Leitura Partilhada
Astérion
O Minotauro combina muitos traços diversos ou contraditórios. Tem alguma coisa do animal, do humano e até do divino. Comete crimes, mas é também como um inocente, está como inconsciente do que faz. Confessa a sua ignorância mas vangloria-se dela. É tão magnânimo que não sabe ler. É como uma senhora que conheci uma vez, que orgulhosamente supunha ser um génio para o Bridge, mas confessava que perdia sempre porque não tinha paciência para estar atenta às minúcias do jogo.
Jorge Luís Borges
Borges vira o mito do avesso, conferindo o nome próprio e uma voz ao Minotauro, humanizando-o, aproximando-o de nós. Passamos a perceber que Astérion tem fragilidades e esperanças, sofre a solidão e a monotonia, é pueril e aparentemente inofensivo. Sendo acusado por todos – aqueles que não o conhecem, nem podem adivinhar o que sente, sabendo apenas do seu ar ameaçador e que os 9 homens (não eram 7 jovens e 7 virgens?!) que lá entram a cada nove anos já não saem –, é Astérion o prisioneiro, embora não o admita. Sim, a casa não tem portas fechadas, mas como não ser prisioneiro se a única opção é a clausura? Para onde fugiria, se é único? Quem o receberia, se não tem semelhantes? É verdade, houve um entardecer em que saiu, imaginando poder confundir-se com o vulgo, mas acontece que Astérion é filho de uma rainha e é… diferente. As suas noites e dias são longos, não há ninguém com quem possa interagir, por isso brinca com a própria sombra. A casa tem um número infinito de portas abertas, lá não encontramos
pompas femininas nem o bizarro aparato dos palácios e são catorze (são infinitos) os elementos que a compõem (embora também seja infinito tudo o que existe fora dela, só o sol e Astérion são únicos). Ele não toca nos homens, não os mata nem os devora, e os cadáveres ficam onde caem pois
ajudam a distinguir uma galeria das outras. Alguém lhe disse que o redentor viria e agora Astérion é feliz na sua espera. Como será ele? Será um touro, um homem, meio homem/meio touro, meio touro/meio homem?
Oxalá me leve para um lugar com menos galerias e menos portas.
azuki
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Além disso, num entardecer, pisei a rua; se voltei antes da noite, foi pelo temor que me infundiram os rostos da plebe, rostos descoloridos e iguais, como a mão aberta. O sol já se tinha posto, mas o desvalido pranto de um menino e as preces rudes do povo disseram que me haviam reconhecido. O povo orava, fugia, prosternava-se; alguns encarrapitavam-se no estilóbata do Templo das Tochas, outros juntavam pedras. Um deles, creio, ocultou-se no mar.
(A casa de Astérion, em O Aleph)
(Picasso)
Símbolo da nossa fraqueza, ele é a maldade e a agressividade, mas também a intolerância e o medo. Homem com cabeça de touro ou touro com cabeça de homem, conferir-lhe uma outra forma é delimitar e reconhecer o mal, tornando-o até inteligível. O ser diferente arrasta consigo significações terríveis: ele é o estranho, o inimigo, que amedronta e que transporta a culpa, aquele que se deve abater ou de quem se deve fugir. Torna-se simples adivinhar a ameaça: não é preciso reflectir, ela está ali, evidentemente diferente.
O que sentimos pela força escondida que reclama parte de nós? Ambiguidade, como nos quadros de Picasso: o monstro vai amar a mulher ou atacá-la?; constitui um perigo ou não passa de um ser inofensivo?; para que lado explodirá a sua vitalidade?; desejamo-lo ou queremos matá-lo? Atracção e repulsa, fascínio e temor. Sim, há monstros dentro de nós.
azuki
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"Novidades"
Borges é em si mesmo uma verdadeira “Biblioteca de Babel”, e com mais vertentes de análise e leituras do vulgarmente se pensa. Já havia vários ensaios sobre a matemática e a literatura de Borges, mas agora foi editado entre nós pela Ambar um ensaio sobre o tema:
Borges e a Matemática de Guillermo Martínez
Uma viagem através dos Diálogos secretos entre o grande escritor Argentino e personagens da dimensão de Pascal, Russel e Poe.
Há realmente um fio condutor da lógica matemática e a ficção borgesiana, um rasto que se dá conta em textos fundamentais como “O Aleph”, “A Morte e a Bússola” e a “Biblioteca de Babel”, o “Livro de Areia”.
Neste último Borges (personagem) é desafiado a abrir o Livro de Areia na primeira página:
Disse-me que o seu livro se chama o Livro de Areia porque nem o livro nem a areia têm principio nem fim.
Pediu-me que procurasse a primeira página. Apoiei a mão esquerda sobre a portada e abri com o polegar quase colado ao indicador. Foi tudo inútil: interpunham-se sempre várias folhas entre a portada e a mão. Era como se brotassem do livro.
É o problema do infinito
(∞), em matemática.
Sobre o
Aleph, um braço que indica o céu e o outro que indica a terra. Símbolo dos números transfinitos, nos quais, como diz Borges,
o todo não é maior do que qualquer das partes. Trata-se de um dos conceitos da matemática que realmente fascinava Borges.
A leitura do livro acima referido é deveras apaixonante, e é mais um contributo para a compreensão da obra de Luís Borges.
