Leitura Partilhada
sábado, junho 30, 2007
  emoções positivas
As emoções positivas são contagiosas, especialmente as mais simples. Em boa hora, comprei à minha amiga Sara este quadro em ponto de cruz, que alegra agora a parede da cozinha. Para começar o dia, nada como a saudação de uma pêra bem-disposta.

azuki
 
sexta-feira, junho 29, 2007
 
Este livro termina assim, da melhor forma possível:

O trabalho liberta-nos de três calamidades: o aborrecimento, o vício e a necessidade.

Ora, nem mais.

azuki
 
quinta-feira, junho 28, 2007
  a terra salpicada de pernas e braços cortados
guerreiros (Bulgária, Museu de Pinturas e Esculturas em Madeira de Tryavna)
foto minha

Por fim, enquanto os dois reis mandavam cantar o Te-Deum nos seus respectivos campos, Cândido tomou o partido de ir para outro sítio raciocinar acerca dos efeitos e das causas. Passou por cima de montões de mortos ou moribundos e alcançou, primeiro, uma aldeia das cercanias. Estava reduzida a cinzas. Era uma aldeia dos árabes, queimada pelos búlgaros segundo as leis do direito público. Aqui, os velhos, crivados de feridas, viam morrer suas mulheres degoladas, com os filhos pendentes dos seios ensanguentados. Além, raparigas esventradas, depois de servirem aos apetites naturais de vários heróis, exalavam o último suspiro. Outras, meio queimadas, clamavam que acabassem de as matar. Massas encefálicas salpicavam a terra ao lado de pernas e braços cortados.

Voltaire era um pacifista e o incómodo que a guerra lhe provoca está patente. Pese embora esta passagem nos pareça inacreditável e sintamos que o autor exagerou (propositadamente, claro) os infortúnios até à náusea (de tal forma que, a partir de certa altura, nos tornamos insensíveis, que é sempre o que acontece quando informação excessiva e não assimilável abusa da nossa elasticidade emocional – deve ser o instinto de sobrevivência a reagir à ameaça de desintegração), tudo isto é desgraçadamente plausível. Tudo isto já aconteceu e, o que é pior, tudo isto ainda acontece. Como será viver numa povoação indefesa aos ataques de hordas de sanguinários? Como se sentiriam aqueles que viveram/vivem sem estabilidade e sem segurança, despojados de quaisquer horizontes, expostos ao saque, à violação, à chacina? Que terror percorre aqueles pais, aqueles amantes, aqueles irmãos? Muitas vezes já o tentei, mas não consigo sequer vagamente imaginar.

azuki
 
quarta-feira, junho 27, 2007
 
finalmente, Cândido deixou de ser cândido


Voltaire confirma, o amor move o mundo. Basta uma desilusão amorosa para derrubar o melhor dos mundos possíveis (e impossíveis porque esses também existem). Cândido chega a Veneza e não encontra Cuneg… razão suficiente para concluir:”Tudo é calamidade e ilusão”(cap.XXIV). Quem nunca o disse que atire a primeira pedra. Enquanto deixava ecoar a sua tristeza por essa cidade de fantasias, Cândido vai visitar um ilustre veneziano, Pococuranté( lindo nome também!). O capítulo XXV é todo ele extraordinário na discussão de temas como a imitação humilde e a imitação sublime, conceitos fundamentais para se entender o Renascimento que os iluministas recuperaram. Deixo aqui um bocadinho do dito, com pimenta para despertar a leitura.



-Oh, eis aqui um Cícero - disse Cândido - Penso que não tereis deixado de ler este grande homem? - Nunca o li -respondeu o veneziano -Que me importa que ele tenha litigado por Rabirius ou por Cluentius? Também eu tenho bastantes processos para julgar;suportaria mais as suas obras filosóficas; mas quando me apercebi que duvidava de tudo, concluí que afinal sabia tanto como ele, e que para ser ignorante eu não precisava de ninguém.


Cá pra mim, este veneziano tem o mesmo penteado de Voltaire.Que acham?


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laerce
 
terça-feira, junho 26, 2007
 
o eterno retorno

As coisas que Cândido viu nesta sua volta ao mundo foram mais que muitas. De França vai para Inglaterra a caminho de Veneza. Acreditem! Passa-se uma coisa curiosa:

Chegado a Portsmouth, Cândido depara-se com aquelas já habituais cenas tipo: tudo mal? Ok, tudo bem! Um almirante tinha sido morto. O nosso doce herói pergunta por que o executaram. Resposta: Foi porque não mandou matar a quantidade de pessoas que devia.(…) Neste país sabe bem matar-se de vez em quando um almirante para encorajar os outros.
(cap.XXIII)

Ah, ah, ah… Qual teria sido a Universidade que instituiu este costume? Lembram-se? Para Portugal foi a Universidade de Coimbra. Afinal, o Reino da Estupidez não imperava só por cá. Está bem, Voltaire tinha um fraquinho pela Inglaterra, mas nos melhores lugares também podem acontecer as piores coisas.


