007
  Comunidade de Leitores, com Richard Zimler
Biblioteca Municipal Almeida Garrett (Porto)
27/Fev a 29/Mai (das 21h00 às 23h00)

Tema: Religião e Literatura Americana
Os EUA foram fundados por religiosos protestantes fugindo de perseguições em Inglaterra e na Europa. Desde o período colonial, romancistas norte-americanos exploraram o efeito desta herança, particularmente o puritanismo, sobre o carácter americano e o destino dos EUA. Gostaria de explorar como é que a religião e os princípios protestantes - e a revolta contra estes valores tradicionais - são tratados em 6 livros de períodos muito diversos.

27 Fevereiro: "A Letra Escarlate" - Nathaniel Hawthorne
13 Março: "O Trópico de Câncer" – Henry Miller
21 Março: "O Complexo de Portnoy" – Philip Roth
17 Abril: "Coração Solitário Caçador" – Carson McCullers
15 Maio: "A Bíblia Envenenada" – Barbara Kingsolver
29 Maio: "Floresta é o nome do Mundo" – Ursula K. Le Guin

Não seria necessário mencionar que Richard Zimler consegue estabelecer connosco uma empatia imediata. Junte-se a isso a presença de mais de cem pessoas, muitas das quais se associaram activamente à discussão, um livro extraordinário e um tema interessante, e a primeira sessão da Comunidade de Leitores da BAG foi um sucesso.

Para as próximas sessões, Zimler acertou em dois dos meus "ódios de estimação". Tenho grande curiosidade em ver a afluência e a participação que, tanto O Trópico de Câncer, como O Complexo de Portnoy, irão fomentar.

azuki
 
domingo, março 04, 2007
 
antes de começar ( e em castelhano)


El síndrome de Stendhal es una enfermedad psicosomática que causa un elevado ritmo cardiaco, vértigo, confusión e incluso alucinaciones cuando el individuo es expuesto a una sobredosis de belleza artística, pinturas y obras maestras del arte.
Tiene esta denominación por el famoso autor francés del siglo XIX Stendhal (pseudónimo de Henri-Marie Beyle), quien dio una primera descripción detallada del fenómeno que experimentó en su visita en 1817 a la Basílica de Santa Cruz en Florencia, Italia, y que publicó en su libro Nápoles y Florencia: Un viaje de Milán a Reggio.
...


laerce
 
sábado, março 03, 2007
  Saludos desde México

Hace días buscaba una información en internet y encontré su página. Me sorprendió mucho, me divirtió mucho y más aún encontré que postearon una versión mía de Helena de Yorgos Seferis... Me alegró mucho encontrarla.
Pues, me gustaría ponerme en contacto con ustedes.

Me llamo Paola B. Cano (also Khanno), soy mexicana, soy filológoga y he hecho algunas traducciones del alemán y del griego al español.
Desafortunadamente no hablo portugués, pero seguro nos entederemos cada quien en nuestra lengua o bien, en inglés.
Quería saludarles entonces, y ponerme en contacto. Gracias.

Muchos saludos,
Pao
 
sexta-feira, março 02, 2007
  SEMINÁRIO INTERNACIONAL As Bibliotecas e a Leitura no século XXI
No Pavilhão Multimeios de Espinho, dia 9 de Março, pelas 9h30, com a presença da Srª Ministra da Educação, irá realizar-se o SEMINÁRIO INTERNACIONAL "As Bibliotecas e a Leitura no século XXI", o qual encerrará a SEMANA NACIONAL DA LEITURA. Serão, igualmente, asssinados os protocolos do PLANO NACIONAL DA LEITURA da Área Metropolitana do Porto, com os municípios da área. Destina-se a bibliotecários e professores das bibliotecas escolares, assim como a todos os que se interessam pelas questões da Leitura e do Livro, fora e dentro do contexto escolar.As inscrições podem ser feitas, por email, para bme@cm-espinho.pt.
 
  Stendhal (1783 - 1842)
Marie Henri Beyle, mais conhecido como Stendhal, foi um escritor francês reputado pela fineza na análise dos sentimentos de seus personagens e por seu estilo deliberadamente seco.