Este mês saiu também o livro homenagem editado pela Ambar:
Com Borges de Alberto Manguel
Um Livro – Homenagem ao Excepcional Escritor Argentino
Fotografias de Sara Facho
Este senhor foi um dos muitos que leram para Borges, de 1964-1968, que com ele privaram o seu dia a dia e que neste livro deixa as suas impressões pessoais sobre o escritor argentino.
Alfredo G. Mota (
O Lisboeta Observador)
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O relativismo de Borges é absoluto.
(Harold Bloom, “Como Ler e Porquê”)
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Não fui à Grécia, voltei à Grécia. Eu nunca tinha estado ali. Contudo, imagine o que significou para mim poder chegar a Creta e sentir em Cnossos o mistério desse labirinto que invadiu a minha vida desde há tantos anos. Foi incrível.
*
A ideia de construir um labirinto, um edifício para que quem entrar nele se perca, é uma ideia estranhíssima.
Jorge Luís Borges
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Ainda Borges, mas já em preparação para Novembro
Está quase a terminar a minha incursão ao mundo de quem disse
a literatura fantástica não é uma evasão da realidade, mas ajuda-nos a compreendê-la de um modo mais profundo e complexo. Acho que nunca pensei tanto em espelhos e em labirintos como neste Outubro. Entrei hoje numa galeria com paredes cobertas de espelhos, depois numa outra onde havia quadros que os simbolizavam:
Borges, Borges, olha, estou aqui, na rua Miguel Bombarda, e penso em ti!Os livros de/sobre Borges aguardam, empilhados, que os entregue à estante e falta pouco para agitar de novo o espaço dedicado a Pessoa. Nos últimos dias, tenho entrado na minha pequena biblioteca sorrindo na mesma direcção:
está quase, por onde começarei? No carro, faço-me já acompanhar pelos poemas, para as pausas imprevistas. Leio o
Escrituração e adiciono um novo
link aos meus favoritos: o
Portal Pessoa. Novembro vai ser um mês bom.
azuki
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Espelhos
Em menino, eu tinha medo dos espelhos. O meu temor era que a imagem reflectida se movesse sozinha ou, por exemplo, que o meu corpo fizesse coisas que eu não lhe ordenava. (…) Deste temor insuperável a cegueira libertou-me.
*
Não me agradam nada ou agradam-me demais. Agora, claro, livrei-me deles. Porque a cegueira é um modo drástico de apagar os espelhos.
Jorge Luís Borges
azuki
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O Minotauro no Labirinto
É este o labirinto de Creta. É este o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro. É este o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações. É este o labirinto de Creta cujo centro foi o minotauro que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações, como María Kodama e eu nos perdemos. É este o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro que Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações, como María Kodama e eu nos perdemos naquela manhã e continuamos perdidos no tempo, esse outro labirinto.
Jorge Luís Borges
Creta e touros: i) segundo a mitologia grega, a civilização minóica começa com um touro: Zeus rapta Europa; ii) a história do Minotauro, contada de forma breve, diz que Poseidon envia um touro branco ao rei Minos; este, decide poupar o belo animal, despertando a fúria do deus, que faz aparecer uma paixão entre a rainha Pasífae e o touro; assim nasce o Minotauro devorador de Homens, que o rei aprisiona num labirinto construído por Dédalo e que, anos mais tarde, é derrotado por Teseu, com a ajuda de Ariadne.
O mito do Minotauro, cujo texto fundador se desconhece, resulta de uma longa tradição oral, após o que foi sendo sucessivamente alterado, enriquecido, renovado. Sujeito a diversas apropriações (pela literatura, pintura, música, cinema,…), a matriz do homem/touro antropófago (ou do inofensivo bastardo que convinha manter afastado da linha de sucessão), desdobra-se em mil simbologias e tem abordagens várias, desde a política à psicanálise.
Milhares de anos mais tarde, porquê ainda o Minotauro? Porque mantém a capacidade de colocar as questões pertinentes? Seremos o Minotauro no seu labirinto? Seremos Dédalo, Teseu, Ícaro? Seremos o construtor do labirinto, o seu prisioneiro, o fugitivo, o redentor,…?
azuki
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Astérion
Cada nove anos, entram na casa nove homens para que eu os liberte de todo o mal. Ouço os seus passos ou a sua voz no fundo das galerias de pedra e corro alegremente para recebê-los. A cerimónia dura poucos minutos. Um após outro caem sem que eu ensanguente as mãos. Onde caíram, ficam, e os cadáveres ajudam a distinguir uma galeria das outras. Ignoro quem sejam, mas sei que um deles, na hora da morte, profetizou que um dia vai chegar o meu redentor. Desde então a solidão não me magoa, porque sei que o meu redentor vive e por fim se levantará do pó. Se o meu ouvido alcançasse todos os rumores do mundo, eu ouviria os seus passos. Oxalá me leve para um lugar com menos galerias e menos portas. Como será o Seu redentor?, pergunto-me. Será um touro, ou um homem? Será talvez um touro com cara de homem? Ou será como eu?
O sol da manhã brilhou na espada de bronze. Já não havia qualquer vestígio de sangue.
- Acreditarás, Ariadna? - disse Teseu. - O minotauro quase não se defendeu.
(A casa de Astérion, em O Aleph)
George Frederic Watts, 1885 Para este conto, nenhuma outra imagem me parece tão certa.
azuki
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Um argentino muito especial
- Sempre senti que há alguma coisa em Buenos Aires de que gosto. De que gosto tanto que não gosto que gostem disso outras pessoas. É um amor assim, ciumento.