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laerce
 
domingo, junho 24, 2007
  Sapere aude! *

Depois de Descartes, Espinosa, Leibniz,..., vêm os pensadores do Iluminismo considerar que a razão é a verdadeira natureza do Homem (com raras excepções, como Rousseau) e que dela teremos que saber servir-nos, tendo em vista o progresso da humanidade (agora, de que razão se trata, que distância vai da razão de Descartes à razão de Newton, ou da razão de Leibniz à razão de Voltaire, já será toda uma outra densa problemática: de acordo com Nicola Abbagnano, na sua “História da Filosofia”, O Iluminismo é, pois, caracterizado, em primeiro lugar, pela rigorosa autolimitação da razão nos limites da experiência. Em segundo lugar, é caracterizado pela possibilidade, que se atribui à razão, de investigar todo o aspecto ou domínio que se contenha dentro de tais limites).

O Iluminismo é uma lufada de ar fresco que pretende quebrar com a “velha Ordem” e os imutáveis privilégios das classes dominantes, pondo em causa as “verdades” estabelecidas, tais como os dogmas e os discursos oficiais, e opondo-se veementemente à intolerância e ao fanatismo. A filosofia deverá destronar a mentira e libertar as pessoas da obscuridade mental em que vivem, ensinando-as a exercitar a razão e a dominar os instintos e as paixões. É esta transformação, social e do próprio indivíduo, que o sec XVIII propõe: iluminar o Homem através da razão.

Uma pessoa esclarecida é uma pessoa menos crédula e menos submissa.
Uma pessoa esclarecida é uma pessoa mais tolerante.
Uma pessoa esclarecida é uma pessoa mais livre.

* Tem a coragem de te servires do teu próprio intelecto!

azuki
 
sexta-feira, junho 22, 2007
 
seduções




Cândido quase que já deu a volta ao mundo. Está agora em Paris. O ambiente de salão, o charme das mulheres, as conversas elegantes, a música refinada, os diálogos sussurrados:
Depois da ceia, a marquesa levou Cândido para o seu gabinete e convidou-o a sentar-se num canapé. –Pois bem, ainda amais perdidamente a menina Cunegundes de Thunder-tem tronckh? – Sim senhora – respondeu Cândido. A marquesa replicou com um sorriso terno: - respondeis-me como um jovem da Vestefália que na realidade sois; um francês ter-me ia dito:- É verdade que amei a menina Cunegundes; mas, ao ver-vos, respeitável senhora, temo ter deixado de a amar.
(cap.XXII)


Claro que Cândido tinha de ir a Paris, foi lá que tudo começou, era daquela sociedade que Voltaire queria falar.

Mas um encontro em Veneza, quem resiste? Mesmo que vá perdendo a sua fortuna, assim tipo vão-se os anéis, ficam os dedos.



nota: a imagem é da Wikipédia e refere-se a outra obra-prima, Les Liaisons Dangereuses.
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laerce
 
quinta-feira, junho 21, 2007
  Sobre Leibniz

Leibniz (1646-1716) foi uma das mais altas inteligências de todos os tempos, mas como ser humano não era admirável; teve, é certo, as virtudes desejáveis em um empregado previdente: era industrioso, frugal, sóbrio e financeiramente honesto. Mas faltavam-lhe inteiramente as virtudes filosóficas mais altas, tão notáveis em Spinoza. O seu melhor pensamento não lhe traria popularidade e ele deixa-o inédito na secretária. O que publicou destinava-se à aprovação dos príncipes e princesas. Assim, tem dois sistemas: o publicado, que é optimista, ortodoxo, fantasista e superficial; outro, desenterrado dos manuscritos pelos editores mais recentes, profundo, coerente, amplamente spinozístico e admiravelmente lógico. (...)

Uma das mais características feições de essa filosofia
[a de Leibniz] é a doutrina dos muitos mundos possíveis. Um mundo é possível se não contradiz as leis da lógica. Há uma infinidade de mundos possíveis, que Deus contemplou antes de criar este. Sendo bom, decidiu criar o melhor dos possíveis, e considerou que seria o melhor o de maior excesso de bem sobre o mal. Poderia ter criado um mundo sem o mal, mas não seria melhor do que o existente, porque grandes bens se ligam logicamente a certos males. Para dar um exemplo trivial, um copo de água fria quando estamos sequiosos em dia ardente pode dar tanto prazer que julguemos ter valido a pena a dor da sede, sem o que não haveria prazer tão grande. Em teologia não são estes exemplos que importam, mas a conexão do pecado com o livre-arbítrio. O livre-arbítrio é um grande bem, mas era logicamente impossível Deus concedê-lo e impedir o pecado. Deus decidiu fazer livre o homem, embora previsse que Adão comeria a maçã [o autor deveria querer dizer Eva], e inevitavelmente o pecado seria punido. O mundo resultante, embora contenha o mal, tem um excesso de bem sobre o mal superior ao de qualquer outro mundo possível; este é portanto o melhor dos possíveis e o mal que contém não é argumento contra a bondade de Deus.