Órfão de mãe desde 1789, criou-se entre seu pai e sua tia. Rejeitou as virtudes monárquicas e religiosas que lhe inculcaram e expressou cedo a vontade de fugir de sua cidade natal. Abertamente republicano, acolheu com entusiasmo a execução do rei e celebrou inclusive a breve detenção de seu pai. (…)

Enviado pelo exército como ajudante do general Michaud, em 1800 descobriu a Itália, país que tomou como sua pátria de escolha. Desenganado da vida militar, abandonou o exército em 1801. Entre os salões e teatros parisienses, sempre apaixonado de uma mulher diferente, começou (sem sucesso) a cultivar ambições literárias. (…) Admirador incondicional de Napoleão, exerceu diversos cargos oficiais e participou nas campanhas imperiais. Em 1814, após queda do corso, se exilou na Itália, fixou sua residência em Milão e efetuou várias viagens pela península italiana. Publicou seus primeiros livros de crítica de arte sob o pseudónimo de L. A. C. Bombet, e em 1817 apareceu Roma, Nápoles e Florença, um ensaio mais original, onde mistura a crítica com recordações pessoais, no que utilizou por primeira vez o pseudónimo de Stendhal. O governo austríaco lhe acusou de apoiar o movimento independentista italiano, pelo que abandonou Milão em 1821, passou por Londres e se instalou de novo em Paris, quando terminou a perseguição aos aliados de Napoleão.

Dandy afamado, freqüentava os salões de maneira assídua, enquanto sobrevivia com os rendimentos obtidos com suas colaborações em algumas revistas literárias inglesas. (…) Em 1830 aparece sua primeira obra-prima: O Vermelho e o Negro, uma crônica analítica da sociedade francesa na época da Restauração (…). Em 1839 publicou A Cartuxa de Parma, muito mais novelesca que sua obra anterior, que escreveu em apenas dois meses (…) faleceu de um ataque de apoplexia, na rua, sem concluir sua última obra, Lamiel, que foi publicada muito depois de sua morte.
 
quinta-feira, março 01, 2007
  Março, no Leitura Partilhada
(Marie-Henri Beyle, better known as Stendhal;
portrait by Johan Olaf Sodemark (1790-1848), 1840)

Seguindo uma das sugestões do Francisco, Março será o nosso "mês Stendhal".
 

O QUE ESTAMOS A LER

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PROXIMAS LEITURAS

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LEITURAS NO ARQUIVO

"ULISSES", de James Joyce (17 de Julho de 2003 a 7 de Fevereiro de 2004)

"OS PAPEIS DE K.", de Manuel António Pina (1 a 3 de Outubro de 2003)

"AS ONDAS", de Virginia Woolf (13 a 20 de Outubro de 2003)

"AS HORAS", de Michael Cunningham (27 a 30 de Outubro de 2003)

"A CIDADE E AS SERRAS", de Eça de Queirós (30 de Outubro a 2 de Novembro de 2003)

"OBRA POÉTICA", de Ferreira Gullar (10 a 12 de Novembro de 2003)

"A VOLTA NO PARAFUSO", de Henry James (13 a 16 de Novembro de 2003)

"DESGRAÇA", de J. M. Coetzee (24 a 27 de Novembro de 2003)

"PEQUENO TRATADO SOBRE AS ILUSÕES", de Paulinho Assunção (22 a 28 de Dezembro de 2003)

"O SOM E A FÚRIA", de William Faulkner (8 a 29 de Fevereiro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. I - Do lado de Swann)", de Marcel Proust (1 a 31 de Março de 2004)

"O COMPLEXO DE PORTNOY", de Philip Roth (1 a 15 de Abril de 2004)

"O TEATRO DE SABBATH", de Philip Roth (16 a 22 de Abril de 2004)

"A MANCHA HUMANA", de Philip Roth (23 de Abril a 1 de Maio de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. II - À Sombra das Raparigas em Flor)", de Marcel Proust (1 a 31 de Maio de 2004)

"A MULHER DE TRINTA ANOS", de Honoré de Balzac (1 a 15 de Junho de 2004)

"A QUEDA DUM ANJO", de Camilo Castelo Branco (19 a 30 de Junho de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. III - O Lado de Guermantes)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2004)

"O LEITOR", de Bernhard Schlink (1 a 31 de Agosto de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. IV - Sodoma e Gomorra)", de Marcel Proust (1 a 30 de Setembro de 2004)

"UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES" e outros, de Clarice Lispector (1 a 31 de Outubro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. V - A Prisioneira)", de Marcel Proust (1 a 30 de Novembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de José Saramago (1 a 21 de Dezembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", de José Saramago (21 a 31 de Dezembro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VI - A Fugitiva)", de Marcel Proust (1 a 31 de Janeiro de 2005)

"A CRIAÇÃO DO MUNDO", de Miguel Torga (1 de Fevereiro a 31 de Março de 2005)

"A GRANDE ARTE", de Rubem Fonseca (1 a 30 de Abril de 2005)

"D. QUIXOTE DE LA MANCHA", de Miguel de Cervantes (de 1 de Maio a 30 de Junho de 2005)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VII - O Tempo Reencontrado)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2005)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2005)

UMA SELECÇÃO DE CONTOS LP (1 a 3O de Setembro de 2005)

"À ESPERA NO CENTEIO", de JD Salinger (1 a 31 de Outubro de 2005)(link)

"NOVE CONTOS", de JD Salinger (21 a 29 de Outubro de 2005)(link)