- Tenho muitas pátrias e quero a todas. E Roma, sem dúvida, já que todos somos cidadãos romanos. E, mais para trás, somos gregos. De modo que espero continuar a coleccionar pátrias.
- A ideia de um Deus sábio, todo-poderoso e que, além disso, nos ama, é das criações mais audazes da literatura fantástica.
- A mulher foi e continua a ser mais importante que o homem.
- Geralmente, na Europa espera-se ou teme-se que um autor latino-americano escreva discursos sociais, descrições de como vivem os camponeses. Contudo, eu raramente escrevi sobre esses temas. Sou um escritor latino-americano mas nunca fui profissionalmente latino-americano.
- O futebol é popular porque a estupidez é popular.
- Gardel e eu temos alguma coisa em comum: nenhum de nós dois gosta do tango.
- Conheço coisas que quase ninguém conhece, mas ignoro as que toda a gente conhece.
(Borges Verbal, Pilar Bravo e Mario Paoletti, Assírio & Alvim) Mais um livro sobre "o escritor mais entrevistado da história", mais uma prova da sua viva inteligência e do seu extraordinário sentido de humor. E uma outra forma de perceber como lhe encaixam os 15 adjectivos que a audácia de Sábato lhe atribuiu (numa nota sobre a sua obra, depois de lhe ter chamado Grande Poeta, na Revista Sur, em 1952):
Arbitrário
Genial
Terno
Rigoroso
Débil
Grande
Triunfante
Arriscado
Medroso
Fracassado
Magnífico
Infeliz
Limitado
Infantil
Imortal
azuki
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Tango
Borges…Argentina…Argentina…Tango. Mas,
uuups, Borges não gostava de tango! Pela sua origem infame e porque era um infindável gemido, Borges não gostava de tango. Pelas mesmíssimas razões, também eu achava que não gostava de tango. Até que vi dançá-lo. Até que o dancei.
azuki
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Eu aconteci porque todos os meus minutos aconteceram
Na Suma Teológica nega-se que Deus possa fazer com que o passado não tenha sido, mas nada se diz da intrincada concatenação de causas e efeitos, tão vasta e tão íntima que talvez não fosse possível anular um só facto remoto, por mais insignificante, sem invalidar o presente. Modificar o passado não é modificar um só facto; é anular as suas consequências, que tendem a ser infinitas. Por outras palavras: é criar duas histórias universais.
(A outra morte, em O Aleph)
Eu não mudaria nenhum dos meus minutos, porque houve momentos de que não quero prescindir.
Quando desejamos mexer no passado, não ponderamos na eventualidade de ficarmos irreconhecíveis. Divirto-me, e assusto-me, tentando imaginar que, caso se alterasse um só minuto da minha vida, provavelmente não seria eu, pois não estaria aqui, não me teria cruzado com os amigos, nem amado quem amei, não teria trabalhado naquele sítio, nem visto aquele filme, nem escrito aquele texto, nem vivido aquele momento único, não teria feito aquela viagem, nem lido aquele livro; seriam outros as pessoas e os factos que me marcaram, diversos os meus pontos de vista, distintos os sonhos e os desejos. Porque idealizamos, tendemos a crer que seria melhor. Eu, prefiro pensar que seria diferente, nada de dramático ou de espantosamente bom, apenas diferente.
Momentos que já não mudam têm, no entanto, capacidade para me transfigurar: vou sendo múltiplas pessoas, à medida que são dissemelhantes as minhas percepções do passado. Contudo, eu estou aqui, facto que só se tornou possível pela intrincada concatenação de todos os minutos de toda a minha vida.
azuki
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Richard Zimler na Index
Terça, 24 de Outubro, 21:30 horas
Logo nas escadas do avião somos confrontados ainda com outra novidade: o cheiro dos trópicos. (…) Rapidamente começamos a sentir o seu peso, a sua textura pegajosa. Este cheiro alerta-nos imediatamente para o facto de nos encontrarmos a uma latitude em que a biologia exuberante e incansável está sempre a trabalhar, a gerar, a multiplicar, a florir e ao mesmo tempo a adoecer, a decompor-se, a apodrecer.
Trata-se do cheiro de corpos quentes e peixe seco, carne apodrecida e mandioca tostada, flores frescas e plantas aquáticas podres, resumindo, um cheiro a tudo o que é simultaneamente agradável e nojento, aquilo que atrai e repele, que seduz e provoca repugnância. Este cheiro sopra das palmeiras próximas até nós, nasce na terra quente, liberta-se dos esgotos da cidade. Não nos larga, faz parte integrante dos trópicos.
(Ébano – Febre Africana, Ryszard Kapuscinski, Campo Das Letras) Ainda não o acabei, ainda não o consegui largar. É um livro impressionante.
azuki
espelho meuAdam JonesLispector/Borges/Borges /Lispector/Lispector/Borges/Borges/LispectorMas agora estou interessada pelo mistério do espelho. Procuro um meio de pintá-lo ou falar dele com uma palavra.(...) Espelho? Esse vazio cristalizado que tem dentro de si o espaço para se ir para sempre em frente sem parar: pois o espelho é o espaço mais fundo que existe (...) Como um gato de dorso arrepiado, arrepio-me diante de mim. Do deserto também voltaria vazia, iluminada e translúcida, e com o mesmo silêncio vibrante do espelho.