(in História da Filosofia Ocidental, de Bertrand Russel;
negrito meu)

Leibniz era um fiósofo do establishment e "o que publicou destinava-se à aprovação dos príncipes e princesas”. Continuando com Bertrand Russel, leia-se esta passagem elucidativa: “Este argumento provavelmente satisfez a rainha da Prússia. Os seus servos continuaram a sofrer o mal; ela continuou a gozar o bem, e era consolador ter-lhe assegurado um grande filósofo que era justo e recto ser assim.”

azuki
 
quarta-feira, junho 20, 2007
 
acerca do diabo e de Pangloss


Este pequeno livro é um manancial de temas e subtemas que, numa comunidade de leitores, permitem acessas discussões.
Tendo sempre em linha de conta os prestimosos conselhos de Pangloss, atentemos no pequeno diálogo entre Cândido e Martin, vigésimo capítulo:

Cândido diz a Martin que ele devia ter o diabo no corpo. Ao que Martin responde assim: Ele intromete-se de tal modo nos assuntos deste mundo que é bem possível que esteja no meu corpo como noutra parte qualquer.(…) Nunca vi cidade que não desejasse a ruína da cidade vizinha, nem família que não quisesse aniquilar uma outra qualquer. Por toda a parte os fracos têm uma excreção enorme pelos poderosos diante dos quais rastejam, e os poderosos tratam-nos como rebanhos dos quais vendem a carne e a lã. (…) Já vi tanto e já passei por tanto que me tornei maniqueísta.


Perante um quadro destes, somos tentados a amenizar: - Olhe que não, não é bem assim, este quadro é muito negro. Pois, cada um tem um Pangloss dentro de si. Quanto ao diabo, Martin já disse tudo.
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laerce
 
terça-feira, junho 19, 2007
  Voltaire, optimista ou pessimista?

Dizem alguns estudiosos que, durante a vida, Voltaire foi transformando a sua disposição; por mim, estou convicta de que um homem que produziu tanto, que incansavelmente se empenhou a tentar iluminar as mentes dos seus semelhantes, só poderia estar insuflado de optimismo. Aquele que chegou a ser o maior vulto do Iluminismo europeu, tinha (tal como os demais pensadores da época) uma fé inabalável na razão humana, encarando o conhecimento e a racionalidade como geradores do progresso social. O povo, profundamente ignorante, necessitava de ser “iluminado”. Essa ignorância traduzia-se na miséria, no fanatismo e na intolerância, nas crenças e nas superstições, na aceitação mansa da pobreza, da injustiça e do imobilismo social. A “luz” viria com o exercício da razão e a transmissão do saber.

Voltaire considera que, perante um mundo de tamanhos desequilíbrios, dizer que “tudo está bem” é uma brincadeira de mau gosto, o que não o impede, contudo, de confiar na capacidade do Homem em construir um futuro melhor:

"Un jour tout sera bien, voilà notre espérance;
Tout est bien aujourd'hui,
voilà l'illusion
."

(excerto do Poème sur le désastre de Lisbonne, de Voltaire)

azuki
 
segunda-feira, junho 18, 2007
 
Dão-nos umas ceroulas deste pano como vestimenta duas vezes por ano. Quando trabalhamos nos engenhos de açúcar, e a mó nos apanha um dedo, cortam-nos a mão; se tentamos fugir cortam-nos uma perna: a a mim aconteceram-me as duas coisas. É este o preço do açúcar que comeis na Europa.
(cap.XIX)
A escravatura percorre a história das civilizações.Percorre e é de todas as cores e de muitos formatos. Os navios negreiros transformaram-se em redes de tráfico e não é de bom tom achar a escravatura natural, como no século dezoito. Mas quem a organiza quer lá saber do bom e do tom.
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laerce
 
domingo, junho 17, 2007
  Estará o copo meio cheio... ou meio vazio?
copo
foto minha


Sei que estou a contornar a mensagem com que Voltaire pretendia elucidar-nos (a ela quero dedicar respeitosos posts futuros), mas a leitura deste conto remete-me para a constatação de que tudo pode ser visto de dois ângulos: o optimismo e o pessimismo. Sempre a questão dos dois lados do copo, sempre. Estará ele meio cheio ou meio vazio? Como existe alguém que só vê copos meios vazios? Qual será o espaço da cor e da alegria na sua vida? E os outros, os que só vêem copos meios cheios, terão eles a prudência e o realismo necessários para se defenderem das ciladas?