Van Gogh, o suicidado da sociedade; Heliogabalo ou o Anarquista Coroado; Tarahumaras; O Teatro e o seu Duplo, de Antonin Artaud (1 a 30 de Novembro de 2005)

"A SELVA", de Ferreira de Castro (1 a 31 de Dezembro de 2005)

"RICARDO III" e "HAMLET", de William Shakespeare (1 a 31 de Janeiro de 2006)

"SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE" e "PALOMAR", de Italo Calvino (1 a 28 de Fevereiro de 2006)

"OTELO" e "MACBETH", de William Shakespeare (1 a 31 de Março de 2006)

"VALE ABRAÃO", de Agustina Bessa-Luis (1 a 30 de Abril de 2006)

"O REI LEAR" e "TEMPESTADE", de William Shakespeare (1 a 31 de Maio de 2006)

"MEMÓRIAS DE ADRIANO", de Marguerite Yourcenar (1 a 30 de Junho de 2006)

"ILÍADA", de Homero (1 a 31 de Julho de 2006)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2006)

POESIA DE ALBERTO CAEIRO (1 a 30 de Setembro de 2006)

"O ALEPH", de Jorge Luis Borges (1 a 31 de Outubro de 2006) (link)

POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS (1 a 30 de Novembro de 2006)

"DOM CASMURRO", de Machado de Assis (1 a 31 de Dezembro de 2006)(link)

POESIA DE RICARDO REIS E DE FERNANDO PESSOA (1 a 31 de Janeiro de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 28 de Fevereiro de 2007)

"O VERMELHO E O NEGRO" e "A CARTUXA DE PARMA", de Stendhal (1 a 31 de Março de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 30 de Abril de 2007)

"A RELÍQUIA", de Eça de Queirós (1 a 31 de Maio de 2007)

"CÂNDIDO", de Voltaire (1 a 30 de Junho de 2007)

"MOBY DICK", de Herman Melville (1 a 31 de Julho de 2007)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2007)

"PARAÍSO PERDIDO", de John Milton (1 a 30 de Setembro de 2007)

"AS FLORES DO MAL", de Charles Baudelaire (1 a 31 de Outubro de 2007)

"O NOME DA ROSA", de Umberto Eco (1 a 30 de Novembro de 2007)

POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (1 a 31 de Dezembro de 2007)

"MERIDIANO DE SANGUE", de Cormac McCarthy (1 a 31 de Janeiro de 2008)

"METAMORFOSES", de Ovídio (1 a 29 de Fevereiro de 2008)

POESIA DE AL BERTO (1 a 31 de Março de 2008)

"O MANUAL DOS INQUISIDORES", de António Lobo Antunes (1 a 30 de Abril de 2008)

SERMÕES DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1 a 31 de Maio de 2008)

"MAU TEMPO NO CANAL", de Vitorino Nemésio (1 a 30 de Junho de 2008)

"CHORA, TERRA BEM-AMADA", de Alan Paton (1 a 31 de Julho de 2008)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2008)

"MENSAGEM", de Fernando Pessoa (1 a 30 de Setembro de 2008)

"LAVOURA ARCAICA" e "UM COPO DE CÓLERA" de Raduan Nassar (1 a 31 de Outubro de 2008)

POESIA de Sophia de Mello Breyner Andresen (1 a 30 de Novembro de 2008)

"FOME", de Knut Hamsun (1 a 31 de Dezembro de 2008)

"DIÁRIO 1941-1943", de Etty Hillesum (1 a 31 de Janeiro de 2009)

"NA PATAGÓNIA", de Bruce Chatwin (1 a 28 de Fevereiro de 2009)

"O DEUS DAS MOSCAS", de William Golding (1 a 31 de Março de 2009)

"O CÉU É DOS VIOLENTOS", de Flannery O´Connor (1 a 15 de Abril de 2009)

"O NÓ DO PROBLEMA", de Graham Greene (16 a 30 de Abril de 2009)

"APARIÇÃO", de Vergílio Ferreira (1 a 31 de Maio de 2009)

"AS VINHAS DA IRA", de John Steinbeck (1 a 30 de Junho de 2009)

"DEBAIXO DO VULCÃO", de Malcolm Lowry (1 a 31 de Julho de 2009)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2009)

POEMAS E CONTOS, de Edgar Allan Poe (1 a 30 de Setembro de 2009)

"POR FAVOR, NÃO MATEM A COTOVIA", de Harper Lee (1 a 31 de Outubro de 2009)

"A ORIGEM DAS ESPÉCIES", de Charles Darwin (1 a 30 de Novembro de 2009)

Primeira Viagem Temática BLOOMSDAY 2004

Primeira Saí­da de Campo TORMES 2004

Primeira Tertúlia Casa de 3 2005

Segundo Aniversário LP

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