Clarice Lispector, Água Viva...laerceEtiquetas: O ALEPH de Jorge Luis Borges
Não se pode viver nas alturas sem fio-de-terra
I think that I’ll see what life is like on the other side of the mirror.
Cuidado com os espelhos e com os labirintos: existe sempre o risco de nos perdermos, enquanto nos tentamos encontrar. Perante o seu perigoso fascínio, conservo um optimismo moderado: ceder, mas levar o fio. Para o caso de não conseguirmos regressar ou, até, de não o querermos fazer. De todo o modo, nisto de espelhos e labirintos, sossega-me pensar em algo tão natural que quase parece simples: quem cai, levanta-se.
azuki
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Até fins de Junho, distraiu-me a tarefa de compor um conto fantástico. (…) O narrador é um asceta que renunciou ao convívio dos homens e vive numa espécie de pântano (Gnitaheidr é o nome desse lugar). Dada a candura e a simplicidade da sua vida, há quem o julgue um anjo; isto é um piedoso exagero, pois não existe homem que esteja livre de culpa. Sem ir mais longe, ele próprio degolou o pai; é verdade que este era um famoso feiticeiro que se apoderara, por artes mágicas, de um tesouro infinito. Guardar o tesouro da insana cobiça dos humanos foi a missão a que dedicou toda a vida; dia e noite velava sobre ele. Rapidamente, talvez demasiado rapidamente, esta vigília terá fim; as estrelas disseram-lhe que se forjou já a espada que a quebrará para sempre (Gram é o nome dessa espada). Num estilo cada vez mais tortuoso, ressalta o brilho e a flexibilidade do seu corpo; num parágrafo, fala distraidamente de escamas; noutro, diz que o tesouro que guarda é de ouro fulgurante e de anéis vermelhos. No final, ficamos a saber que o asceta é a serpente Fafnir e o tesouro em que jaz é o dos Nibelungos.
(O Zahir, em O Aleph)
Quem se apoderar do ouro do Reno poderá forjar um anel que lhe dará poder ilimitado. Mas tal só será possível caso se renuncie ao amor.
Alberich, tão sedento de amor quanto feio e miserável, humilhado por quem se recusou a dar-lhe compreensão e afecto, ao mesmo tempo tentado pela ideia do poder sobre o mundo, renuncia voluntariamente ao amor e rouba o ouro do Reno. Assim começa a avassaladora tetralogia
O Anel dos Nibelungos, na qual Wagner trabalhou ao longo de décadas. Com um libreto baseado em versões escandinavas de velhas lendas germânicas, enriquecido pela sua visão da natureza humana e do destino, o compositor confronta-nos com o amor e a ganância, a lealdade e a traição, a culpa, a coragem, a precariedade. Na Rússia, as suas óperas foram levadas à cena pela primeira vez nos anos 1860s, tendo a pouco apreciada estreia d'
O Anel dos Nibelungos acontecido em 1889. A partir dos anos 40, a música do
cantor do nazismo desapareceu dos teatros russos, para reemergir apenas na década de 90. Em Junho último, nas
Noites Brancas do Mariinsky, enquanto ouvia Siegfried e Sieglinde, dei por mim a pensar:
vida, tão cedo, não te peço mais nada.
azuki
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Chego, agora, ao inefável centro do meu relato...Exactamente no fim desta frase que serve de título, imagino que Borges me cede o lugar naquela cave escura e vejo o Aleph. Nesse momento, estaria a ver-me a mim, fora de mim, no que sou sei e sinto.
Nota: Procurei a imagem de um berlinde, é assim que vejo o Aleph, para acompanhar os legos do post do dia 12. Não encontrei nem um que representasse a minha ideia desse ponto.
Mas não encontrar não quer dizer que não exista....
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Para Borges, o mundo é uma ilusão especulativa, ou um labirinto, ou um espelho que reflecte outros espelhos.
(Harold Bloom, “Como Ler e Porquê”)
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Insone, possesso, quase feliz, reflecti que não existe nada menos material do que o dinheiro, já que qualquer moeda é, em rigor, um repertório de futuros possíveis. O dinheiro é abstracto, repeti, o dinheiro é tempo futuro. Pode ser uma tarde nos arrabaldes, pode ser música de Brahms, pode ser mapas, pode ser xadrez, pode ser café, pode ser as palavras de Epicteto, que ensinam o desprezo do ouro; é um Proteu mais versátil do que o da ilha de Faros. É o tempo imprevisível, o tempo de Bergson, não o duro tempo do Islão, ou do Pórtico. Os deterministas negam que haja no mundo um só facto possível, id es um facto que possa acontecer; uma moeda simboliza o nosso livre arbítrio.