Cândido foi submetido a inúmeras provações, aconteceram-lhe as piores atrocidades (o livro chega a ser grotesco) e, no entanto, não deixava de acreditar que “tudo ia pelo melhor”. Mas Cândido era do mais cândido que há e tanta ingenuidade atinge as raias da bacoquice: estava-se mesmo a ver que Cândido, que não punha ninguém em causa, iria ser burlado, enganado, sacrificado. Tamanha boa-fé assemelha-se a preguiça mental pois, dos percalços da existência, há que saber retirar os devidos ensinamentos (é muito fácil atribuir ao azar os nossos erros de estratégia). Contudo, e acima de todas estas considerações, acredito que o optimismo é um motor, uma força interior que impele à realização, que nos torna mais felizes, mais motivados, mais atentos e mais abertos ao mundo e é, por isso, a mais poderosa arma contra o infortúnio.

azuki
 
 
comer um jesuíta

Aprecio bastante esta ironia delicada que impregna a narrativa, assim como a rapidez com que o narrador conta as peripécias. Não há tempo para grandes descrições, tudo se passa ao ritmo alucinante da sucessivas fugas de Cândido, o que não deixa de ser interessante notar, uma vez que muitas narrativas produzidas no século dezoito eram extensas e intragáveis.

A chegada à América, o novo e distante mundo, envolve o nosso Cândido em muitas outras armadilhas. É preciso ser decidido, deixar a teoria de lado e lutar pela sobrevivência. Pangloss continuava a ser o guia filosófico, mas o que seria de Cândido sem Cacambo, um outro guia mais prático? Provavelmente seria comido como se fosse um padre jesuíta.

Estavam cercados por cinquenta orelhões, que eram os habitantes daquele pais, tinham-nos atado com cordas feitas de casca de árvore.(…) os orelhões estavam nus, armados de flechas, clavas e machados de pedra: uns puseram a ferver um grande caldeirão com água, outros preparavam os espetos...pg.71


Cá por mim gosto de jesuítas, os de Santo Tirso.
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laerce
 
sábado, junho 16, 2007
  Qual a graça de ser Rei entre os desconhecidos?
"O fato é que a gente gosta tanto de fazer-se valer entre os seus, de paradear o que viu pelo mundo, que os dois felizardos resolveram não mais o ser, e pediram a Sua Majestade para deixar o país." (cap. XVIII) Me parece o caso daquele homem perdido na ilha deserta com a mais bela mulher do universo. Ele só aceita ficar com ela se puder contar aos outros tal história. Gabar-se, eis o verbo. Em última análise, tudo converge para o egoísmo, para dar conta de que se viveu - bem ou mal, pouco importa; o importante é "que emoções eu vivi"?

Gabriel
 
quinta-feira, junho 14, 2007
 
os brandos costumes

Cunegundes, a amada morta de Cândido que afinal estava viva, interrogava-se sobre o porquê das coisas, como tudo se pode conjugar assim tão naturalmente? Como é possível que o encantador Cândido e o sábio Pangloss se encontrem em Lisboa, um para receber cem chicotadas, e outro para ser enforcado por ordem de monsenhor o Inquisidor, de quem sou a bem-amada? pg..44

Dois comentários:
Cunegundes, isto é nome de amada? Depois da Cíntia de Propércio, da Lésbia de Catulo, da Délia e da Nemésis de Tíbulo, da Corina de Ovidio, da Beatriz, da Laura, da Lídia, Cunegundes faz lembrar uma couve no meio de formosas espécies de flores.

Pangloss não foi a única figura a sofrer às mãos das entidades superiores. O caso dos Távoras é um dos mais arrepiantes, e este foi verdadeiro. Camilo Castelo Branco, em O Perfil do Marquês, traça magistralmente os últimos momentos da marquesa de Távora antes de ser degolada. Não resisto a deixar aqui umas frases.

A aurora do dia treze de Janeiro de 1759 alvorejava uma luz azulada …por entre castelos pardacentos de nuvens esfumaradas que, a espaços, saraivavam bátegas de aguaceiros glaciais.(…) [ a marquesa] trajava de cetim escuro, fitas nas madeixas grisalhas, diamantes nas orelhas e num laço dos cabelos, envolta em uma capa alvadia roçagante.(…) Mostraram-lhe o masso de ferro que devia matar-lhe o marido a pancadas na arca do peito, as tesouras ou aspas em que haviam de quebrar os ossos das pernas e dos braços ao marido e aos filhos e explicaram-lhe como era que as rodas operavam no garrote…a marquesa sucumbiu.
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laerce
 
quarta-feira, junho 13, 2007
  F-E-L-I-C-I-D-A-D-E
caras sorridentes (Nepal)
foto minha

Existia na Vestefália, no castelo do senhor barão Thunder-ten-tronckh, um jovem dotado pela natureza com os sentimentos mais suaves. A sua fisionomia retratava a sua alma. Possuía o raciocínio justo e o espírito simples; era decerto por essa razão, penso eu, que lhe chamavam Cândido.