(O Zahir, em O Aleph)
O que faz de alguém um grande recolector? Forma de garantir a não necessidade, satisfação de um instinto de posse exacerbado, amor ao conhecimento e à arte, preservação da memória e da identidade, compensação emocional, mera mesquinhez,…? Não se pode classificar uma pessoa porque ela guarda objectos, mas pode tirar-se alguma conclusão das suas hierarquias mentais. Crescer num meio em que os objectos eram hiper-valorizados deu nisto: a obstinada acumulação choca-me. Afinal, a evidência de que as coisas são apenas coisas é contrariada quando uma espécie de compulsão leva a que se pensem e se sintam as coisas como se pensam e se sentem as pessoas (até porque as coisas não se nos opõem, nem nos importunam com ruidosas exigências). Sabem o que o bibliófilo Borges fazia a alguns dos livros de que não gostava? Pedia à governanta para deles fazer um embrulho e deixava-os no chão da livraria La Ciudad. Alguém que gostasse de livros os encontraria, alguém que gostasse de livros os fruiria. Admiro quem consegue separar-se dos seus objectos, não por serem velhos ou fracos, mas por existir outro que saiba como melhor os viver (não é mérito conseguirmos prescindir da posse de um objecto se não o estimarmos). As coisas são apenas coisas. Já agora, é bom que circulem.
azuki
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Como todo o possuidor de uma biblioteca,
Aureliano sabia-se culpado de a não conhecer até ao fim.
(Os teólogos, em O Aleph)
azuki
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Arte poéticaMirar el río hecho de tiempo y agua
y recordar que el tiempo es otro río,
saber que nos perdemos como el río
y que los rostros pasan como el agua.
Sentir que la vigilia es otro sueño
que sueña no soñar y que la muerte
que teme nuestra carne es esa muerte
de cada noche, que se llama sueño.
Ver en el día o en el año un símbolo
de los días del hombre y de sus años,
convertir el ultraje de los años
en una música, en un rumor y un símbolo,
Ver en la muerte el sueño, en el ocaso
un triste oro, tal es la poesía
que es inmortal y pobre. La poesía
vuelve como la aurora y el ocaso.
A veces en las tardes una cara
nos mira desde el fondo de un espejo;
el arte debe ser como ese espejo
que nos revela nuestra propia cara.
Cuentan que Ulises, harto de prodigios,
lloró de amor al divisar su Itaca
verde y humilde. El arte es esa Itaca
de verde eternidad, no de prodigios.
También es como el río interminable
que pasa y queda y es cristal de un mismo
Heráclito inconstante, que es el mismo
y es otro, como el río interminable.
Jorge Luis Borges
...
laerce
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As duas categorias da felicidade são os amados e os amantes,
e os que podem prescindir do amor.
Jorge Luís Borges
(in Borges el memorioso, de Antonio Carrizo, 1982)
azuki
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Mais jacarandás porteños
Para a laerce e para a Luciana. Bom dia!!, nesta maravilhosa manhã portuense.
azuki
O diâmetro do Aleph seria de dois ou três centímetros, mas o espaço cósmico estava ali, sem diminuição de tamanho. Cada coisa (o cristal do espelho, digamos) era infinitas coisas, porque eu a via claramente de todos os pontos do universo. Vi o populoso mar, vi a aurora e a tarde, vi as multidões da América, vi uma prateada teia de aranha no centro de uma negra pirâmide, vi um quebrado labirinto (era Londres), vi intermináveis olhos próximos perscrutando em mim como num espelho, vi todos os espelhos do planeta e nenhum me reflectiu, vi (...), vi o Aleph, de todos os pontos, vi no Aleph a terra, e na terra outra vez o Aleph e no Aleph a terra, vi o meu rosto e as minhas vísceras, vi o teu rosto e senti vertigem e chorei, porque os meus olhos tinham visto esse objecto secreto e conjectural cujo nome os homens usurpam, mas que nenhum homem olhou: o inconcebível universo.
(O Aleph)
Quanta densidade nos contos de Borges! Recordo Italo Calvino, em “Porquê ler os clássicos?”: Borges é um mestre na arte de escrever breve. Consegue condensar em textos sempre de pouquíssimas páginas uma riqueza extraordinária de sugestões poéticas e de pensamento: factos narrados ou sugeridos, aberturas vertiginosas sobre o infinito, e ideias, ideias, ideias. Nos seus contos, descubro um manancial de informações, personagens que desconheço, sítios que não sei onde ficam, factos históricos que não consigo identificar, idiomas distantes e herméticos. Mais uma vez, Calvino: Em cada texto seu, por todas as vias, Borges acaba por falar do infinito, do inumerável, do tempo, da eternidade ou da compresença ou ciclicidade dos tempos. Algures entre o possível e o inverosímil, lá estão as suas falsificações, as suas malandrices, os seus artifícios. Borges pega no tempo e no espaço, na identidade, nos espelhos e nos labirintos, na ilusão e no sonho, no desconhecido, na ordem e no caos, e manipula, parodia, mistura, experimenta. Estica-os até ao limite, entrelaça-os para nos pôr à prova. Com ele, percebemos que a fantasia não é uma fuga à realidade, mas uma forma de a apreender.
Uma criança explora legos. Um homem adulto explora conceitos e deixa-nos zonzos com tamanha subversão.
azuki
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a realidade cede demasiado facilmente
Borges, visionário céptico, encanta-nos até quando aceitamos a sua advertência: a realidade cede demasiado facilmente.
(Harold Bloom, “Como Ler e Porquê”)
azuki
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não há nada a fazer, é algo mais forte do que eu
No final de cada ano faço a mim mesmo uma promessa: no próximo ano renunciarei aos labirintos, aos tigres, às facas, aos espelhos. Mas não há nada a fazer, é algo mais forte do que eu: começo a escrever e, de repente, eis que surge um labirinto, que um tigre atravessa a página….