Uma das reflexões que a leitura deste prodigioso conto me suscita é a da felicidade (temática recentemente abordada em Lisboa, por ocasião de uma conferência que se realizou na Culturgest e que reuniu alguns dos seus especialistas nacionais e internacionais). Parece que o grande desígnio do indivíduo nas sociedades modernas (depois de se ter provido de bens de primeira necessidade) é a procura incessante da felicidade. A felicidade (ou capacidade para se ser feliz) é produto da conjugação de factores tão diversos como o código genético, o ambiente social e a vontade (ou seja: tudo!), e consiste, em última análise, no bem-estar que somos susceptíveis de assimilar da nossa própria existência. No capítulo da vontade, há teorias que se baseiam na neuroplasticidade do cérebro para defender que estaremos a aumentar a potencialidade de sermos felizes se investirmos nas emoções positivas, atribuindo, em simultâneo, menos importância à negatividade (aumentando/reduzindo, assim, a actividade cerebral que lhes está associada). Se Cândido não fosse tão patego, teria mais condições para ser feliz do que a maior parte de nós.

azuki
 
 
sem comentários





imagem: wikipédia



...tinha sido decretado pela Universidade de Coimbra que o espectáculo de algumas pessoas ardendo em fogo lento, e com grande pompa, seria um método infalível para impedir terramotos.

(capítulo VI)

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laerce

 
terça-feira, junho 12, 2007
 
razão suficiente

Não é só no quinto capítulo da obra que temos informações de Lisboa e do que por lá se passava ao tempo em que Cândido, com a ajuda do agora mestre-mendigo Pangloss, tentava compreender a razão suficiente para tão nefasto acontecimento. (Na verdade, Camilo e Agustina encontram neste doloroso momento a razão suficiente para que Pombal tivesse sido Pombal.)


Votaire escreveu um poema sobre a tragédia de Lisboa. Aqui sirvo-vos os primeiros versos.

O malheureux mortels! ô terre déplorable!
O de tous les mortels assemblage effroyable!
D'inutiles douleurs éternel entretien!
Philosophes trompés qui criez: "Tout est bien"
Accourez, contemplez ces ruines affreuses


Poème sur le désastre de Lisbonne


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laerce
 
domingo, junho 10, 2007
 
Voltaire, Leibniz e o melhor mundo possível

Il confronto di Voltaire (e dell’illuminismo) con la tradizione culturale e filosofica è un confronto a tutto campo, che coinvolge i sistemi metafisici, le teorie scientifiche, la teologia, le superstizioni e le credenze popolari. Leibniz è stato un grande filosofo e un grande matematico e logico e l’argomentazione di Leibniz a sostegno del “migliore dei mondi possibili” è logicamente coerente e rappresenta pertanto un bersaglio di grande valore per la polemica e per l’ironia di Voltaire, che non risparmia dalle critiche nemmeno i filosofi che gli sono piú cari.

mais

Proposta de reflexão para o dia de Portugal, mesmo sem ser na língua de Camões, mas acessível à comunidade (de leitores?).

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laerce
 
sábado, junho 09, 2007
 
a fina ironia

A chave que permite fruir com maior intensidade esta obra de Voltaire é a ironia, sem dúvida, o processo narrativo por excelência dos grandes autores. Veja-se Camilo ou Eça ou Machado de Assis, para lembrar alguns dos mais das nossas literaturas. No século de Voltaire, ela foi soberana, fina, delicada, mas absolutamente corrosiva.

No melhor dos mundos possíveis acontece exactamente o mesmo que no pior dos mundos possíveis.
Após a batalha e enquanto os reis mandavam cantar os Te Deum,cada um no seu campo,Cândido optou por ir raciocinar para outro lado sobre as causas e os efeitos. Passou por cima de montes de mortos e de moribundos, e alcançou primeiramente uma aldeia próxima, que estava em cinzas: era uma aldeia ávara que os búlgaros tinham incendiado conforme as leis do direito público….

(capítulo III)
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laerce
 
sexta-feira, junho 08, 2007
 
Pangloss ou de como se des(constrói) um preceptor


Gottfried Wilhelm Von Leibniz German Philosopher

O preceptor Pangloss era o oráculo do castelo. Ensinava meta-teológico–cosmo-nigologia*.

Na edição que leio, uma nota esclarece aquela palavra-comboio:

*Nesta expressão encontram-se sintetizadas algumas áreas do saber : Matafísica, Teologia, Cosmologia e a inventada ‘Nigologia’ que é um remoque de Voltaire e deriva de ‘nigaud’, que quer dizer tolo, simplório. Visam-se aqui os sistemas filosóficos de Leibniz e Wolff.

Como podemos ver, a tolice também se aprende. Quem sabe talvez haja por aí algum estabelecimento de ensino que a certifique.

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laerce
 
quinta-feira, junho 07, 2007
 
o meu nome é a minha cara

Em Vestefália, no castelo do Barão de Thunder-ten-Tronckh, vivia um jovem a quem a natureza concedera os mais doces hábitos. Dir-se-ia até que no seu rosto se poderia adivinhar a alma. Era com espírito extremamente simples que emitia os mais rectos juízos, e foi por essa razão, creio, que lhe puseram o nome de Cândido.
(capítuloI)


No século dezoito, o desejo de evasão começou a manifestar- se intensamente, as histórias remetiam para espaços distantes, feéricos ou exóticos, um mal estar da civilização aparentemente satisfeita com tantas conquistas começava a incomodar. No entanto, para alguns tudo parecia perfeito.
Temos um castelo e um jovem. Falta um preceptor que acredite viver no melhor dos mundos possíveis. Mas vem já
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laerce
 
  Comunidade de Leitores da BMAG (Porto, 2007)
..................Richard Zimler...........................
......................foto minha...............................

As comunidades de leitores significam descoberta e enriquecimento pessoal e são, sobretudo, um bom hábito. Nos seus atributos encontramos, quer a comunhão, quer a capacidade de multiplicar os efeitos benéficos da leitura: para além de vivermos o livro, há que saber transmitir essas vivências.

Partilhar leituras é um desejo de sempre que a internet veio tornar possível. Assim nasceu o Leitura Partilhada, há cerca de 4 anos, um espaço de acessibilidade contínua onde um (pequeno e flutuante) grupo de pessoas, na sua maioria sem formação específica em literatura, tenta encontrar tempo para os clássicos por entre a voragem do quotidiano. Contudo, as comunidades de leitores tradicionais beneficiam do entusiasmo da discussão presencial e da existência de um orientador que procede à escolha dos títulos, dá início às sessões, faz o enquadramento da conversa e, dependendo do seu perfil, será mais ou menos interventivo. Na Comunidade de Leitores da Biblioteca Municipal Almeida Garrett (Porto), a usual contenção lusitana foi contagiada pela informalidade norte-americana.

Obrigada, Richard. Obrigada pela disponibilidade e pela simpatia. Obrigada pelo incontornável A Letra Encarnada (Nathaniel Hawthorne), pelo surpreendentemente maduro Coração Solitário Caçador (Carson McCullers) e, sobretudo, pelo magnífico A Bíblia Envenenada (Barbara Kingsolver). Um êxito estrondoso nos EUA, relativamente desconhecido em Portugal e muito difícil de encontrar (só no Círculo de Leitores, a edição da Dom Quixote está esgotada). Era uma vez um pregador baptista que, munido da sua Bíblia e de uma vontade feroz de evangelizar, levou a mulher e quatro filhas para uma remota aldeia do Congo Belga, onde salvar as pobres almas primitivas daquelas crianças significava baptizá-las num rio infestado de crocodilos. Neste livro, a denúncia da intolerância e da ausência de comunicação, uma reflexão sobre as convicções religiosas e a relatividade do bem, a condição da mulher e o discurso no feminino, o confronto entre dois modelos de sociedade, a história da independência de África e a contínua sabotagem do estimável Ocidente. A Bíblia Envenenada, um livro que nos desperta e nos abala, um livro que nos dói, um livro que nos marca. Obrigada, Richard.

E, claro, obrigada à Biblioteca Municipal Almeida Garrett.

azuki
 
quarta-feira, junho 06, 2007
 
cândido mais cândido não há


Cândido foi expulso de onde morava, foi preso e torturado, perdeu sua amada, seus melhores amigos; em todos os casos com requintes de crueldade. Mas a cada um desses fatos, meditava sobre como explicar o melhor dos mundos possíveis.

mais

Todas essas meditações com muita ironia à mistura. Não esqueçamos que aquele século longinquo(?) entronizou a paródia como forma máxima de crítica. Parodiava-se tudo o que fosse grandiloquente ou que pretendesse sê-lo.

Em Portugal/Brasil, antes do corte do cordão umbilical, duas obras podem ser referidas: O Reino da Estupidez , de Francisco de Melo Franco e O Hissope, de António Dinis da Cruz e Silva.

Pergunta - O que é um hissope?

Resposta - Um hissope é...bem..é...

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laerce
 
terça-feira, junho 05, 2007
 
Aufklärung

Tive que fazer há pouco tempo um teste de cultura geral.Uma das perguntas consistia em definir Aufklärung.Não sabia.


Com as idéias de Newton, de Locke, de Spinoza, e também de Descartes (cuja "visão"metafísica é rejeitada, mas cujo método racionalista é bem acolhido), os pensadores do século XVIII farão suas armas: eles são, dir-se-ia hoje, filósofos engajados. Consideram-se os artífices da felicidade humana e se empenham na destruição dos preconceitos e na difusão das "luzes". (É o século das luzes, Aufklärung, isto é, do racionalismo.) Daí o tom particular desses filósofos que fazem panfletos contra o poder, contra a Igreja, e que querem criar movimentos de opinião: a ironia e a clareza do estilo adquirem eficácia particular para tais empreendimentos.
Fonte


Nota: Aufklärung, a negrito para nunca mais esquecer, como na primária.