(Jorge Luís Borges, Revista Contraviento, 1984)
azuki
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As guerras trazem-no a Ravena e aí vê algo que nunca tinha visto, ou que nunca tinha visto plenamente. Vê o dia e os ciprestes e o mármore. Vê um conjunto que é múltiplo sem desordem; vê uma cidade, um organismo feito de estátuas, de templos, de jardins, de habitações, de grades, de jarrões, de capitéis, de espaços regulares e abertos. Nenhuma dessas obras (eu sei-o) o impressiona por ser bela; tocam-no como agora nos tocaria uma máquina complexa, cujo objectivo ignorássemos, mas em cujo desenho se adivinhasse uma inteligência imortal. Talvez lhe bastasse ver um só arco, com uma incompreensível inscrição em eternas letras romanas. Bruscamente, cega-o e renova-o essa revelação – a Cidade.
(História do Guerreiro e da Cativa – O Aleph)
Buenos Aires
Há uma belíssima cidade nas margens do rio da Prata chamada Buenos Aires. Foi lá que Borges nasceu, foi ela uma das suas principais fontes de inspiração. Não admira. Poucas são as cidades que nos tocam tão fundo.
Muito para além do caos do tráfego e da incúria na conservação dos edifícios, existe uma cidade feita de tudo, e em grande escala, uma cidade de gente singular, produto da veemência latina com um toque de suavidade sul-americana: os portenhos, amistosos e elegantes, mestres na arte de bem viver, gente que não se fecha em casa, que vem para a rua, sentar-se nas esplanadas, nos parques, nas praças, a conviver e a sentir o sol.
Buenos Aires oferece-nos bairros residenciais acolhedores, com vizinhos que se cumprimentam em velhos pátios; arranha-céus de aço e vidro que crescem na pujante área financeira; o burburinho das zonas típicas, a piscar os olhos aos turistas, com as casas restauradas e o tango nas ruas; as antigas docas, totalmente remodeladas, com o metro quadrado mais caro do país e uma imparável vida nocturna; avenidas imensas, inúmeros teatros e cinemas, múltiplas livrarias, zonas verdes a perder de vista; a sofisticada Recoleta, com as suas boutiques e magníficos hotéis e restaurantes, que nos dá Paris sem que seja necessário fecharmos os olhos; os palácios, os palácios, as centenas de palácios, herança dos tempos áureos, tão solenes quanto danificados; o êxtase azul dos jacarandás que, em Novembro, florescem em todas as artérias, em todas as praças e parques, em todos os jardins.
Buenos Aires, cidade esplendorosa e vibrante, confusa e decadente, o que se sente por ti só pode ser desmesurado.
azuki
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Ficções: A Biblioteca de Babel
Neste conto metafísico, encontramos um pouco de tudo: engenharia, linguística, filosofia, arquitectura, física, matemática (geometria, análise combinatória, teoria das probabilidades, estatística...), astronomia e, claro, a solitária arte dos bibliotecários (lembram-se do venerável Jorge, d'
O Nome da Rosa?).
Escrever é ficcionar, ficcionar é inventar, inventar é reproduzir hipóteses. Inventa-se a partir do real e por sobre o real. A biblioteca-universo, um caos ordenado que existe desde o início dos tempos e que sempre será, com escadas que caminham para o infinito e que alberga tudo o que é conhecido ou passível de ser conhecido, cacofonias e todos os demais ruídos incluídos. Nada há para além da biblioteca-universo, ela é o levantamento de todas as possibilidades. Os 25 símbolos esgotam tudo, é neles que reside o segredo. Como descobrir as combinações relevantes?
Encontrar os segredos escondidos e os livros verdadeiramente importantes exige método. Como fazer separações criteriosas por entre o ininteligível e o imprestável? Como não nos perdermos no meio da (des)informaçao? Como distinguir a boa da má informação? Como diferenciar informação de opinião? Como transformar informação em conhecimento? Questões que se colocam com superior acuidade nos dias de hoje, em que a democratização da informação, com tudo o que isso significa de acessibilidade e de perda de fiabilidade, nos asfixia com uma interminável listagem de dados relevantes e de lixo.
azuki
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Quem quer um mapa de Borges?
Essencial. Aqui:http://www.uiowa.edu/borges/bsol/pdf/fishburn.pdfPara sair de uns labirintos. E entrar noutros.pauloEtiquetas: O ALEPH de Jorge Luis Borges
O Aleph (1949)
Contos incluídos:
O imortal; O morto; Os teólogos; História do guerreiro e da cativa; Biografia de Tadeo Isidoro Cruz (1829-1874); Emma Zunz; A casa de Astérion; A outra morte; Deutsches Requiem; A busca de Averróis; O Zahir; A escrita de Deus; Abenjacan, o Bokari, morto no seu labirinto; Os dois reis e os dois labirintos; A espera; O homem no umbral; O Aleph.