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laerce
 
domingo, junho 03, 2007
  duplo sentido
Debaixo do caos, há uma certa harmonia; existem pontos de tranquilidade, sob a confusão; misturadas no ruído, encontramos notas musicais; em cada rua, em cada esquina, por trás de cada porta, algo prodigioso. De tudo o que nos rodeia, sempre pode ser extraído o duplo sentido onde nos movemos: futuro e passado, escuridão e claridade, certeza e dúvida, mutabilidade e permanência, prosperidade e destruição, beleza e fealdade, distância e proximidade. Bem e mal, mentira e verdade, vida e morte. Como se nos coubesse a nós, fazer surgir um ou outro.

azuki
 
sábado, junho 02, 2007
 
o que aconteceu ao senhor Voltaire

Devido à sua obra literária e à linguagem mordaz, o senhor Voltaire ficou preso duas vezes na Bastilha, apanhou uma tareia e foi expulso da França. Assim mesmo. Nesses primeiros tempos, as luzes ainda se escreviam com letra minúscula, e não era uma questão de moda.
Iluminismo
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laerce
 
  Feira do Livro
Este ano, menos stands e menos iniciativas (mas também menos fricções entre editores e livreiros) e (nas vezes em que lá estive) música de gosto discutível e volume excessivo a originar um ambiente algo cansativo. Como e onde será para o ano, no Porto?

Porque gosto de comprar com a convicção de que os lerei a breve prazo, adquiro menos livros do que desejaria, sendo as leituras recentes as principais responsáveis pelas escolhas que faço. Assim, “A Relíquia” veio intensificar a aspiração de conhecer a Bíblia e a vida de Cristo (esta, contada pelo inicialmente provocador/posteriormente convertido Giovanni Papini), ao mesmo tempo que me fez querer continuar com Eça (tenho entre mãos “A Capital”, vinte anos após a primeira leitura). Ainda: Hemingway, porque está sempre viva a vontade de África; o Alcorão, pelos tempos que correm; “Fahrenheit 451”, para tentar imaginar o inimaginável. Finalmente, algumas obras didácticas, porque a curiosidade que os livros me inspiram me dá élan para nunca parar de estudar.

azuki
 
sexta-feira, junho 01, 2007
 
VOLTAIRE





- Diz chamar-se Voltaire, traz um livro cujo nome parece um tanto ou quanto pueril. Entregou-me este curriculum vitae. Tem entrevista marcada para hoje, o primeiro dia de Junho.
- Que entre.
...
laerce
 

O QUE ESTAMOS A LER

(este blogue está temporariamente inactivo)

PROXIMAS LEITURAS

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LEITURAS NO ARQUIVO

"ULISSES", de James Joyce (17 de Julho de 2003 a 7 de Fevereiro de 2004)

"OS PAPEIS DE K.", de Manuel António Pina (1 a 3 de Outubro de 2003)

"AS ONDAS", de Virginia Woolf (13 a 20 de Outubro de 2003)

"AS HORAS", de Michael Cunningham (27 a 30 de Outubro de 2003)

"A CIDADE E AS SERRAS", de Eça de Queirós (30 de Outubro a 2 de Novembro de 2003)

"OBRA POÉTICA", de Ferreira Gullar (10 a 12 de Novembro de 2003)

"A VOLTA NO PARAFUSO", de Henry James (13 a 16 de Novembro de 2003)

"DESGRAÇA", de J. M. Coetzee (24 a 27 de Novembro de 2003)

"PEQUENO TRATADO SOBRE AS ILUSÕES", de Paulinho Assunção (22 a 28 de Dezembro de 2003)

"O SOM E A FÚRIA", de William Faulkner (8 a 29 de Fevereiro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. I - Do lado de Swann)", de Marcel Proust (1 a 31 de Março de 2004)

"O COMPLEXO DE PORTNOY", de Philip Roth (1 a 15 de Abril de 2004)

"O TEATRO DE SABBATH", de Philip Roth (16 a 22 de Abril de 2004)

"A MANCHA HUMANA", de Philip Roth (23 de Abril a 1 de Maio de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. II - À Sombra das Raparigas em Flor)", de Marcel Proust (1 a 31 de Maio de 2004)

"A MULHER DE TRINTA ANOS", de Honoré de Balzac (1 a 15 de Junho de 2004)

"A QUEDA DUM ANJO", de Camilo Castelo Branco (19 a 30 de Junho de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. III - O Lado de Guermantes)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2004)

"O LEITOR", de Bernhard Schlink (1 a 31 de Agosto de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. IV - Sodoma e Gomorra)", de Marcel Proust (1 a 30 de Setembro de 2004)

"UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES" e outros, de Clarice Lispector (1 a 31 de Outubro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. V - A Prisioneira)", de Marcel Proust (1 a 30 de Novembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de José Saramago (1 a 21 de Dezembro de 2004)

"ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", de José Saramago (21 a 31 de Dezembro de 2004)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VI - A Fugitiva)", de Marcel Proust (1 a 31 de Janeiro de 2005)

"A CRIAÇÃO DO MUNDO", de Miguel Torga (1 de Fevereiro a 31 de Março de 2005)

"A GRANDE ARTE", de Rubem Fonseca (1 a 30 de Abril de 2005)

"D. QUIXOTE DE LA MANCHA", de Miguel de Cervantes (de 1 de Maio a 30 de Junho de 2005)

"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VII - O Tempo Reencontrado)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2005)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2005)

UMA SELECÇÃO DE CONTOS LP (1 a 3O de Setembro de 2005)

"À ESPERA NO CENTEIO", de JD Salinger (1 a 31 de Outubro de 2005)(link)

"NOVE CONTOS", de JD Salinger (21 a 29 de Outubro de 2005)(link)

Van Gogh, o suicidado da sociedade; Heliogabalo ou o Anarquista Coroado; Tarahumaras; O Teatro e o seu Duplo, de Antonin Artaud (1 a 30 de Novembro de 2005)

"A SELVA", de Ferreira de Castro (1 a 31 de Dezembro de 2005)

"RICARDO III" e "HAMLET", de William Shakespeare (1 a 31 de Janeiro de 2006)

"SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE" e "PALOMAR", de Italo Calvino (1 a 28 de Fevereiro de 2006)

"OTELO" e "MACBETH", de William Shakespeare (1 a 31 de Março de 2006)

"VALE ABRAÃO", de Agustina Bessa-Luis (1 a 30 de Abril de 2006)

"O REI LEAR" e "TEMPESTADE", de William Shakespeare (1 a 31 de Maio de 2006)

"MEMÓRIAS DE ADRIANO", de Marguerite Yourcenar (1 a 30 de Junho de 2006)

"ILÍADA", de Homero (1 a 31 de Julho de 2006)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2006)

POESIA DE ALBERTO CAEIRO (1 a 30 de Setembro de 2006)

"O ALEPH", de Jorge Luis Borges (1 a 31 de Outubro de 2006) (link)

POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS (1 a 30 de Novembro de 2006)

"DOM CASMURRO", de Machado de Assis (1 a 31 de Dezembro de 2006)(link)

POESIA DE RICARDO REIS E DE FERNANDO PESSOA (1 a 31 de Janeiro de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 28 de Fevereiro de 2007)

"O VERMELHO E O NEGRO" e "A CARTUXA DE PARMA", de Stendhal (1 a 31 de Março de 2007)

"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 30 de Abril de 2007)

"A RELÍQUIA", de Eça de Queirós (1 a 31 de Maio de 2007)

"CÂNDIDO", de Voltaire (1 a 30 de Junho de 2007)

"MOBY DICK", de Herman Melville (1 a 31 de Julho de 2007)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2007)

"PARAÍSO PERDIDO", de John Milton (1 a 30 de Setembro de 2007)

"AS FLORES DO MAL", de Charles Baudelaire (1 a 31 de Outubro de 2007)

"O NOME DA ROSA", de Umberto Eco (1 a 30 de Novembro de 2007)

POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (1 a 31 de Dezembro de 2007)

"MERIDIANO DE SANGUE", de Cormac McCarthy (1 a 31 de Janeiro de 2008)

"METAMORFOSES", de Ovídio (1 a 29 de Fevereiro de 2008)

POESIA DE AL BERTO (1 a 31 de Março de 2008)

"O MANUAL DOS INQUISIDORES", de António Lobo Antunes (1 a 30 de Abril de 2008)

SERMÕES DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1 a 31 de Maio de 2008)

"MAU TEMPO NO CANAL", de Vitorino Nemésio (1 a 30 de Junho de 2008)

"CHORA, TERRA BEM-AMADA", de Alan Paton (1 a 31 de Julho de 2008)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2008)

"MENSAGEM", de Fernando Pessoa (1 a 30 de Setembro de 2008)

"LAVOURA ARCAICA" e "UM COPO DE CÓLERA" de Raduan Nassar (1 a 31 de Outubro de 2008)

POESIA de Sophia de Mello Breyner Andresen (1 a 30 de Novembro de 2008)

"FOME", de Knut Hamsun (1 a 31 de Dezembro de 2008)

"DIÁRIO 1941-1943", de Etty Hillesum (1 a 31 de Janeiro de 2009)

"NA PATAGÓNIA", de Bruce Chatwin (1 a 28 de Fevereiro de 2009)

"O DEUS DAS MOSCAS", de William Golding (1 a 31 de Março de 2009)

"O CÉU É DOS VIOLENTOS", de Flannery O´Connor (1 a 15 de Abril de 2009)

"O NÓ DO PROBLEMA", de Graham Greene (16 a 30 de Abril de 2009)

"APARIÇÃO", de Vergílio Ferreira (1 a 31 de Maio de 2009)

"AS VINHAS DA IRA", de John Steinbeck (1 a 30 de Junho de 2009)

"DEBAIXO DO VULCÃO", de Malcolm Lowry (1 a 31 de Julho de 2009)

...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2009)

POEMAS E CONTOS, de Edgar Allan Poe (1 a 30 de Setembro de 2009)

"POR FAVOR, NÃO MATEM A COTOVIA", de Harper Lee (1 a 31 de Outubro de 2009)

"A ORIGEM DAS ESPÉCIES", de Charles Darwin (1 a 30 de Novembro de 2009)

Primeira Viagem Temática BLOOMSDAY 2004

Primeira Saí­da de Campo TORMES 2004

Primeira Tertúlia Casa de 3 2005

Segundo Aniversário LP

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