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leituras cruzadas: Borges na blogosfera
Imagem via
Las ideas de Kronstadt, onde se podem encontrar os textos
A propósito de una lectura de Borges, por Martín Figueroa (
parte I,
II e
III), e ainda a resenha
El Factor Borges, de Alan Pauls.
nastenka-d
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Identificar, qualificar, arrumar
Disse Italo Calvino que os contos de Borges são a invenção de um novo estilo literário. Borges, o contestador. Borges, o pensador rigoroso que desafia os limites da razão. Borges, o escritor dos labirintos, da memória, das citações e referências, das imposturas ficcionais, da lógica do absurdo, do infinito, das séries temáticas, da multiplicidade, dos espelhos, da busca da identidade… a taxinomia borgeana... códigos, autorias, ordenações, catalogações (ele, que foi
director da Biblioteca Nacional sabia bem do que falava…), hierarquizações, sistematizações (ele, sôfrego leitor de enciclopédias, que dizia ser a IX edição da Encyclopaedia Britannica a sua predilecta!!... também gostava de brincar e de nos confundir). Como nos situamos no mundo? Identificar, qualificar, arrumar.
azuki
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Borges: A Life, de Edwin Williamson
Borges era um homem generoso e não sabia dizer que não. Mesmo que, só quando o entrevistador já tinha saído, se resolvesse a perguntar à sua governanta Fanny quem era aquela pessoa com quem tinha estado a conversar durante horas! Por isso (e não só por isso), há vários, variadíssimos, livros sobre Borges: biografias, entrevistas,
you name it,… Por mim, optarei pela sugestão d'
O Lisboeta Observador:
azuki
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Introdução à noção de direito e segurança do direito
O meu primeiro contacto com J. L. Borges foi com o conto "
A loteria da Babilônia", que passou a ser a introdução à noção de direito e segurança do direito, nas minhas aulas. Adoro ler e reler o conto. Recomendo-o vivamente.
cristina_pt
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Jorge Luís Borges
(1899, 1986)
Escritor, poeta e ensaísta argentino (bibliotecário também, no meu entender, mas já lá vamos); nasce em Buenos Aires e aos seis anos quer ser escritor. Passa parte da juventude em Genebra, onde publica os primeiros escritos. Vive ainda em Espanha, antes de regressar à Argentina em 1921, onde se dedica a redescobrir a cidade natal.
Fervor de Buenos Aires é o primeiro livro de poemas a ser publicado. Nos seus textos aborda diversos temas: a filosofia, a metafísica, o regionalismo, o fantástico. E a literatura, também. O seu evidente amor pelos livros é ainda inspirador.
Nunca ganhou o Nobel e não precisa dele para nada.
nastenka-d
Mais informações bio e biliográficas:
WikipediaLiteratura.orgQue nos Queda de BorgesThe Modern WorldBorgesjorgeluis.pt, site da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa dedicado à divulgação da obra de Jorge Luís Borges
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Outubro no Leitura Partilhada
Ler Borges é sempre um exercício complexo. Ele brinca connosco e confunde-nos, desafiando os nossos protocolos de leitura e de raciocínio. Trata-se de um escritor lúcido com uma lógica desconcertante, que põe a nu a perplexidade humana. Como o verdadeiro intelectual, Borges é difícil, Borges é bestial.
azuki
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"ULISSES", de James Joyce (17 de Julho de 2003 a 7 de Fevereiro de 2004)
"OS PAPEIS DE K.", de Manuel António Pina (1 a 3 de Outubro de 2003)
"AS ONDAS", de Virginia Woolf (13 a 20 de Outubro de 2003)
"AS HORAS", de Michael Cunningham (27 a 30 de Outubro de 2003)
"A CIDADE E AS SERRAS", de Eça de Queirós (30 de Outubro a 2 de Novembro de 2003)
"OBRA POÉTICA", de Ferreira Gullar (10 a 12 de Novembro de 2003)
"A VOLTA NO PARAFUSO", de Henry James (13 a 16 de Novembro de 2003)
"DESGRAÇA", de J. M. Coetzee (24 a 27 de Novembro de 2003)
"PEQUENO TRATADO SOBRE AS ILUSÕES", de Paulinho Assunção (22 a 28 de Dezembro de 2003)
"O SOM E A FÚRIA", de William Faulkner (8 a 29 de Fevereiro de 2004)
"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. I - Do lado de Swann)", de Marcel Proust (1 a 31 de Março de 2004)
"O COMPLEXO DE PORTNOY", de Philip Roth (1 a 15 de Abril de 2004)
"O TEATRO DE SABBATH", de Philip Roth (16 a 22 de Abril de 2004)
"A MANCHA HUMANA", de Philip Roth (23 de Abril a 1 de Maio de 2004)
"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. II - À Sombra das Raparigas em Flor)", de Marcel Proust (1 a 31 de Maio de 2004)
"A MULHER DE TRINTA ANOS", de Honoré de Balzac (1 a 15 de Junho de 2004)
"A QUEDA DUM ANJO", de Camilo Castelo Branco (19 a 30 de Junho de 2004)
"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. III - O Lado de Guermantes)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2004)
"O LEITOR", de Bernhard Schlink (1 a 31 de Agosto de 2004)
"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. IV - Sodoma e Gomorra)", de Marcel Proust (1 a 30 de Setembro de 2004)
"UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES" e outros, de Clarice Lispector (1 a 31 de Outubro de 2004)
"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. V - A Prisioneira)", de Marcel Proust (1 a 30 de Novembro de 2004)
"ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", de José Saramago (1 a 21 de Dezembro de 2004)
"ENSAIO SOBRE A LUCIDEZ", de José Saramago (21 a 31 de Dezembro de 2004)
"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VI - A Fugitiva)", de Marcel Proust (1 a 31 de Janeiro de 2005)
"A CRIAÇÃO DO MUNDO", de Miguel Torga (1 de Fevereiro a 31 de Março de 2005)
"A GRANDE ARTE", de Rubem Fonseca (1 a 30 de Abril de 2005)
"D. QUIXOTE DE LA MANCHA", de Miguel de Cervantes (de 1 de Maio a 30 de Junho de 2005)
"EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO (Vol. VII - O Tempo Reencontrado)", de Marcel Proust (1 a 31 de Julho de 2005)
...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2005)
UMA SELECÇÃO DE CONTOS LP (1 a 3O de Setembro de 2005)
"À ESPERA NO CENTEIO", de JD Salinger (1 a 31 de Outubro de 2005)(link)
"NOVE CONTOS", de JD Salinger (21 a 29 de Outubro de 2005)(link)
Van Gogh, o suicidado da sociedade; Heliogabalo ou o Anarquista Coroado; Tarahumaras; O Teatro e o seu Duplo, de Antonin Artaud (1 a 30 de Novembro de 2005)
"A SELVA", de Ferreira de Castro (1 a 31 de Dezembro de 2005)
"RICARDO III" e "HAMLET", de William Shakespeare (1 a 31 de Janeiro de 2006)
"SE NUMA NOITE DE INVERNO UM VIAJANTE" e "PALOMAR", de Italo Calvino (1 a 28 de Fevereiro de 2006)
"OTELO" e "MACBETH", de William Shakespeare (1 a 31 de Março de 2006)
"VALE ABRAÃO", de Agustina Bessa-Luis (1 a 30 de Abril de 2006)
"O REI LEAR" e "TEMPESTADE", de William Shakespeare (1 a 31 de Maio de 2006)
"MEMÓRIAS DE ADRIANO", de Marguerite Yourcenar (1 a 30 de Junho de 2006)
"ILÍADA", de Homero (1 a 31 de Julho de 2006)
...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2006)
POESIA DE ALBERTO CAEIRO (1 a 30 de Setembro de 2006)
"O ALEPH", de Jorge Luis Borges (1 a 31 de Outubro de 2006) (link)
POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS (1 a 30 de Novembro de 2006)
"DOM CASMURRO", de Machado de Assis (1 a 31 de Dezembro de 2006)(link)
POESIA DE RICARDO REIS E DE FERNANDO PESSOA (1 a 31 de Janeiro de 2007)
"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 28 de Fevereiro de 2007)
"O VERMELHO E O NEGRO" e "A CARTUXA DE PARMA", de Stendhal (1 a 31 de Março de 2007)
"OS MISERÁVEIS", de Victor Hugo (1 a 30 de Abril de 2007)
"A RELÍQUIA", de Eça de Queirós (1 a 31 de Maio de 2007)
"CÂNDIDO", de Voltaire (1 a 30 de Junho de 2007)
"MOBY DICK", de Herman Melville (1 a 31 de Julho de 2007)
...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2007)
"PARAÍSO PERDIDO", de John Milton (1 a 30 de Setembro de 2007)
"AS FLORES DO MAL", de Charles Baudelaire (1 a 31 de Outubro de 2007)
"O NOME DA ROSA", de Umberto Eco (1 a 30 de Novembro de 2007)
POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (1 a 31 de Dezembro de 2007)
"MERIDIANO DE SANGUE", de Cormac McCarthy (1 a 31 de Janeiro de 2008)
"METAMORFOSES", de Ovídio (1 a 29 de Fevereiro de 2008)
POESIA DE AL BERTO (1 a 31 de Março de 2008)
"O MANUAL DOS INQUISIDORES", de António Lobo Antunes (1 a 30 de Abril de 2008)
SERMÕES DE PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1 a 31 de Maio de 2008)
"MAU TEMPO NO CANAL", de Vitorino Nemésio (1 a 30 de Junho de 2008)
"CHORA, TERRA BEM-AMADA", de Alan Paton (1 a 31 de Julho de 2008)
...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2008)
"MENSAGEM", de Fernando Pessoa (1 a 30 de Setembro de 2008)
"LAVOURA ARCAICA" e "UM COPO DE CÓLERA" de Raduan Nassar (1 a 31 de Outubro de 2008)
POESIA de Sophia de Mello Breyner Andresen (1 a 30 de Novembro de 2008)
"FOME", de Knut Hamsun (1 a 31 de Dezembro de 2008)
"DIÁRIO 1941-1943", de Etty Hillesum (1 a 31 de Janeiro de 2009)
"NA PATAGÓNIA", de Bruce Chatwin (1 a 28 de Fevereiro de 2009)
"O DEUS DAS MOSCAS", de William Golding (1 a 31 de Março de 2009)
"O CÉU É DOS VIOLENTOS", de Flannery O´Connor (1 a 15 de Abril de 2009)
"O NÓ DO PROBLEMA", de Graham Greene (16 a 30 de Abril de 2009)
"APARIÇÃO", de Vergílio Ferreira (1 a 31 de Maio de 2009)
"AS VINHAS DA IRA", de John Steinbeck (1 a 30 de Junho de 2009)
"DEBAIXO DO VULCÃO", de Malcolm Lowry (1 a 31 de Julho de 2009)
...leitura livre... de leitores amadores (1 a 31 de Agosto de 2009)
POEMAS E CONTOS, de Edgar Allan Poe (1 a 30 de Setembro de 2009)
"POR FAVOR, NÃO MATEM A COTOVIA", de Harper Lee (1 a 31 de Outubro de 2009)
"A ORIGEM DAS ESPÉCIES", de Charles Darwin (1 a 30 de Novembro de 2009)
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